Capítulo 53

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Acordei um pouco assustado, vendo que meu relógio não havia despertado como o indicado. Sophia ainda dormia, ninhada em meus braços e sorrindo entre as respiradas leves. Estava sonhando? Eu queria saber muito com o quê.

Avistei a janela, me dando conta com o clima chuvoso que estava em Nova Iorque. Eu estava me fodendo pra aula hoje, só queria cuidar de Sophia que precisava de mim.

Ela foi abrindo os olhos, devagar.

— Bom dia, Borboleto. — Eu amava quando ela me chamava de Borboleto.

— Bom dia, borboleta. — Ela sorriu. — Está se sentindo melhor hoje?

— Tô sim! Acordei bem melhor. — Ela se espreguiçou. — Muito melhor. — Subiu em cima de mim, enquanto me beijava.

Infelizmente eu tive que parar.

— Onde você pensa que vai, mocinha?

— Você ainda pergunta?

— Não podemos ainda. — Sophia se entristeceu. — O que aconteceu é recente, você precisa se cuidar!

— Ela disse alguma coisa sobre isso?

— Pelo visto você não escutou nada do que ela disse, né? — Ri de Sophia que voltou ao seu lugar, se cobrindo até à cabeça.

— Poxa, Borboleto. — Fez uma carinha de brava que amoleceu o meu coração. Eu queria tanto rir! — Eu queria ficar com você. — Fez um bico, cheia de charme pra me convencer.

E eu só consegui rir.

— Meu amor, podemos esperar um pouco. Sim? — Ela ainda ficou brava.

— Hum... Não. — Retirou o edredom da cabeça.

— Mas meu amor... — Eu ainda ria.

— Não. — Colocou o edredom de volta.

— Tudo bem. — Fiquei por cima dela, que ainda estava com o edredom. — Você não queria? Então... — Retirei o edredom e vi que Sophia ria demais.

— Seu... Chato! — Lutou comigo enquanto ria, já estava fraca de tanto rir.

— Ah, eu? — Beijei o seu pescoço. — Você tem certeza que sou eu?

— Aham. — Ela retirou todo o edredom, me abraçando enquanto nos beijávamos.

O clima perfeito pra morrer na cama hoje! Chuva, um pouco de frio e Sophia bastante entregue.

Três horas depois.

— Ai estão vocês. — Branca nos esperava na mesa de jantar, mas, iríamos almoçar dessa vez.

— Demoramos muito, mãe? — Sophia se sentou em seu lugar. Procurei um próximo à ela.

— Um pouco. Eu já estava pedindo pra alguma das meninas verem vocês. — Branca se ajeitou no lugar do Renato. — Está tudo bem com você? Não te vi ontem. — Ela franziu o cenho antes de perguntar para Sophia, que bebeu o suco de abacaxi em silêncio.

— Está sim! Tudo... Perfeito. — Congelou o sorriso à sua mãe. — O papai chega quando?

— Mais tarde. Ele me enviou uma mensagem, já deve estar no voo. — Branca nos avisou. — Infelizmente o Micael terá que dormir na casa dele hoje. — Me encarou triste.

— Ah, mas é claro dona Branca. — Me ajeitei. — Eu já ia mesmo, sem problemas.

— Sua mãe não acha ruim de você faltar assim... Por nada? — E do nada ela soltou essa pergunta.

Estaria ela me sondando?

— Na verdade ela não sabe, dona Branca. — Soltei um risinho. — Mas aposto que se soubesse, ela já teria me matado. — Pisquei pra ela que riu leve, seguido de Sophia.

O almoço foi servido.

— Mãe. — Sophia pediu a atenção de Branca. — A senhora poderia me passar aquela senha da minha conta?

— Você não sabe a sua própria senha do banco, Sophia? — Branca achou graça.

— É que eu acabei esquecendo. — Fez uma careta. — A senhora sabe que eu só uso a do Jack.

— A compartilhada?

— Essa mesmo. — Piscou no mesmo instante.

Então o Jack tinha uma conta no banco... Interessante!

— Você sabe que o Jack não têm acesso à essa sua conta no banco, não sabe? — Branca foi cautelosa.

— Eu sei, mãe! — Sophia revirou os olhos. — Mas eu preciso usar o dinheiro que está lá. Eu e o Mica vamos viajar. — Sophia avisou sua mãe, que ficou contente em segundos.

Eu me sentia um merda tendo que aceitar o dinheiro da Sophia, mas, como iríamos viajar sendo que eu não tinha um emprego fixo? Ou melhor, eu não tinha nenhum dinheiro.

Optei por viajar com ela e estava começando a achar que essa ideia foi uma das péssimas que eu já tive.

— Se for assim... Tudo bem! — Branca sorriu. — Eu vou te entregar depois, não me esqueça. — As duas sorriram cúmplices.

Ia começar a comer quando a porta da frente foi aberta, nenhum dos empregados tiveram a disposição de atender, já que, o furacão velho e cabeça da família chegou no mesmo instante, junto com o pangaré que levava consigo.

— Renato? — Branca ficou surpresa de ver o marido ali, em sua frente. — O que está fazendo aqui?

— Essa é a minha casa! Que pergunta mais óbvia. — Seu olhar foi diretamente ao meu. — E você? O que está fazendo aqui?

— Eu vim passar o dia com a Sophia. — Respondi seco. — Algum problema, senhor Renato?

— Todos os problemas do mundo! Era pra você estar na sua casa e não com a minha filha. — Começou a ser um pé no saco.

Afinal, ele era um pé no saco.

— Pai, pega leve com o Mica. Ele é meu amigo! — Sophia interviu.

— Eu super concordo com o seu pai, babe. Eu ainda não estou entendendo essa sua proximidade com o Micael. — Jack me encarou puto mas eu nem estava ligando. Desfrutar o almoço com certeza estava mil vezes melhor!

— Eu já disse que ele é meu amigo, Jack. Você ainda não entendeu ou quer que eu desenhe? — Toma distraído! Toma!

— Reveja o jeito que você fala com o Jack, Sophia. — Renato bateu de frente, fazendo a loirinha bufar e ficar irritada. — Ele é seu namorado e em breve o futuro marido. — O velho sorriu tanto que ficaria com o maxilar doendo mais tarde.

— Será? — Branca interviu, chamando a atenção de todos.

Inclusive a da minha.

— O que você quis dizer com isso, querida?

— Eu quis dizer que Sophia tem outro pretendente. — Ela se levantou da mesa. — Não diga que esse rapaz será o homem da vida dela, porque não vai ser!

— Você está desafiando, Branca? — Renato tremeu na base. — Quem seria o louco de chegar perto da Sophia sabendo que ela já tem o Jack?

Eu?

Mas fiquei quietinho, apenas almoçando.

— Nunca se sabe. — Branca levantou os ombros.

Aquela conversa tinha dado um basta antes que eu virasse a carne do almoço.

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