Sophia estava no quinto copo de cerveja e eu estava contando, escorando meu corpo na parede perto da sala. Um casal estava se beijando do meu lado e eu conseguia escutar perfeitamente o barulho da língua se chocando. Aquilo era deprimente pra mim! Sophia estava brava comigo e eu me sentia um lixo por isso, ainda mais naquela roupa de látex apertando o meu pau, com certeza ficaria minúsculo quando eu tirasse da cueca, também minúscula.— Aí. — Senti uma mão forte me segurar pelo braço. — Cadê a Sophia? — Era Jack, vestido de Batman mas estava mais pra Robin.
— Ela tá por aí. — Enchendo a cara e brigada comigo.
— Por aí aonde?
— Eu tô com cara de guichê de informação? — Fui grosso, e sim! Eu estava total com cara de guichê de informação, até porque assinei um contrato com o pai dela, tendo que ficar de olho nela por 24 horas. Sim, eu estava muito com cara de guichê de informação!
— Eu vou quebrar a sua cara, moleque. — Cerrou os dentes e partiu pra cima mas eu esquivei, segurando forte a sua mão.
— No dia que você fizer isso, pode se considerar um homem morto. Já te avisei! — Empurrei sua mão.
Jack me encarou feio e saiu na procura de Sophia, que estava novamente no balcão de bebidas enchendo o seu copo vermelho. Enquanto isso eu fiquei assistindo a desgraça de longe, ainda escorado, como um segurança de show adolescente.
Três horas depois.
Bocejei, cocei meus olhos e observei a festa rolando dentro da casa, que já estava mais que na hora de acabar. Eu estava ficando velho? Talvez sim, mas, isso não vem ao caso agora.
O único caso que vem agora é o de Sophia, que havia sumido das minhas vistas depois que Jack foi embora, sozinho, puto e cuspindo fogo. O motivo? Os dois haviam brigado também, o que me deixou feliz em partes. Mas, eu também estava com culpa no cartório, a loirinha não parou aqui uma vez se quer, estava bastante irritada e brava comigo.— Eu estou muito, muito, muito decepcionada com você. — Sophia veio até mim, cambaleando em seu salto alto, trançando as pernas e escorando em meu ombro. — Mas eu gosto de você, Borboleto cruel e saudável. — Bateu as mãos em meu rosto.
— Você tá bêbada. — Jura?
— Eu me sinto tonta e estranha. — Tinha os olhos baixos. — É normal? O que eu tomei?
— Você misturou alguma bebida? Bebeu do copo de alguém? — Me preocupei.
— Não, nunca, jamais. — Gesticulou como uma louca. — Eu só tomei no meu glorioso copo vermelho. — Observou o copo em sua mão, todo amassado. — Vermelho. — Fixou sua visão no objeto. — Eu adoro vermelho! Você não gosta, Borboleto? — Semicerrou os olhos, tentando analisar cada detalhe.
— Eu também gosto mas acho que está na hora de ir embora. — Lhe abracei.
— Adoro o seu cheiro, sabia? — Fungou o meu pescoço e eu tive uma onda de calor e dor. Ela judiava quando queria!
— Eu também amo o seu. — E não havia mentido. — Mas precisamos ir, jaja o dia vai amanhecer!
— Amanhecer? — Ela se apressou, com os olhos arregalados. — Não, não pode amanhecer! Eu não posso ir pra casa! — Puta que pariu.
— Como assim você não pode? — Me preocupei, de novo.
— Se eu chegar cedo vai foder tudo. — Falou, tentando ser séria.
Mas não estava adiantando.
— Vamos pra casa. Tudo bem? — Sophia não questionou, até porque estava sem condições de questionar alguma coisa no momento. Apenas enlaçou seus braços em meu pescoço, onde eu a carreguei até o jardim. Retirei o seu salto, lhe deixando descalça até a calçada em nossa frente.
Busquei meu celular, ligando para algum táxi.
— A vida é linda, Mica! — Abriu os braços e deu um rodopio, caindo na calçada. Não me aguentei de rir, lhe ajudando a levantar.
— Calma. Você tá bastante bêbada. — Terminei de rir.
— Ficar bêbada é uma delícia. — Gargalhou sozinha. — Eu quero beber todos os dias.
— Aí também não. — Fiquei sério. — Você ainda está em processo de formação pra aprender à beber.
— Isso é bastante ruim. — Bufou e sentou novamente na calça, cruzando as pernas e esperando que o táxi chegasse.
Trinta minutos depois e entramos no veículo amarelo que parou em frente à casa. O homem sério quase não puxou assunto, a não ser Sophia que ficou o enchendo, pedindo pra trocar a estação da rádio já que aquela não estava lhe deixando feliz. Passei à ele o trajeto até minha casa, nos deixando em frente.
Minha mãe não ligava a hora em que eu chegava de festas ou comemorações caseiras, a única coisa que ela martelava era sobre beber muito e usar camisinha, sempre!
— Borboleto. — Sophia segurou em minha cintura. — Não vai me esquecer aqui fora, hein! — Passou o dedo em meus lábios, brincando com os mesmos, subindo e descendo. Escutei sua gargalhada gostosa.
— Claro que não, princesa. — Ainda ria quando destranquei a porta de casa. — Vamos fazer o mínimo de barulho agora, tudo bem? — Sophia assentiu, juntando as mãos e se comportando como uma criancinha.
Entrou em passos leves mas escorou em uma cadeira, fazendo um pequeno barulho que não acordaria o sono de pedra dos meus pais. Voltamos a caminhar até as escadas, onde ela subiu, tendo minhas mãos em sua cintura, de apoio.
Mas correu quando eu abri a porta do meu quarto, corri atrás dela já sabendo do que se tratava. O clássico da perca total!
Sophia se ajoelhou de mal jeito no vaso sanitário em sua frente, soltando toda a cerveja bebida e sujando sua roupa de mulher-gato. Geralmente eu também vomitava quando via vômito de alguém, mas o de Sophia eu achei... Bonitinho!— Pode soltar mais. — A tranquilizei, tirando sua máscara do rosto e segurando os seus cabelos. Sophia ainda vomitava bastante, em cada convulsão parecia que iria soltar até o pulmão pra fora. Ela estava mal! Bem mal!
— Eu não gostei de beber. — Me encarou triste, trêmula e gelada por ter vomitado recentemente. Lhe acalmei, abraçando Sophia e certificando que ficaria tudo bem, ou não.
Amanhã seria pior.
— É que você bebeu demais, borboleta. Não pode abusar assim. — Fiz carinho em seu rosto. — Você ainda está brava comigo?
— Não.
— Mesmo? Ou é só a bebida que estava falando por você?
Sophia negou com a cabeça e vomitou de novo, dando uma baita convulsão para soltar tudo, me assustando. Ela abaixou a tampa do vaso quando se sentiu bem, respirando fundo e tentando voltar ao normal.
— Tá melhor? — Ela ainda seguia gelada. — Eu vou te dar algum remédio, você forçou demais a barriga pra vomitar, sim? — Ela assentiu.
Seus olhos me observaram por um longo tempo, depois que o êxtase da bebida foi embora junto com a descarga. Sophia tocou o meu rosto e o alisou, caindo em tentação após tirar a minha máscara. Sorrimos satisfeitos e então eu a beijei, e foda-se o que você vai pensar por ela ter vomitado o mundo. Quando você ama, qualquer loucura importa!
E a minha loucura no momento era beijar a boca vomitada de Sophia, mesmo não ligando, já que não tinha gosto.
O único gosto que eu estava sentindo era o doce natural do seu beijo. Gostoso, aconchegante, viciante... Eu estava perdido naquela menina e nada conseguia tirar isso da minha cabeça.Nada, nadica de nada.
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Aposta de Amor
RomanceMicael Borges e seu grupo de amigos decidem criar uma aposta maluca, onde o foco é atrair a atenção de Sophia Abrahão, a popular do colégio e a estrela das líderes de torcida. O por quê disso? Simples: Queriam se vingar de seu namorado. Mas a apos...