Capítulo 32

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Sophia estava no quinto copo de cerveja e eu estava contando, escorando meu corpo na parede perto da sala. Um casal estava se beijando do meu lado e eu conseguia escutar perfeitamente o barulho da língua se chocando. Aquilo era deprimente pra mim! Sophia estava brava comigo e eu me sentia um lixo por isso, ainda mais naquela roupa de látex apertando o meu pau, com certeza ficaria minúsculo quando eu tirasse da cueca, também minúscula.

— Aí. — Senti uma mão forte me segurar pelo braço. — Cadê a Sophia? — Era Jack, vestido de Batman mas estava mais pra Robin.

— Ela tá por aí. — Enchendo a cara e brigada comigo.

— Por aí aonde?

— Eu tô com cara de guichê de informação? — Fui grosso, e sim! Eu estava total com cara de guichê de informação, até porque assinei um contrato com o pai dela, tendo que ficar de olho nela por 24 horas. Sim, eu estava muito com cara de guichê de informação!

— Eu vou quebrar a sua cara, moleque. — Cerrou os dentes e partiu pra cima mas eu esquivei, segurando forte a sua mão.

— No dia que você fizer isso, pode se considerar um homem morto. Já te avisei! — Empurrei sua mão.

Jack me encarou feio e saiu na procura de Sophia, que estava novamente no balcão de bebidas enchendo o seu copo vermelho. Enquanto isso eu fiquei assistindo a desgraça de longe, ainda escorado, como um segurança de show adolescente.

Três horas depois.

Bocejei, cocei meus olhos e observei a festa rolando dentro da casa, que já estava mais que na hora de acabar. Eu estava ficando velho? Talvez sim, mas, isso não vem ao caso agora.
O único caso que vem agora é o de Sophia, que havia sumido das minhas vistas depois que Jack foi embora, sozinho, puto e cuspindo fogo. O motivo? Os dois haviam brigado também, o que me deixou feliz em partes. Mas, eu também estava com culpa no cartório, a loirinha não parou aqui uma vez se quer, estava bastante irritada e brava comigo.

— Eu estou muito, muito, muito decepcionada com você. — Sophia veio até mim, cambaleando em seu salto alto, trançando as pernas e escorando em meu ombro. — Mas eu gosto de você, Borboleto cruel e saudável. — Bateu as mãos em meu rosto.

— Você tá bêbada. — Jura?

— Eu me sinto tonta e estranha. — Tinha os olhos baixos. — É normal? O que eu tomei?

— Você misturou alguma bebida? Bebeu do copo de alguém? — Me preocupei.

— Não, nunca, jamais. — Gesticulou como uma louca. — Eu só tomei no meu glorioso copo vermelho. — Observou o copo em sua mão, todo amassado. — Vermelho. — Fixou sua visão no objeto. — Eu adoro vermelho! Você não gosta, Borboleto? — Semicerrou os olhos, tentando analisar cada detalhe.

— Eu também gosto mas acho que está na hora de ir embora. — Lhe abracei.

— Adoro o seu cheiro, sabia? — Fungou o meu pescoço e eu tive uma onda de calor e dor. Ela judiava quando queria!

— Eu também amo o seu. — E não havia mentido. — Mas precisamos ir, jaja o dia vai amanhecer!

— Amanhecer? — Ela se apressou, com os olhos arregalados. — Não, não pode amanhecer! Eu não posso ir pra casa! — Puta que pariu.

— Como assim você não pode? — Me preocupei, de novo.

— Se eu chegar cedo vai foder tudo. — Falou, tentando ser séria.

Mas não estava adiantando.

— Vamos pra casa. Tudo bem? — Sophia não questionou, até porque estava sem condições de questionar alguma coisa no momento. Apenas enlaçou seus braços em meu pescoço, onde eu a carreguei até o jardim. Retirei o seu salto, lhe deixando descalça até a calçada em nossa frente.

Busquei meu celular, ligando para algum táxi.

— A vida é linda, Mica! — Abriu os braços e deu um rodopio, caindo na calçada. Não me aguentei de rir, lhe ajudando a levantar.

— Calma. Você tá bastante bêbada. — Terminei de rir.

— Ficar bêbada é uma delícia. — Gargalhou sozinha. — Eu quero beber todos os dias.

— Aí também não. — Fiquei sério. — Você ainda está em processo de formação pra aprender à beber.

— Isso é bastante ruim. — Bufou e sentou novamente na calça, cruzando as pernas e esperando que o táxi chegasse.

Trinta minutos depois e entramos no veículo amarelo que parou em frente à casa. O homem sério quase não puxou assunto, a não ser Sophia que ficou o enchendo, pedindo pra trocar a estação da rádio já que aquela não estava lhe deixando feliz. Passei à ele o trajeto até minha casa, nos deixando em frente.

Minha mãe não ligava a hora em que eu chegava de festas ou comemorações caseiras, a única coisa que ela martelava era sobre beber muito e usar camisinha, sempre!

— Borboleto. — Sophia segurou em minha cintura. — Não vai me esquecer aqui fora, hein! — Passou o dedo em meus lábios, brincando com os mesmos, subindo e descendo. Escutei sua gargalhada gostosa.

— Claro que não, princesa. — Ainda ria quando destranquei a porta de casa. — Vamos fazer o mínimo de barulho agora, tudo bem? — Sophia assentiu, juntando as mãos e se comportando como uma criancinha.

Entrou em passos leves mas escorou em uma cadeira, fazendo um pequeno barulho que não acordaria o sono de pedra dos meus pais. Voltamos a caminhar até as escadas, onde ela subiu, tendo minhas mãos em sua cintura, de apoio.

Mas correu quando eu abri a porta do meu quarto, corri atrás dela já sabendo do que se tratava. O clássico da perca total!
Sophia se ajoelhou de mal jeito no vaso sanitário em sua frente, soltando toda a cerveja bebida e sujando sua roupa de mulher-gato. Geralmente eu também vomitava quando via vômito de alguém, mas o de Sophia eu achei... Bonitinho!

— Pode soltar mais. — A tranquilizei, tirando sua máscara do rosto e segurando os seus cabelos. Sophia ainda vomitava bastante, em cada convulsão parecia que iria soltar até o pulmão pra fora. Ela estava mal! Bem mal!

— Eu não gostei de beber. — Me encarou triste, trêmula e gelada por ter vomitado recentemente. Lhe acalmei, abraçando Sophia e certificando que ficaria tudo bem, ou não.

Amanhã seria pior.

— É que você bebeu demais, borboleta. Não pode abusar assim. — Fiz carinho em seu rosto. — Você ainda está brava comigo?

— Não.

— Mesmo? Ou é só a bebida que estava falando por você?

Sophia negou com a cabeça e vomitou de novo, dando uma baita convulsão para soltar tudo, me assustando. Ela abaixou a tampa do vaso quando se sentiu bem, respirando fundo e tentando voltar ao normal.

— Tá melhor? — Ela ainda seguia gelada. — Eu vou te dar algum remédio, você forçou demais a barriga pra vomitar, sim? — Ela assentiu.

Seus olhos me observaram por um longo tempo, depois que o êxtase da bebida foi embora junto com a descarga. Sophia tocou o meu rosto e o alisou, caindo em tentação após tirar a minha máscara. Sorrimos satisfeitos e então eu a beijei, e foda-se o que você vai pensar por ela ter vomitado o mundo. Quando você ama, qualquer loucura importa!
E a minha loucura no momento era beijar a boca vomitada de Sophia, mesmo não ligando, já que não tinha gosto.
O único gosto que eu estava sentindo era o doce natural do seu beijo. Gostoso, aconchegante, viciante... Eu estava perdido naquela menina e nada conseguia tirar isso da minha cabeça.

Nada, nadica de nada.

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