Capítulo 20

155 12 1
                                    


Las Vegas — Nevada.

Fazia tempo que não andava de avião, e foi bom aproveitar esse tempo dentro daquela lata de sardinha, indo atrás da loirinha que obviamente estaria aprontando com o meu inimigo.

Consegui pegar um táxi quando cheguei no aeroporto de Las Vegas, indo até o endereço enviado por Sophia. Outra puta mansão me esperava, só que dessa vez, em Las Vegas.

Jack me atendeu, um pouco... Surpreso?

— O que você tá fazendo aqui?

— Sophia me convidou. — Entrei no personagem novamente. — Tudo bem com você, Jack? — Fui irônico.

— Qual é a tua, Borges? — Ele chegou mais perto. — Do nada você decidiu virar veado?

— Você tem algum preconceito? — Rebati, mexendo as minhas mãos.

— Se eu souber que você tá armando pra ficar com a Sophia, considere-se um homem morto. — Esbraveceu, me ameaçando.

— A única coisa que eu quero da Sophia é a nova Chanel dela. Caso contrário... — Empurrei Jack enquanto desfilava até entrar na enorme casa. Observei o local antes de chamar pela loirinha, que ainda não havia aparecido. — BORBOLETA? — Estava gay demais! — BORBOLETA? — Entrei nos cômodos.

Sophia apareceu, usava um minúsculo shorts jeans, camisão e estava descalça com os cabelos presos em um rabo de cavalo. Correu até mim.

— BORBOLETO! — Nos abraçamos forte. — Como foi de viagem?

— Um pouco caótica, borboleta. — Mexi em meus cabelos. — Meu fuso está atrasado! Esgotado! — Ela riu.

— Está com fome? Parece que sim. — Me puxou pelas mãos. — Jack te atendeu?

— Ah, atendeu sim. Muito hospitaleiro ele! — Debochei. Sophia foi até o armarinho da cozinha, abrindo e buscando o pão de forma.

— Ele disse alguma coisa? — Desfez o nó que estava no saquinho.

— Não, não disse nada. — Menti. — Como estão as coisas por aqui? — Vi ela abrir a geladeira, buscando uma pasta de amendoim, seguido de queijo.

— Estamos curtindo. — Eca, só pelo tom de voz eu já sabia o que era. — Foi uma supresa você estar aqui. — Mesmo ela não querendo, eu tinha que estar aqui! Minha presença não foi bem recebida, eu conseguia olhar em sua face angelical, mas não ligava. Sophia estava em minhas mãos agora.

— Vamos fazer diversas coisas legais, eu garanto. — Disse animado, vendo Sophia terminar o meu lanche.

— Eu não sei, Borboleto. — Me entregou um prato de vidro.

— Vocês estão bem desanimados, não?

— Parece que estamos? — Parece sim. — Acho que deve ser a minha TPM. Não sei. — Me entregou o sanduíche pronto.

Nós observamos quietos antes de Jack entrar na cozinha.

— Você não me disse que seu amigo viria atrapalhar a gente. — Abriu a geladeira. — Você bebe, veadinho? Ou devo te chamar de Borges Delícia? — Ele usou o antigo apelido do time de futebol, revirei meus olhos automaticamente.

— Jack! — Sophia o repreendeu. — O nome dele é Micael, não o chame de veadinho. — Ficou brava.

— Eu não ligo, borboleta. — Soltei. — E, eu bebo sim Jack mas essa não é uma ocasião especial para se estar bebendo. — Comi meu sanduíche com toda a fome do mundo.

— Você contou pra ele que estaríamos aqui? — Jack perguntou à Sophia que estava perdendo a paciência.

E se eu colocasse um plano em prática? Hum...

— Eu o convidei. Algum problema pra você? — Montou outro sanduíche.

— Babe. — Torceu o nariz. — Eu te raptei pra ficarmos em puro amor. — Abraçou Sophia por trás. — Nada a ver esse cara aqui com a gente.

— Esse cara tá aqui na sua frente, Jack. — Entrei na conversa. — Mas se quiserem, não, eu não vou embora. — Disse firme.

— Podemos passear amanhã. O que vocês acham? — Sophia tampou a maionese, voltando para a geladeira.

— Eu acho uma péssima ideia. — Jack me encarou enquanto bebia sua cerveja.

— Eu acho uma ótima ideia, borboleta. — Bati algumas palminhas, seguido de Sophia.

— Está vendo? Só Jack que não quer fazer nada. — Se estressou com o namorado, que tinha uma cara de desentendido.

Agora o bicho iria pegar! E eu assistiria de camarote enquanto comia um delicioso sanduíche.

— Ah, eu? — Se estressou também. — Você fica quase todo o tempo naquela merda de clã, seu pai não deixa a gente ficar sozinho e agora quando eu quero um tempo com você, acontece isso. — Apontou pra mim.

— Nos vimos na semana passada, Jack.

— Semana passada! Passou-se uma semana, Sophia. Que tipo de namoro é esse?

— Um namoro normal.

— Não, não é um namoro normal. — Encarou Sophia, bravo. — Qual foi a última vez que a gente transou, hein?

— Três horas atrás? — Que nojo! Que nojo! Que nojo!

— E estaríamos transando se o seu amigo veado não chegasse. — Bufou. — Não vejo a hora da gente se casar de uma vez. — Saiu andando, Sophia o seguiu.

E eu segui eles, levando o prato comigo.

— Isso vai demorar um pouco, Jack. — Sophia andou de um lado para o outro.

— Porque o seu pai demora com isso. Aliás, o seu pai demora com tanta coisa, né? — Foi irônico. — Ele deveria cuidar da vida dele e não da sua. — Concordo.

— O meu pai só quer me proteger e eu entendo isso.

— O seu pai quer mandar em você, Sophia. Se liga! — Deixou a garrafa de cerveja na mesinha em minha frente. — Aposto que ele vai surtar quando souber que você não é mais a menininha dele. — Cuspiu as palavras, Sophia corou.

— Eu não quero contar.

— Mas vai! — Jack aproximou-se de Sophia, bravo. — Um dia você vai ter que contar. Se ele não já sabe...

— Ele não sabe.

— O seu pai sabe da vida de todo mundo aqui dentro dessa porra de casa. — Gesticulou, em surto. Ele já estava bêbado? — Sabe o que eu acho? — Jack colocou as mãos na cintura, rindo incrédulo e umedecendo os lábios antes de falar. — Eu acho que ele te protege tanto que na verdade é ele que te quer, sabia? — Ah não! Ele não disse isso.

Larguei o prato no sofá e voei em cima de Jack, pegando pelo colarinho de sua blusa e o imprensando contra a parede. Sophia começou a gritar mas eu não liguei.

— Ficou maluco, seu doente? — Bati sua cabeça com tudo. — Respeito por ela, entendeu?

— E quem é você pra mandar em alguma coisa?

— Eu sou amigo da Sophia e exijo respeito por ela. Tá entendendo? — Cerrei meus dentes, nervoso. — Tanto cara bacana e ela foi arrumar justo você. — Larguei Jack de vez, que se desequilibrou e caiu.

Sophia correu até o namorado.

— Você tá bem?

— Acho que... Eu preciso de um banho e cama. — Me fuzilou com o olhar, enquanto Sophia o ajudava a levantar.

Patético.

Aposta de Amor Onde histórias criam vida. Descubra agora