Capítulo 47

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— Alô? Eu me chamo Micael Borges e gostaria de uma consulta com a doutora Dulce. — Tinha um cartão impresso em mãos, enquanto Sophia se deliciava no brigadeiro que eu havia feito, somente pra ela. — Sim, é para a minha namorada. — Encarei ela que fazia jóia com os dedos, lambendo a colher de pau diversas vezes. — Claro, pode sim! Só um minuto. — Fui atrás de um papel, anotando o endereço. — Belford Street - Nº 512. — Anotei rápido. — Muito obrigado! Tchau, tchau. — Desliguei a ligação.

— E então? Deu certo? — Sophia estava com receio pela ligação.

Achamos uma clínica clandestina na internet. O anúncio para consertar almofadas com desenhos de rouxinol não colou muito bem. Quem em sã consciência tinha uma almofada com a estampa de rouxinol?

— Deu certo. — Me sentei ao seu lado na cama. — Sua consulta é amanhã, às duas da tarde. Vamos sair do colégio e ir direto para lá!

— Ela fez muitas perguntas? — Mordeu a colher de pau, aflita.

— Só o básico que você escutou. — Pausei. — Você está com medo?

— Um pouco. — Pensou. — Eu vou matar um feijão, Micael. — Sua carinha me partiu o coração. Incrédula e triste.

— Na verdade é um bebê, Sophia. — Entrei na sua mente, de novo. — Mas pensa que... Ele não entende nada, ele nem é nada.

— Como eu disse, é só um feijão tóxico que está fazendo mal dentro de mim. — Ela foi pesada agora! — Meu pai me mataria se eu engravidasse agora. — Soltou. — Já pensou? Aliás, eu não gosto nem de pensar. — Raspou a panela.

— É que você foi descuidada, né princesa? — Toquei o seu rosto. — A camisinha tem que sempre estar no pau. Nunca se esqueça disso! 

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— Mas eu tomo remédio! — Se defendeu.

— Não adianta nada você tomar o remédio e esquecer. Eu não confio em nada do anticoncepcional, nada! — Declarei. — Eu confio mais na camisinha do que esses remédios manipulados que vocês tomam.

— Mas a camisinha pode estourar também.

— Exato! Mas eu aposto que é mais confiável do que uma pílula de anticoncepcional. — Observei Sophia que estava pensando, deixando a colher de pau dentro da panela.

Ela suspirou e caiu na cama, de braços abertos, como adorava fazer.

— Sabe. — Suspirou de novo. — Se esse bebê fosse seu, eu não iria tirá-lo.

Aquilo me fez sorrir.

— Eu também não iria deixar você tirar. — Me deitei ao seu lado. Nos entreolhamos em silêncio. — Eu sei que eu não tenho a mesma vida financeira que você e... O seu pai me odeia! — Pausei. — Mas eu enfrentaria qualquer barreira pra gente ter o nosso bebê juntos. — Sophia sorriu.

Ela tocou o meu rosto e iniciou um beijo leve, calmo, como se tivesse ondas atrás de nós, em um cenário perfeito. Um beijo de... Alguém que também estava apaixonada e confortável em um porto seguro que, nesse caso, seria eu.

Parei o beijo e umedeci meus lábios, sentindo o gosto do chocolate.

— Você comeu tudo? — Ela assentiu. — Não sobrou nem um pouquinho? — Ela negou, fazendo uma carinha linda.

— Não. — Mostrou o bico pra mim, que comecei a rir.

— Não? — Voltei à beija-la. — Isso é desejo do pequeno feijão tóxico?

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