Capítulo 130

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Uma semana depois.

Eu achava que morar sozinho era a melhor coisa do mundo. Zoeira, farra, fazer tudo o que quer, andar pelado, assistir pornô na tela plana sem ninguém vigiando, trazer garotas e fazer o seu quarto de motel... Não era nada disso! Eu estava meramente iludido com filmes de besteirol americano.

Depois que Sophia foi embora eu literalmente surtei. Ficar naquele apartamento sozinho foi uma solidão tremenda, ainda sim, eu estava me adaptando com a ideia de ficar sozinho. Literalmente sozinho!

Meu pai se orgulhou de mim pois fiz uma poupança no banco e comecei a mobiliar todo o apartamento. Sophia não falava mais comigo e havia voltado pro time de líderes de torcida, voltando com toda a sua rotina patricinha de ser. Lidiane vinha passar o final de semana comigo pra não ficar tão sozinho, já que a minha mãe mal estava saindo de casa, por conta da reta final da gravidez. E eu? Continuava trabalhando pro Renato, ficando cada vez mais expert.

E eu sei que você deve estar se perguntando da menina do computador.
É... Eu tentei ir mais à fundo só que o trabalho estava me estressando demais. Pensar naquela menina era como pensar na Sophia, e pensar na Sophia me deixava estressado.

Ou seja: eu preferia uma boa dose de pornô lésbico, cerveja e punheta. Nada mais!

— Trouxe todos os filmes do Pânico! — Abri a porta do meu apartamento vendo Yanna com três filmes em mãos, uma sacola na mão direita e seu sorriso inconfundível. Deu passagem pra que ela entrasse.

— Pânico? Não íamos ver a saga Crepúsculo? — Ri leve enquanto fechava a porta.

— Você gosta de filme de menininha? — Ela franziu o cenho, deixando a sequência de filmes em cima da mesinha de centro.

— É que você disse isso na mensagem. Li em segundos atrás. — E não estava ficando louco com isso. — Quer cerveja?

— Eu quero. — Yanna me seguiu até à cozinha.

O silêncio incrível tomou conta. Entreguei uma cerveja à Yanna que agradeceu com um sorriso.

— O que você estava fazendo antes de eu chegar?

— Estava dobrando a minha roupa de amanhã e ajeitando o banheiro. — Tinha me virado um dono de casa incrível! — E você?

— Alugando todos os filmes do Pânico.

— Nem todos. — Apontei pra ela que soltou um riso.

Ficamos bebendo em silêncio, de novo.

— Quer comer alguma coisa? — Peguei a sacola das suas mãos.

— Eu trouxe bolinhas de queijo mas me lembrei que são congeladas. Você vai ter que assa-las! — Rolou os olhos e os arregalou, soando engraçado.

— Não seja por isso. — Tirei a embalagem da sacola, lendo rápido as instruções.

Yanna ficou como minha assistente.

— Vamos conversar enquanto você assa as bolinhas de queijo? — Ela abriu um armário em cima de si, procurando uma forma.

— Depende. Você tem algo pra me contar?

— Depende. — Retirou uma forma, me entregando. — Não sei se isso vai te confortar ou só deixar como está, essas coisas.

— Conta logo, você tá me assustando. — Verifiquei a temperatura antes de abrir o saco da embalagem, tirando as bolinhas de queijo de lá.

— Sophia conheceu um cara. — Soltou, por fim.

Minha coluna ficou ereta novamente e minha respiração foi pisada por um coturno gigante, era isso que parecia. Eu não consegui pensar em mais nada que vinha na minha cabeça!

Sophia estava namorando e não era comigo.

— Um cara? — Fiquei altamente mexido.

— Ele é da Califórnia, parece que é um namoro virtual.

Gargalhei irônico.

— Namoro virtual? Puf. — Ainda ria com aquele toque de merda enrustida. Eu estava morto de ciúmes! — Eles se beijam pela webcam? Fazem sexo pela webcam? É isso que é um namoro virtual? — Fechei a porta do forno com tudo.

Yanna tomou mais um gole da sua cerveja.

— Como você soube disso?

— Eu trabalho com o pai dela.

— Eu também!

— Mas acho que ele não disse nada pra não te afetar. Renato é um homem mudado!

— Levando pica no cu igual ele leva, qualquer um seria mudado. — Andei até a sala. Yanna me seguia como um ratinho perdido. — Eu não acredito que ele não teve a coragem de contar isso pra mim. — Mordi meu lábio inferior, pensando.

— E você se importa com isso?

— Eu? Claro que não, né! Puf. — Revirei os meus olhos. — Eu quero que ela viva bem feliz com o namoradinho dela que bate punheta pra viver um romance qualquer, é isso. — Fechei a minha cara e cruzei os meus braços.

Yanna soltou um riso pelo nariz. Eu a encarei.

— Tá me olhando assim por que?

— Porque está incrível ver você morrendo de ciúmes dela.

— Eu já disse que eu não estou com ciúmes dela. Você me contou e eu só estou dando a minha mísera opinião. — Ou seja, com ciúmes. — Que sejam felizes na puta que pariu, é isso.

— Para de graça que você ainda ama ela.

— Eu deixei de amar assim que ela pisou com os pés pra fora daqui. Não temos mais nada em comum! — Deixei bem claro isso mas meu coração dizia o errado.

— Mas você ainda sente algo por ela!

— Eu não sinto mais nada por ela. A única coisa que eu sinto no momento é absolutamente nada, é! NADA! — Dei ênfase. — Pode rir o quanto for, Sophia é página virada pra mim e eu sou página virada à ela. Quites e satisfeitos!

— Tudo bem, não tá mais aqui quem falou. — Yanna rendeu as mãos. — Vou ligar a TV.

Fiquei em silêncio, apenas remoendo as frases que Yanna soltou por cinco minutos de conversa.

— Poderíamos assistir alguma série depois, o que você acha?

— Ela não podia ter feito isso comigo. — Rosnei. — Quer saber? Eu vou lá tirar essa satisfação agora!

Deu a louca em mim! Sai como um louco atrás da minha chave do carro, deixando Yanna sem saber o que estava acontecendo. Ela não podia ter feito isso comigo! Essa eram as palavras que rondavam a minha mentes antes mesmo de estar dentro do meu carro, dirigindo até a sua casa. Ela não podia ter feito isso comigo!

Estacionei o carro em frente e caminhei até o gramado, escalando a parede de Sophia e pulando com o resto da escada pra dentro do quarto de Hannah Montana. Escutei sua voz de dentro do closet.

Eu te ligo mais tarde! Tchau tchau. — Soltou um risinho eufórico que me fez morrer por dentro.

E quando ela voltou ao quarto, teve a grande surpresa.

— O QUE VOCÊ TÁ FAZENDO AQUI?

Pois bem, eu também gostaria de saber!

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