No horário de almoço, ela foi até o banheiro, escondendo-se ali enquanto ligava para Carla.
Carla= Eu digo pra me ligar todo dia, e você entende que é uma vez na vida e outra na morte? – brava. – Me preocupo quando você não dá notícias! Já quase liguei pra polícia umas dez vezes.
Dulce= Carla... – suspirou. – Eu... estou... tremendo.
Carla= Hãn? – parou de falar. – Dulce, o que? Quanto? Quando começou?
Dulce= Hoje de manhã. – fechou os olhos. – Não consigo escrever, não consigo digitar no meu próprio celular, não consigo... Não estou tremendo tanto, mas cada vez que vejo, me sobe um desespero louco.
Carla= O que você ingeriu ontem? – séria.
Dulce= E você acha que eu sei? – gritou. – Há uma semana que eu bebo, pelo menos, três garrafas de vodka por noite e não tenho ideia do que acontece. Não me lembro de nada! Não sei o que está passando na minha vida! Acordo cheia de álcool e só o que faço é forçar o vomito, porque é dessa maneira que me sinto menos pior.
Carla= Isso já foi longe demais. – preocupada. – Conte tudo ao Christopher.
Dulce= Hãn? – arregalou os olhos.
Carla= Estão estudando meu nome pra uma das assistentes de programação, eu não posso ir até aí agora. – explicou. – Mas também não posso te deixar desprotegida dessa maneira. Eu não estou sendo o suficiente pra você, portanto, conte ao Christopher.
Dulce= Não vou contar. – brava. – Ok? Nem adianta discutirmos isso, porque eu não...
Carla= E vai deixar que ela te drogue toda noite? Que coloque sabe Deus o que na sua bebida? Que não te deixe viver? – estava brava e preocupada. – Eu não estou aí, então preciso ter certeza de que alguém está cuidando de você. Por favor, fale com ele. E pode contar sobre mim, deixe que ele tenha pena, dó ou o que seja.
Dulce= Não, Carla! – gritou. – Eu não quero aquele olhar de novo, eu não aguento. Não quero que ele olhe pra mim como a minha mãe olhou, não quero que olhe pra você dessa maneira.
Carla= E eu não quero perder você. – simples. – Prometa pra mim que vai contar tudo pra ele, que vai pedir ajuda. Ela te ameaça porque sabe que ele não tem conhecimento de nada e sabe que ele é importante pra você. – séria. – Agora, se Christopher souber pela sua boca, ela não terá mais nada contra você.
Dulce= Não quero envolvê-lo nisso. – suspirou. – E mais, não sei qual será a reação dele. Pode ser que resolva me deixar de lado, pode ser que resolva nunca mais falar comigo. Não, Carla, o Christopher já tem problemas demais pra eu atormentá-lo com os meus também.
Carla= Então o que eu faço? – perguntou em seguida. – Porque deixar a situação do jeito que está não é uma opção.
Dulce= Me deixa pensar. – pediu. – Vou raciocinar melhor em algumas horas, tudo bem?
Carla= Faça como quiser. – disse por fim. – Mas tenha algo muito claro: um passo mais dessa cretina, e eu ligarei para o Christopher e contarei tudo. Eu a coloco num hospício, lugar onde ela já deveria estar há muito tempo. – séria. – Me escutou? Se hoje ela te forçar de novo, eu vou ligar pra ele.
Dulce= Eu não vou à casa dela hoje. – contou. – Já avisei ontem que eu não iria.
Carla= Acho bom. Te ligo mais tarde, ok? – não fazia questão de esconder quando estava chateada com a morena.
Dulce= Ok. – suspirou. – Cuide-se.
Carla= Você também. – ficou alguns segundos em silêncio. – Eu te amo muito, Duds.
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A Sósia - Volume I
RomanceDulce deixou o Brasil e aventurou-se no México com apenas um objetivo: a carreira na Televisa. O que encontrou: um diretor estagnado em uma emissora minúscula e inexpressiva, um trabalho que não era - nem de longe - parecido ao currículo prestigioso...