Na sexta-feira seguinte, Dulce acordou perto do horário de almoço. Sentia a cabeça latejar e o corpo moído, como se tivesse sido atropelada na noite passada.
Abriu os olhos e analisou tudo ao redor. Aparentemente não havia nada anormal: estava em seu quarto, sem nenhuma marca suspeita no corpo e com o namorado ao lado.
Bem, não deveria ter feito nada de errado.
Trocou de roupa e foi atrás da mãe para pedir água de coco – pois em sua opinião não havia remédio melhor para a ressaca -, mas só encontrou um bilhete na geladeira, avisando que a menina deveria almoçar fora.
Sem alternativa, Dulce colocou o óculos escuro e foi até a praia, buscar a água de coco que precisava.
Sentou-se em um dos quiosques e pediu o coco, bebendo devagar enquanto olhava as pessoas na praia.
Fernando= Dulce? – puxou a cadeira ao lado dela.
A diretora deu um pulo do lugar onde estava sentada, e por pouco não derramou o coco na areia. Abriu a boca em sinal de espanto e não conseguiu ter mais nenhuma reação.
Fernando= Posso me sentar? – disse, mas também gesticulou; questão de costume.
Dulce= Pode. – disse quase como um sussurro, mas assentiu com a cabeça para que ele pudesse entendê-la.
Fernando= Sabia que você viria aqui. – sorriu. – Sempre vínhamos depois da sua escola. Eu te buscava no colégio e vínhamos tomar água de coco juntos. Você gostava.
Dulce= Isso foi há dez anos. – gesticulou, para que ele pudesse entender bem. – Eu já sai do colegial, já sai da faculdade... me formei.
Fernando= Sua avó me contou. – olhou-a. – Me perdoe por não lembrar.
Dulce= Não é sua culpa. – franziu o cenho. – Você sofreu um acidente.
Fernando= Sobre ontem. – sério. – Deveria ter notado quando te vi.
Dulce= Eu fiz pior. – gesticulou, mas sem olhá-lo.
Fernando= Eu estou sabendo. – ela ficou sem jeito. – Como está a sua mãe? E seu irmão?
Dulce= Bem. Eu acho que ela está seguindo adiante com a vida, sabe? – gesticulava, um pouco corada. – E Christian está casado.
Fernando= Casado? – espantou-se. – Uau.
Dulce= Mas não fique chateado, ele também não me convidou para isso. – riu. – Eu fiquei sabendo depois.
Fernando= Vocês ainda se dão bem? – a morena assentiu. – E quanto ao Guilherme?
Dulce= Oh, nós terminamos há muito tempo. – riu dele. – E namorei um editor por quase cinco anos. – o homem arregalou os olhos. – E agora estou com Christopher. Ele é diretor na emissora onde eu trabalho, e a irmã dele é a esposa do Christian.
Fernando= Wow! – espantado. – É muita informação!
Dulce= São muitos anos. – torceu o nariz. – Como você está com tudo isso?
Fernando= Me esforçando. Quando sua avó me contou tudo, foi um pouco difícil. – sem saber como explicar. – Eu não fazia ideia de que estava vivendo em 'outro mundo', digo, acho que me acostumei tanto com isso que acabei acreditando na minha mentira.
Dulce= Eu tentei te contar a verdade logo após o acidente, mas você não queria. - mordeu os próprios lábios. – E minha mãe disse que era melhor deixar você. – tocou o braço dele por um instante, mas logo voltou a gesticular. – Hoje eu me arrependo disso, e sei que não deveria ter feito o que fiz, mas... Mas não soube como dizer 'não' para ela.
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A Sósia - Volume I
RomanceDulce deixou o Brasil e aventurou-se no México com apenas um objetivo: a carreira na Televisa. O que encontrou: um diretor estagnado em uma emissora minúscula e inexpressiva, um trabalho que não era - nem de longe - parecido ao currículo prestigioso...