Christopher= Amor... – deixou a mochila na sala e foi até a morena, que colocava a água para esquentar no micro-ondas.
Dulce= Que é? – pegou os dois copos de Maruchan e os colocou em cima da pia.
Christopher= Não fique brava. – sem jeito, mas ela não pareceu se importar. – Amor...
Dulce= Christopher, odeio criancice. – séria. – Odeio! Não tenho a menor paciência com essas coisas.
Christopher= Amor, não foi minha culpa. – arregalou os olhos.
Dulce= Ah, não, foi minha. – ironizou. – Eu comparei meu namorado a um carro.
Christopher= Dul, não é de hoje que ele está arrastando asa pro seu lado. – bravo. – Juro que tenho feito meu melhor pra me controlar, mas não sou de ferro.
Dulce= Você tem agido feito criança. – séria. – É isso que eu sei.
Christopher= Mande? – injuriado. – Eu tenho...
Dulce= Mentiu pra ele ontem. Disse que ia jantar sozinho, que eu ainda estava no trabalho. – cruzou os braços. - Isso não é ser infantil?
Christopher= Não! – disse logo. – Não é, não. Isso é tentar proteger o que é importante pra mim.
Dulce= Ah, Christopher, pelo amor de Deus. – revirou os olhos e pegou a água quente no micro-ondas, colocando um pouco em cada copo de Maruchan, e logo tampando ambos.
Christopher= É muito fácil pra você dizer, mas se coloca no meu lugar. – encarou-a. – Imagine que morássemos nos Brasil, e de repente aparece uma vizinha mexicana toda bonita, e resolve virar minha amiga. – a morena revirou os olhos. – E então você a encontra no corredor à noite e ela te diz... – afinou a voz. – "Oh, Dulce, você não viu o Christopher por aí? Eu estou precisando de uma ajuda com a cor do meu esmalte. Sabe como é, né, nós somos do México..."
Dulce= E o que você tem a ver com o esmalte? – soltou um leve riso.
Christopher= Pois é aí que eu queria chegar! Ao invés da mexicana imaginária pedir ajuda pra você, que é mulher, ela pediu ajuda pra mim. – explicou. – Como seu amiguinho brasileiro que não veio me perguntar nada de carro, mas queria que você o ajudasse. E não venha com papo de conversão de moeda, não, porque a partir do momento em que vocês estão aqui, então tem que começar a pensar com a moeda daqui. E quem melhor pra saber se algo é caro ou barato aqui, senão alguém que justamente nasceu aqui?
Dulce= Desculpe, eu... – ele a cortou.
Christopher= Ele está arrastando asa pra você, Dulce. – disse sério. – Você tem o coração bom demais, gostar de ajudar o próximo e pode não ter percebido, mas eu sei bem quando um homem tá de olho na minha namorada.
Dulce= Sou gentil, mas não sou idiota. – colocou as mãos na cintura. – Notei que ele estava realmente me dando corda, mas e daí? Em primeiro lugar, eu não tenho interesse. Em segundo lugar, a única coisa que pretendia, era ajudá-lo a se ajustar aqui, porque sei bem como é chegar num lugar e se sentir completamente perdida. E ele não tem um vizinho que aparece com uma lasanha de boas vindas.
Christopher= Então... – suspirou. – Quer saber? Estou com ciúme, senti ciúme no momento e sinto sempre que ele está perto de você. Desculpe. – deu de ombros. – Não posso controlar. E também não quis te ofender com o carro hoje, mas acontece que... Sério, por Deus, existem milhões de modelos de carro, e ele foi escolher justo o meu? Na moral? Ainda com a minha namorada no apartamento dele? Foi pra provocar! Foi uma clara provocação!
Dulce= E você caiu. – séria.
Christopher= Caí, mas vou fazer o que? – simples. – Gosto de você, você é... você é meu ponto fraco.
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A Sósia - Volume I
RomanceDulce deixou o Brasil e aventurou-se no México com apenas um objetivo: a carreira na Televisa. O que encontrou: um diretor estagnado em uma emissora minúscula e inexpressiva, um trabalho que não era - nem de longe - parecido ao currículo prestigioso...