Capítulo 25

480 39 3
                                    

Christopher= O que é Rio Scenarium? – franziu o cenho.

Dulce= Um bar maravilhoso, tem música ao vivo, eletrônica, área para comer... é bem legal. – sorriu. – Quer ir?

Christopher= Você está bem pra isso? – sério. – Digo, até dois minutos atrás nós estávamos falando sobre o seu pai, e agora...

Dulce= Não aconteceu. Essa manhã não aconteceu. – encarou-o, séria. – Nada disso aconteceu, nós não estivemos aqui.

Christopher= Então é dessa maneira que você resolve o que te machuca? Fugindo e esquecendo? – ela deu de ombros.

Dulce= Tem funcionado muito bem. – sem coragem para continuar encarando-o nos olhos.

Christopher= Quando quiser enfrentar seus medos, saiba que eu estarei aqui. – colocou uma das mãos no rosto dela, forçando-a a mirá-lo.

Dulce= Você é maravilhoso comigo. – ganhou um rápido beijo. – Eu gostaria de... Gostaria de gritar. – lembrou-se do que fazia com Vinícius.

Christopher= Perdão? – riu.

Dulce= Sobe aí. – colocou o capacete.

Christopher= Aonde vamos? – confuso.

Dulce= Parque Nacional da Tijuca. – subiu na moto, ligando-a.

Christopher= Você está bem para dirigir isso? – sentou-se atrás dela.

Dulce= Mais do que bem. – acelerou e saiu dali com ele.

Foram em silêncio até o parque, subiram até o ponto mais alto e então estacionaram. Ficaram olhando para a paisagem, observando a cidade, até que a morena deu o primeiro grito; logo fechou os olhos e gritou outra vez, deixando um leve sorriso surgir em seus lábios.

Christopher apoiou-se na madeira e olhou bem para a namorada, notando cada traço da expressão dela. Por um instante, sentiu como deveria ser difícil viver escondendo o que sente; agora era fácil entender porque ela havia ido ao México. O sonho por trabalhar em programação era apenas um detalhe, ela precisava mesmo era ficar longe, fugir.

Não havia ninguém no mundo que sorrisse tanto quanto Dulce, mas agora ele sabia que também eram poucas as pessoas capazes de materializar uma alegria que não existe, de sorrir quando só se quer chorar; aquela dor era a mais intensa e difícil que havia. Era como ter tudo e ao mesmo tempo não ter nada.

Dulce= O que está pensando? – apoiou-se ao lado dele. – Que tem uma namorada muito louca?

Christopher= Não te acho louca. – beijou o nariz dela, fazendo-a sorrir de modo bem charmoso. – Queria saber quem te disse que esconder o que sente é a melhor saída.

Dulce= Machuca menos assim. – olhou para frente. – A dor é maior quando você se entrega.

Christopher= Dul... – ela suspirou.

Dulce= Quando você sente, automaticamente se entrega mais e se torna vulnerável. – mordeu os próprios lábios. – Você mostra as suas fraquezas, seus medos, seus sentimentos... Isso não é bom.

Christopher= Quando foi a última vez que se entregou por alguém ou por algo? – ela pensou durante alguns segundos.

Dulce= Não me lembro mais. – continuava tentando recordar, mas não conseguia. – Talvez há um ano ou dois, quando a situação lá em casa começou a ficar difícil e meus pais começaram... enfim.

Christopher= E com Vinícius? – ela o encarou, séria. – Não é ciúmes, apenas gostaria de saber.

Dulce= Era diferente. Ele me conheceu na melhor época da minha vida, seria impossível não me entregar. – um sorriso escapou. – As coisas ficaram complicadas depois do acidente do meu pai, e isso acabou, de um modo ou de outro, afetando o namoro.

A Sósia - Volume IOnde histórias criam vida. Descubra agora