Dulce= Porque queria falar contigo sobre esse começo de ano, sabe? Não sei se a mamãe já te contou, mas eu dei passagens pra ela, de natal. Ela virá em fevereiro, junto com a nova família perfeita dela. – revirou os olhos no final.
Christian= Ela me contou, sim. – riu do jeito da irmã. – E o Martín a faz feliz. Temos que aceitar isso.
Dulce= Eu aceito, é claro. Só achei o fim da picada ela vir com ele e os filhos dele, mas enfim. – deu de ombros. – Não vão ficar no meu apartamento mesmo. Não me importa.
Christian= Nem no meu. – riu. – Bom, era isso? Pra saber se ela tinha contado?
Dulce= Não, não era. – corou de leve. – Você sabe que, desde que voltei a falar com o papai, eu só... eu quero tentar trazê-lo pra minha vida de novo. Digo, eu sei que não é fácil e que vivemos longe, mas quero que ele faça parte das minhas coisas.
Christian= Não diga que está pensando em trazê-lo pra visitar aqui também. – sério.
Dulce= Pois é... – sorriu de lado.
Christian= Dulce, não. Isso não vai dar certo. Ele não poderia vir sozinho, a nossa avó teria que ficar pendente o tempo todo, e além disso você não teria tempo pra apresentar nada pra ele. E depois, o meu filho está quase pra nascer, você precisará dar apoio pra nós. – explicou. – Não dá pra trazê-lo.
Dulce= Pois é, Christian. Só que independente da dificuldade, ele ainda é meu pai. E é claro que como irmã, como cunhada e como madrinha, eu vou apoiar você e a Mai, e ajudar no que eu puder para cuidar do bebê, mas não conte comigo 24 horas. Eu sou apoio, eu não sou mãe dele. – séria. – Estou querendo dizer que posso trazer o papai e dar atenção pra ele. Inclusive acho que seria digno da sua parte deixar que ele conhecesse o primeiro neto.
Christian= Que seja, Dulce. Talvez ele conheça meu filho depois, então. – deu de ombros. – Sei lá, daqui a uns três ou cinco anos.
Dulce= Ele já está aqui. – contou logo. – Chegou ontem a tarde com a vovó.
Christian= O que? – levantou-se assustado. – Como é? Estão aqui no México?
Dulce= Sim, estão. Eu os trouxe pra passar o ano novo comigo, dessa vez. – seria. – A Ale já sabe, Christopher ligou pra ela, e ela disse que tudo bem. Mamãe, é claro, não sabe de nada, e eu preferia manter assim.
Christian= Como que... como que você o trouxe... - desnorteado com a notícia. – Eu não acredito! Não acredito! Porra, Dulce!
Dulce= Porra porque? Qual o problema? – levantou-se também, deixando a toalha em cima do sofá. – É nosso pai! Não é nenhum monstro, e nem fará nada de mal ao seu filho. É parte da nossa família! Você tem que superar, você tem que aprender a perdoar e tem que aceitá-lo. Ele não tem culpa do que houve.
Christian= Não, Dulce. Pare de tentar me fazer ter a mesma opinião que você tem. – bravo. – Eu não ligo que queira falar com ele, ok? Pode falar. Mas não queira forçar as coisas comigo.
Dulce= Eu não estou forçando. – colocou as mãos na cintura. – É você que não está agindo como um filho decente.
Christian= Porque não dá pra ser assim ainda! – reclamou. – Só você que não entende isso!
Dulce= Você tinha me prometido que tentaria!
Christian= E eu tentei! Tentei mesmo, Dulce, mas as coisas são diferentes agora. – irritado. – Tenho mais com o que me preocupar. Eu tenho um filho! E preciso estar bem, porque ele vai exigir tudo de mim.
Dulce= Existe vida, Christian! – gritou. – Existe vida pós-filho, sabia disso? É uma criança! É apenas uma criança, e não uma doença incurável.
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A Sósia - Volume I
RomanceDulce deixou o Brasil e aventurou-se no México com apenas um objetivo: a carreira na Televisa. O que encontrou: um diretor estagnado em uma emissora minúscula e inexpressiva, um trabalho que não era - nem de longe - parecido ao currículo prestigioso...