ARTHUR
Ela recebe a mensagem, mas não fica online, guardo o celular se não vou enlouquecer a espera dessa resposta. Alguns quarteirões a frente vejo o engarrafamento.
Motorista: sr. Arthur, vou desviar o caminho aqui, olhe só o engarrafamento a frente.
Arthur: tudo bem. Porque será né? A essa hora.
Motorista: provavelmente algum acidente - sinto um arrepio desconfortável - tem um cruzamento ali na frente onde as pessoas não respeitam o sinal por julgarem que "da tempo" passar. É mais comum do que deveria acidentes nessa área.Fico calado depois disso, me sentimento extremamente incomodado sem saber o motivo . Olho o celular mais uma vez. Nada de resposta da Carla. Logo chegamos ao meu hotel, me despeço do motorista e quando entro no hall vejo a aglomeração de pessoas em volta da TV que há ali. Me aproximo. A manchete da reportagem me faz perder o ar.
Acidente de trânsito envolvendo atriz Carla Diaz.
Meu celular toca. Pocah.
~Ligação on ~
Arthur: cadê a Carla? - minha voz embargada combina com as lágrimas escorrendo no meu rosto.
Pocah: no Hospital, te mandei o endereço, to indo pra lá. Vamos.~Ligação off ~
Desligo e saio em disparada novamente. Peço um uber que por sorte não demora. Em poucos minutos já estou entrando no hospital. A primeira pessoa que vejo é Dona Mara.
De Repente não sei o que fazer, meu choro já não é nada contido. Paro um instante, tempo em que a mãe da Carla me ver e com o rosto banhado pelo choro corre até mim e me abraça.
Arthur: cadê ela? - retribuo o abraço e pergunto em meio ao choro
Mara: eu acabei de chegar, estou esperando notícias - ela se afasta um pouco pra me olhar - me desculpa por tudo meu filho, eu jamais deveria ter interferido. Minha filha te ama e eu posso ver o tanto que você a ama também. Eu jamais vou me perdoar se se - ela começa a chorar com mais intensidade e eu a abraçoArthur: calma dona Mara - falo tentando conter meu próprio choro - ela vai ficar bem, nós vamos ficar bem.
Mara: eu não posso perder minha filha, Arthur. Eu não posso perder minha menininha. - é nítido o seu desespero.Arthur: ela vai ficar bem. Ela precisa ficar. - tento acalmá-la.
Mara: minha filha ainda tem muita coisa pra viver, a carreira dela ta no auge, ela merece ser feliz com o grande amor da vida dela. Minha filha merece realizar os sonhos que sonhou com você, Arthur. - ela chora cada vez mais - me perdoa, meu filho.
Arthur: eu não tenho o que perdoar. A Carla vai ficar bem, ela vai ficar bem sim e eu prometo a você que farei de tudo pra que ela seja a mulher mais feliz desse mundo.Ela me abraça apertado até que ouvimos a voz do médico procurando os familiares de Carla Diaz. Nos aproximamos, ele informa que ela estava inconsciente e passando por alguns exames, ela teve alguns cortes superficiais devido aos vidros do carro que quebraram, o airbag funcionou bem, e eles precisam se assegurar agora se não houve hemorragia interna ou algum traumatismo.
Pocah e Juliette chegam no meio da explicação, Fabrizio que ja estava lá e eu não tinha visto também se aproxima. Ao fim da fala o médico informa que logo trará mais notícias e nos conduz para uma sala mais reservada. A frente do hospital já está cheia de repórteres e jornalistas.
O tempo parece se arrastar. Estou sufocado e desesperado. Já descobrimos que o acidente foi causado por um motorista bêbado, irresponsável. Ele está em outro hospital, mas não sabemos de mais nada e nem queremos. Fico andando de um lado pro outro da sala, a Pocah e a Ju tentam me consolar, em vão. Meu rosto está banhado pelas lágrimas desde a hora que eu soube do acidente, não consigo parar de chorar.