ARTHUR
Quando a vejo fico completamente sem ação, mas quando ela começa a se afastar desperto do transe que vê-la me causou. Corro atrás dela e ela continua indo pra longe de mim.
Quando a alcanço, ela fala que veio saber da Dani, e percebo pela sua voz trêmula o quanto ela está abalada com essa situação. Ela se solta de mim e sai cada vez mais rápido. Eu não tive chance de dizer nada, continuo indo atrás dela e a chamando, atraindo todos os olhares, mas não estou nenhum pouco preocupado com isso.
Cruzo as portas do hospital no exato instante em que vejo a ambulância bater nela. O motorista tentou frear, mas não conseguiu. Ela saiu do nada, assustando o condutor que ja acelerava o carro. O corpo da Carla tomba no chão e vejo a multidão se formar, ao mesmo tempo em que minhas pernas tremem e o choro me sufoca.
Me forço a me aproximar, apavorado com o que eu possa encontrar. O motorista da ambulância ja se prontificou, chamou quem pode ajudar, eu forço minha passagem por entre as pessoas e meu coração pesa quando a vejo ali, tão frágil, desacordada e a marca das lágrimas que escorriam pelo rosto. Os médicos a colocam numa maca, e eu tento chegar nela, mas eles me impedem.
A única coisa que ainda posso fazer é segui-los, sigo até onde consigo. Eles entram com ela em uma sala para prestarem assistência e eu fico do lado de fora, desesperado, meu choro já não é nada contido. Me assusto quando mãos tocam o meu braço: Thais. Minha irmã.
Thais: o que aconteceu? A mamãe falou que a Dani tava bem - ela estava assustada - eu fui só tomar um café
Arthur: a Carla, é a Carla - mal consigo falar em meio ao choroThais: que? Arthur, respira. O que ta acontecendo?
Faço o que ela pede, respiro fundo e dou o meu melhor pra explicar a ela o que aconteceu. A Carla veio aqui, saber da Dani, mas não chegamos a conversar pois assim que me viu ela se afastou. Eu não entendo nada. Fui atrás dela. E vi o exato instante em que ela foi atropelada.
Thais: mas, não faz sentido. Se ela veio saber da Dani lógico que tinha a possibilidade de ela te ver. E quando te viu ela foi embora? O que você tava fazendo quando ela te viu?
Arthur: nada demais, eu tava ali no corredor, quase na porta da sala em que a nossa família está, tava mandando a biscoiteira... - MEU DEUS - THAIS!
Thais: o que?Arthur: a Carla me viu no exato instante em que eu tava mandando a biscoiteira da Amanda embora, a Amanda me abraçou e saiu. Será que isso mexeu com a Carla? Não né, eu ja to viajando.
Thais: óbvio que mexeu! Arthur, se ela veio aqui, com isso tudo de repórter que tem, pra saber da SUA irmã, é porque VOCÊ ainda é muito importante pra ela. E considerando tudo que vocês passaram, é preciso muito amor pra engolir o orgulho e se mostrar presente num momento tão delicado e íntimo. Eu só posso imaginar como ela tomou a decisão de vim e o choque que foi te ver com a Amanda, provavelmente ela achou que vocês tão juntos e quis fugir o mais rápido possível.Arthur: Thais, pelo amor de Deus - começo a chorar mais ainda - ela precisa ficar bem, ela tem que ficar. Ela precisa saber - soluço - eu preciso dizer a ela - me encosto na parede e deslizo até o chão, tapando o rosto com as mãos e me entregando ao choro.
Thais: calma, Arthur - ela se ajoelha na minha frente - Respira. O que você precisa que ela saiba?
Arthur: que nunca teve outra além dela, que meu coração é só dela - falo chorando cada vez mais.A iminência de perder a Carla me fez esquecer de toda mágoa, de toda raiva que eu estava sentindo. Me fez querer passar por cima de todo passado e deixar ela saber o tanto que eu ainda a amo. A espera por notícias está me sufocando, eu estou num estado de profundo desespero.
A Thais não me deixou sozinho um minuto sequer, está esperando comigo e tratou de avisar a nossa família o que aconteceu. Minha mãe avisou que a Dani já acordou e está muito bem, que ela estava com ela e que nós mandemos notícias sobre a Carla.
Me assusto quando meu celular toca. É a Pocah. Em desespero pois acabou de ver a notícia do acidente da Carla. Tentou ligar pra ela, sem sucesso e agora sei que a Pocah que disse pra Carla que eu estava aqui.
Explico a ela o que aconteceu e ela me conta como a Carla chegou ate aqui, confirmando tudo que a Thais pensou, ela queria saber da minha irmã e de mim. Ela veio por mim. E isso só me faz chorar ainda mais.
A Pocah pede que eu dê notícias logo que eu as tiver, e diz que vai avisar a mãe da Carla. Minutos depois meu celular está tocando e vejo o nome da minha ex sogra na tela. Atendo e ela me avisa que está chegando, diz que a Pocah ja contou tudo que aconteceu e que eu não me preocupe, ela sabe que estamos juntos nessa. Amamos a Carla.
Quando estamos ao telefone, o médico vem até nós e eu coloco no viva-voz para que ela possa ouvir. Ele nos avisa sobre a extensão dos ferimentos da Carla, ela precisará de cirurgia pois está com uma hemorragia interna. Eles precisarão explorar pra descobrir a origem. Dona Mara autoriza a cirurgia e eles correm para realizar.
Me apego a todos os santos que consigo lembrar, pedindo a Deus que esse pesadelo acabe.
Em um momento a Thais me avisa que a polícia está no rastro dos causadores do acidente da Dani, e provavelmente vão conseguir resolver isso rápido. Isso me alivia um pouco, pelo menos essa questão vai se resolver.
Passamos longas horas na espera, dona Mara chegou ao hospital, a Pocah também, que pegou o primeiro voo que conseguiu... estamos todos na mesma sala em que eu estava mais cedo esperando notícias da Dani.
O tempo se arrasta. Até que o médico chega. Ele chama pela família de Carla Diaz. Dona Mara se aproxima e me puxa com ela. Esse gesto não me passou despercebido, mas não consigo dar muita atenção a ele, pois o médico pede que nos sentemos e a cara dele não é boa.
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O QUE SERÁ QUE O MEDICO VAI DIZER?? EU TO NERVOSA 🗣
(eu prometo a vocês que vai ficar tudo bem, confiem em mim 😝)
Val 🦋🥁