ARTHUR
De todos os caminhos que poderíamos tomar, eu nunca pensei que o nosso fim seria aqui. Em um tribunal. Eu e a Carla nos desencontramos muito e o nosso maior problema, depois da falta de comunicação, foi as pessoas se intrometendo.
Eu processei a mãe dela por difamação. Eu não queria, mas foi necessário. Porque eu não queria? Porque eu entendo a raiva dela, eu sei que eu também magoei a Carla, não vou ser hipócrita, nós dois erramos muito e nos machucamos demais. E a mãe dela vira leoa pra defender a filha. Por isso eu entendo a reação dela a mim, não que eu tenha feito absurdos, nada disso, minhas brigas e da Carla sempre foram brigas comuns em relacionamentos.
Porém, apesar de entender, ela passou dos limites. Começou afetar meu profissional e eu fui orientado pela minha acessoria a seguir assim. Foi o que fiz, processei e hoje é nosso encontro no tribunal.
Eu e a Carla não nos falamos desde que eu a bloqueei e eu estou nervoso em como vai ser esse primeiro encontro. Meu advogado senta ao meu lado e começamos a repassar as acusações até que a porta se abre e eu sinto seu cheiro antes de vê-la. Precisava ser tão cheirosa assim? E linda! Ela ta mais linda ainda. Que raiva!
Nossos olhares se encontram e eu consigo sentir ela me fuzilar, desvio o olhar e me concentro no que importa.
CARLA
Quando entro na sala de audiência eu o vejo, lindo, maravilhoso, gostoso...que odio! Estamos aqui hoje porque ele processou minha mãe, o que ele tava pensando? Depois de tudo!
Ta, eu sei que ela passou dos limites, eu tentei conter ela, mas eu não tenho esse controle, eu implorei pra ela esquecer tudo, mas ela não se aguenta, ela toma todas as minhas dores e mostra as garras pra me defender, é minha mãe afinal. E o Arthur, poxa, além de me bloquear ainda processou minha mãe, custava falar comigo? Custava me procurar pra tentar resolver?
Eu sei que ele ta muito magoado comigo, eu errei muito com ele, mas foi via de mão dupla, ele não ta isento de culpa pelo nosso fim. E agora eu sou obrigada a ta nessa sala com ele e ainda ver o quanto ele ta mais gato ainda. Que raiva!
A audiência começa e as evidências são apresentadas, assim como as propostas de acordo. Passamos um bom tempo ouvindo as partes, até que o juiz da uma pausa para que cada um converse com seus respectivos advogados sobre o possível acordo.
Saímos da sala e enquanto minha mãe fala com o Dr. Vasconcelos, nosso advogado, eu me dirijo até o banheiro. Quando estou saindo vejo Arthur entrar na sala da frente e antes que ele possa fechar a porta eu forço minha entrada. Ele se assusta, mas me da passagem, meu coração falta sair pela boca, cruzo os braços para que ele não perceba minhas mãos tremerem e tento controlar minha respiração para que ele não note o efeito que ainda tem sobre mim.
Eu sou completamente apaixonada por ele, não adianta me enganar dizendo que superei, porque não é verdade, por isso é tão difícil, porque eu também to com muita raiva e meu intuito aqui é só tirar satisfação, quando o que eu quero mesmo é agarra-lo.
ARTHUR
Me assusto quando ao entrar na sala em que me reuni a pouco com o advogado, empurro a porta pra fechar sem olhar pra trás e sinto resistência, quando me viro a vejo tentando entrar. Ela de perto é mais linda ainda, mas seu olhar poderia derreter uma pessoa, ela estava fazendo um bico lindo que eu sempre amei beijar quando ela tava de birra. Depois que ela entra, cruza os braços e eu espero ela falar.
Carla: o que você tava pensando?
Arthur: em que momento?
Carla: quando decidiu processar minha mãe! Idiota!
Arthur: Hahahah SÉRIO? Você tem acesso ao mundo digital né? Você viu os absurdos que ela falou de mim?
