ARTHUR
Quando vejo toda a mágoa naqueles olhos e toda dor que causei, tomo uma decisão que achei que jamais tomaria: Eu vou consertar as coisas com ela. Eu preciso fazer isso.
A adrenalina que me tomou desde que vi o quase acidente pode ter contribuído pra isso, eu fiquei apavorado, pensei que tinha sido algo mais grave e me desesperei com a possibilidade de não tê-la mais. Quando a vi bem, soltei o ar que nem sabia que estava prendendo, mas quando a vi chorando e jogando em mim toda mágoa guardada em todos esses meses, percebi que eu nunca vou conseguir superar o que a gente teve. O que a gente tem.
Vê-la chorar me destrói, principalmente quando o motivo das lágrimas sou eu. Eu a amo, e o amor é confuso, mas também é generoso e sem orgulho. Eu não me importo de ter passado pelo inferno com as coisas que ela me fez, eu só quero tirar a dor dela, dor que eu causei, eu só quero ela de volta, eu quero a gente de volta.
Foi por isso que a beijei, eu ansiava por senti-la novamente, meu corpo gritava de saudade do dela. Sinto que ela baixou as barreiras e se entregou na mesma intensidade que eu me entreguei. Quando a mando pro meu carro e ela tenta resistir fui mais firme ainda, ela não vai escapar dessa vez. Eu não vou perdê-la de novo.
O caminho ate minha casa é silencioso. Não dizemos uma palavra sequer. Ela nem questiona o fato de eu leva-la pra minha casa ao invés da dela. Quando chegamos, percebo ela olhando o espaço, ela ainda não conhecia minha casa. Deixo-a na sala e vou ate o meu quarto, voltando com uma boxer minha e uma camisa, entrego a ela.
Arthur: o banheiro é ali, tira essa roupa molhada, se quiser pode tomar um banho, vou preparar alguma coisa pra gente comer - digo e ela assente.
Vasculho minha geladeira e encontro uma lasanha pronta de microondas, deixo em preparação e vou tomar um banho e tirar essa roupa molhada também.
Volto ate a cozinha antes dela, chego a pensar que ela fugiu, mas escuto o barulho do chuveiro, o que indica que ela ainda está la. A lasanha fica pronta e eu ajeito a mesa pra nós dois.
Vou ate meu quarto buscar a caixinha de primeiros socorros e chego a sala ao mesmo tempo que ela. Paraliso por um instante, ela está linda, cabelo molhado, minha blusa indo ate o meio de suas coxas. Ela me encara e da um meio sorriso. Eu retribuo e vou ate ela.
Arthur: vem aqui, deixa eu ver esse machucado.
Ela não diz nada, permite que eu a conduza ate o sofá. Ela senta e eu começo a fazer um curativo.
Carla: ai
Arthur: te machuquei?
Carla: não, é que, ta dolorido, o corte
Arthur: vai melhorar - finalizo o curativo na sua testa - você tá machucada em algum outro lugar?
Carla: não - ela suspira - só to com uma leve dor de cabeça - ela põe a mão na têmpora
Arthur: deve ser pela pancada, vou pegar um remédio pra você, se piorar ou se você sentir qualquer outra coisa, me fala, que a gente vai pro hospital, ta bom?
Carla: Arthú, você não precisa...
Arthur: preciso - a interrompo olhando nos seus olhos - preciso sim - beijo a testa dela - vemPego a mão dela e vejo o sorriso que ela tenta disfarçar. A levo ate a mesa que preparei, entrego a ela o remédio e um copo d'água, quando ela bebe, vou buscar a lasanha e coloco na mesa.
Carla: hmmm o que temos hoje chefe?
Arthur: lasanha de microondas - falo orgulhoso e ela gargalha
Carla: por um momento achei que fosse rabada - ela da um sorriso sapeca e meu coração explode de amor por essa mulher
Arthur: vai ter que ficar pra próxima, te prometo rabada com chips de inhame - digo e ela gargalha mais uma vez
Carla: eu vou cobrar
Arthur: pode cobrarSorrimos um pro outro e o silêncio se instala. A sirvo e em seguida me sirvo, comemos e conversamos algumas amenidades, desviando do elefante na sala, ignorando o motivo que ambos sabemos que nos trouxe aqui.
Quando terminamos, coloco a louça na lava louça e a encontro parada olhando minha estante, com as memórias do BBB. Ela tem um prêmio na mão. Nosso prêmio. Melhor casal.
Quando me aproximo ela guarda.
Carla: você ainda tem - ela aponta pro prêmio que acabou de guardar
Arthur: sim, e você?
Carla: eu também - ela suspira - Arthú... - ela começa
Arthur: não fala nada, vem aqui - a conduzo até o sofá - me ouve agora, por favor
Carla: tudo bemEla me encara, me incentivando a começar.
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Vocês acham que nossos marrentos preferidos vão conseguir se resolver? Ou vem mais briga por ai? Façam suas apostas.Val 🦋