CARLA
Eu to bem, foi mais o susto, o corte nem parece profundo. Dou uma olhada no espelho retrovisor enquanto tento me livrar do airbag. Acho que bati a testa no vidro da janela, o que ocasionou o corte, mas fora isso, me sinto bem.
Dou um salto quando as batidas na minha janela começam, eu sei quem é antes mesmo de olhar. E o seu rosto contorcido em preocupação me confunde, considerando a nossa última interação.
Arthur: CARLA?! VOCÊ TA BEM? - ele grita sob o barulho da chuva e eu não respondo - CARLA! Pelo amor de Deus garota, abre essa porta!
Eu não quero abrir, quero que ele suma! Tento controlar minha respiração pra não chorar, eu vou ter que sair do carro pra conseguir fechar o airbag, de outro jeito não vou conseguir sair daqui. Fecho os olhos, respiro fundo e abro a porta.
Ele se afasta da janela, dando espaço pra porta abrir e eu descer.
Arthur: você ta bem? O que foi isso? - ele segura meu rosto entre as mãos e seus olhos estão preocupado e... marejados? Ou pode ser só a chuva.
Carla: eu to bem - digo firme e tento me desvencilhar, mas ele não deixa e examina meu corte.
Arthur: parece superficial - ele fala, enquanto a água da chuva limpa meu rosto de todo o sangue - vai ficar tudo bem.
Carla: eu vou garantir que fique - digo com raiva e me afasto dele.Eu não preciso disso, eu não quero esses sinais contraditórios na minha vida de novo, ele não vai fazer isso comigo. Primeiro é grosso e depois se derrete em preocupação? NÃO!
Me afasto dele e dou a volta no carro pra abrir a porta do passageiro e dar um jeito no airbag. Ele só me observa, sinto seu olhar sobre mim, continua parado do lado da porta do motorista, e quando finalmente consigo ajeitar o airbag e volto pra entrar no carro ele segura meu braço.
Arthur: você não pode dirigir assim
Carla: claro que posso, me solta
Arthur: Carla! Deixa de ser teimosa, eu levo você, não posso deixar você sair assim! - ele diz, mas solta meu braço
Carla: o que você tem a ver, Arthú? A muito tempo minhas ações não te dizem respeito, você deixou isso muito claro a meses atrás e reafirmou hoje, quando conversamos mais cedo e você deixou claro sua insatisfação ao me ver.
Arthur: Carla...Carla: NÃO! - coloco o dedo em riste - você não vai falar - meus olhos enchem de lágrimas - eu não vou ouvir você, eu to cansada dessa confusão! - as lágrimas começam a escorrer pelo meu rosto e se misturam com a água da chuva, que segue caindo, mas não é o suficiente pra nos tirar desse momento.
Arthur: eu me preocupo com você - ele diz e acho que sua voz está embargada, mas o barulho da chuva me impede de ter certeza
Carla: não se preocupe, eu sei me virar sozinha - bufo
Arthur: eu sei que sabe, mas deixa eu ajudar!Carla: Não! Eu não quero sua ajuda, eu não quero você na minha vida, eu ja sofri demais por você, eu ja quis demais você e quando eu mais queria, quando eu mais precisei, você foi embora, você me deu as costas, você me tratou como sua inimiga, quando o que eu mais queria era enfrentar tudo ao seu lado, mas você não quis isso - já não controlo o choro, falo tudo em meio a soluços e a chuva só torna o cenário mais caótico - Você fez questão de me dizer que minha vida não encaixava na sua e que eu não era quem você pensou!
Arthur: eu tava magoado, Carla - agora tenho certeza que ele está chorandoCarla: e você acha que eu não?! Você acha que eu tava bem com tudo aquilo? Você acha que eu queria abrir mão da minha felicidade? Você acha que eu não te queria?! Eu deixei tudo muito claro, Arthú, desde sempre! E você também deixou, eu só não quis enxergar. - passo a mão no rosto tentando me livrar das lágrimas e da água da chuva que agora cai mais fraca - você me abandonou! Você soltou minha mão! Meu coração gritava por você e você fazia o que? Isso mesmo, ia pra tudo que era festa e saia em tudo que era site de fofoca, toda semana com um affair novo! Você queria que eu fizesse o que?!
Arthur: Carla, por favor me deixa - ele tenta me interromper
Carla: não deixo nada! - o corto - você não tem direito de me pedir nada! Você me quebrou! Eu não...Não consigo terminar de falar pois ele me cala com seus lábios. Tento me desvencilhar, mas em segundos desisto. A língua dele invade minha boca, e as gostas da chuva que caem sobre nós só intensificam o momento, minhas pernas tremem e eu agarro a camisa dele em uma tentativa de me manter em pé, e em uma tentativa de mantê-lo grudado em mim.
Ele passa um braço pela minha cintura, colando nossos corpos, e encaixa a outra mão na curva do meu pescoço, me mantendo ali. Eu deslizo as unhas por sua nuca e o sinto gemer em minha boca, eu queria ter forças pra me afastar, mas nem tento.
Quando ele solta meus lábios, sinto-os latejar, não abro os olhos de imediato, foi um dos momentos mais urgentes da minha vida, não sei nem o que estou sentindo, só sei que não queria parar. Ele ainda me da um selinho demorado antes de quebrar o silêncio que caiu sobre nós.
Arthur: cala a boca que quem vai falar sou eu agora! - quando ele fala, abro os olhos e o vejo a poucos centímetros de mim.
Carla: eu..
Arthur: você nada - ele me corta - a gente vai sair dessa chuva porque não quero que você fique doente, eu vou da uma olhada nesse seu corte e nós vamos conversar! Não tem negociação. Entra no meu carro, vou estacionar o seu e amanhã a gente vem buscar.
Carla: mas... - tento resistir
Arthur: mas nada, a gente vai se resolver hoje!Não resisto mais. Essa conversa ja devia ter acontecido a tempos. Quando ele me solta, vou ate seu carro enquanto ele guarda o meu.
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EITAAAAA ATITUDES! ALGUEM REAGIU FINALMENTE! AS MADRINHAS VÃO PIRAR!Eu não aguento vcs nos comentários kkkkkkkkkkk Comentem que eu volto!
Val 🦋