ARTHUR
Eu ja estava incomodado pela falta de contato com ela, esses dias que ela passou aqui comigo foram tão incríveis, foi tudo tão perfeito, apesar da minha condição, o fato de ter ela aqui deixou tudo muito leve. Ela me deu a força que eu precisava.
Eu ja estou quase tendo alta, ela teve que ir pra SP, mas disse que iria voltar e combinamos de conversar quando ela voltasse. Eu sei que meu incômodo é saudade, canceriano né. Mas, eu esperava que conseguíssemos nos falar pelo menos pelo telefone, o que não aconteceu, por causa da correria em que ela está. Minha mãe disse que tem informado a ela da minha evolução e é isso que temos por hora.
Eu estava bem pensativo sobre nossa situação. Eu estava decidido a não encontra-la mais, ou melhor, conformado. E de repente, eu sofri um acidente, ela voltou pra minha vida e tem sido perfeito. Ela é incrível e a única coisa que quero agora é acertar tudo com ela pra que possamos ficar juntos, verdadeiramente juntos como sempre deveria ter sido. Eu imagino que é o que ela quer também, por tudo que ela tem feito, mas preciso saber com certeza.
Ter ela longe esses dias que ela teve que ir trabalhar, tem sido uma tortura. Eu acho que a questão do acidente me deixou ainda mais sensível haha. Eu estava pensando nisso quando a Abby e o Dan chegaram pra me visitar. Minha mãe deu uma saidinha e eles ficaram comigo.
Eles são meus amigos e me sinto confortável pra me abrir com eles, mas não esperava o balde de água fria que me jogam.
Abby: amigo, eu ia esperar você ter alta pra ter uma conversa séria com você. Mas, acho que agora é a hora. Você não percebe que só está se colocando mais uma vez no caminho do fundo do poço?
Arthur: como assim?
Dan: Arthur, você esqueceu de como você ficou quando terminou com a Carla?
Arthur: ai gente, isso faz tanto tempo, na moral - passo a mão pelo rosto
Abby: nem tanto, e de qualquer forma, ainda são vocês. A Carla é egoísta, Arthur! Ela se preocupa com a imagem dela e só!
Arthur: ei, também não é assim!
Dan: ah é? E cadê ela agora?
Arthur: ta em São Paulo, foi trabalhar.
Abby: e te deixou? Nesse estado? Belo amor esse.
Arthur: espera ai, a Carla é uma mulher independente, Abby. Que sempre batalhou por tudo que ela tem, eu nem quero que ela abra mão de tudo por minha causa. Ela tem os compromissos dela, e ela é responsável e profissional o suficiente pra conseguir dar conta de tudo. Essa sua fala foi muito machista! - falo e ela revira os olhos
Dan: o ponto não é esse Arthur! O ponto é que ela não ta aqui por você. Deve ser por remorso ou qualquer outra coisa. Ate mesmo pela imagem dela, a midia ta amando ela por estar se dedicando a você no seu momento de fragilidade. Eu aposto que quando você sair daqui e não for mais notícia ela vai sumir! Mais uma vez! E você vai ficar na merda. Mais uma vez!
Abby: já começou ne? Você mesmo disse que não falou com ela desde que ela foi pra São Paulo.
Eu fico calado, não sou capaz de argumentar, ao mesmo tempo que sinto que tudo que eles falam é mentira, eu tenho medo. Eu conheço a Carla, só eu sei tudo que senti e vi dela nesses últimos dias juntos. Mas, eu também lembro do inferno que foi quando nos separamos.
Abby: nós vamos te deixar um pouco sozinho, pra você pensar, logo a gente volta ta?
Só aceno com a cabeça e eles saem. Quando vejo a porta fechar eu desabo no choro. Eu quero tanto ficar com ela e fazer dar certo, mas as palavras deles me deram um choque, e se eu tiver lendo os sinais errados? E se realmente ela não quiser dar continuidade a nada?
Sento na cama na intenção de levantar um pouco, enquanto as lágrimas escorrem pelo meu rosto quando a escuto entrando no quarto.
Carla: oieee
Arthur: Carla? - olho pra ela atordoado
