#4 - Cara a Cara

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CARLA

Não é possível! Quando o vejo ja estou perto demais pra fingir que não vi. Eu paraliso, meu corpo estremece. Que poder é esse que ele tem sobre mim? Engulo em seco e tento reagir, mas ele quebra o silêncio primeiro.

Arthur: só pode ser brincadeira - e revira os olhos

A raiva me toma. Quem ele pensa que é?

Carla: o que você ta fazendo aqui? - cruzo os braços
Arthur: a Juliette me chamou - ele também cruza os braços
Carla: não, ela ME chamou! Ela nem sabia que você tava no Brasil, garoto.
Arthur: é lógico que sabia, eu avisei a ela antes de chegar.

Fico sem palavras pois acabo de entender o que ta acontecendo. Eu vou matar a Juliette! Não vou me surpreender se tiver sido coisa dela ele na minha peça ontem.

Carla: porque você foi na minha peça ontem?
Arthur: ah então você me viu?
Carla: claro que vi, não sou cega.
Arthur: pra isso não, pelo menos
Carla: o que você quis dizer com isso?
Arthur: nada, Carla. Respondendo sua pergunta, a Juliette que armou pra mim ir na sua peça ontem. Eu não teria ido se soubesse que você tava no elenco - a voz dele é dura e me destrói aos poucos.

Carla: claro que não, você continuaria fugindo não é? - eu detesto ser assim, mas é mais forte que eu, eu também sei magoar.
Arthur: fugindo de que?
Carla: de nada. Quer saber, eu vou embora. - dou as costas e ele segura meu braço, fazendo uma corrente elétrica passar por meu corpo. Ele também sente, pois me solta de imediato quando o encaro.
Arthur: não precisa ir por minha causa. Eu que vou.
Carla: pra que? Pra depois se fazer de vitima dizendo que não pode ta presente nos lugares por minha causa? EU to indo.

Caminho a passos largos antes que ele possa dizer algo. Uma fina chuva começa a cair e eu me apresso até meu carro. Entro batendo a porta e só então percebo o quanto estou tremendo. A chuva aumenta e eu vejo ele pelo retrovisor, ainda parado ao lado do próprio carro.

Respiro fundo e coloco a chave na ignição, eu preciso sair daqui. A chuva aumenta. Eu dou a ré e me direciono até a saída do condomínio. Tento controlar as minhas mãos trêmulas e meu coração acelerado.

Meus olhos estão cheios de lágrimas e isso dificulta minha visão, de modo que não vejo quando uma moto me corta, logo quando viro na avenida da frente do condomínio da Ju. O que me faz frear bruscamente pra evitar um acidente, porém como a pista está molhada eu acabo rodando nesta, ate o carro parar no acostamento, com o airbag acionado e eu sentindo um líquido escorrer pela lateral do meu rosto. Ergo a mão sentindo uma dor forte na testa, toco o líquido, sangue.

ARTHUR

A casa da Ju é uma das primeiras, e quem está no estacionamento tem vista para a avenida que passa na frente do condomínio, e é por esse fato que eu vejo o carro dela rodando na pista.

Eu estava dentro do meu carro, depois que a chuva intensificou eu entrei e estava tentando me recompor pra ir embora, não queria ver mais ninguém, precisava ficar só comigo, eu a observava ir embora, pensando nas últimas afrontas que trocamos. Eu fui duro com ela, e não me arrependia.

Eu estava cheio de raiva, ja cheguei a atacando e estava disposto a deixar essa raiva me dominar, pra que não tivesse espaço pra qualquer outro sentimento, até o momento em que vi o carro dela rodando na pista. O pavor me tomou, a raiva se dissipou e eu só conseguia pensar que não podia perdê-la.

Liguei o carro e percorri os metros que nos separavam o mais rápido que pude, estacionei o meu carro de qualquer jeito e fui ate o dela, olhei pela janela e a chuva atrapalhou minha visão, mas eu a vi. Ela está acordada, está consciente, mas com o rosto sujo de sangue. Bato na janela desesperadamente, quero tira-la dali, quero senti-la e saber se está bem. Ela me encara e não sou capaz de decifrar seu olhar.

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E a marra continua! Cadê as madrinhas pra fazerem algo?!

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Val 🦋

Vou Revelar (One Shots)Onde histórias criam vida. Descubra agora