CARLA
As lágrimas queimam meus olhos, mas não permito que elas caiam. Eu olho a criança e ele é a cara da mãe, mas consigo ver traços do Arthur nele, ou seria a minha mente me pregando peças? Estou aturdida.
Carla: que história é essa, Luana? - consigo dizer com a voz firme.
Luana: a mais ou menos 1 ano eu e Arthur estivemos numa festa, vocês estavam separados, ele me disse. - eu prendo a respiração - foi uma festa de algum jogador do Flamengo e nós ficamos. Foi só uma noite, mas bem, não precisou mais que isso - ela aperta o bebê no colo e eu sinto meu coração se quebrando.Eu tenho lutado tanto pra ser mãe de um filho dele, e ele ja tem um. Com a Luana. Essa percepção me atinge com tudo. Eu só tenho mais uma pergunta a fazer antes de ir e impedir que ela me veja chorando.
Carla: o Arthur sabe?
Luana: não, por isso te procurei. Tento falar com ele desde que descobri a gravidez, mas ele me bloqueou de tudo e a irmã dele - revira os olhos quando fala da minha cunhada - garantiu que eu fosse mantida longe.
Carla: vou mandar ele entrar em contato com você pelo número que usou para me ligar - deixo algumas notas na mesa e saio em disparada ate meu carro.Quando fecho a porta do meu carro permito que as lágrimas caiam e banhem meu rosto. Isso não pode ta acontecendo. Não pode. Ela tem um filho dele! E ele mentiu pra mim! Ele não me traiu, não estávamos juntos, mas tínhamos terminado por causa dela, pelo inferno que ela fez na nossa vida, e ele mentiu pra mim ainda hoje, dizendo que não falou mais com ela, quando na verdade fez um filho! UM FILHO! Eu não posso acreditar.
Choro sem saber o que fazer. Saio do estacionamento e dirijo sem rumo até que me sinto mais calma e vou pra casa. Ele ja me ligou inúmeras vezes e eu não atendi. O ultimo contato foi uma mensagem me avisando que ja estava em casa, e que me amava. Ele sabe que tem algo errado. Estaciono o carro e caminho no automático até o nosso apê.
ARTHUR
Vou afundar o chão do apê de tanto que ja andei de um lado ao outro. A Carla não me atende, to preocupado, tem algo muito errado.
O Chaplin e o Dummy estão deitados no sofá me olhando e de repente correm até a porta. Ela está chegando. É sempre assim, eles sabem que é ela antes mesmo de ela colocar a chave na porta.
Ela entra e os dois pulam aos pés dela. Meu peito aperta quando a vejo, ela chorou, os olhos estão inchados. Se abaixa para fazer carinho nos cachorros mas não demora muito e ja levanta, caminho até ela.
Arthur: linda... - seguro o rosto dela a fazendo me olhar e vejo os olhos ja marejados - o que aconteceu?
Carla: Arthur - ela respira fundo - tem alguma coisa que você ainda queira me contar sobre você e a Luana? Mesmo de quando estávamos separados...Arthur: não tem amor, a última vez que falei com ela contei pra você. Ainda a vi uma vez em uma festa, mas não nos falamos, eu só a vi, nem sei se ela me viu. Eu tenho zero contato com ela - envolvo sua cintura com meus braços
Carla: Arthú, ela tem um filho seu - ela fala e as lágrimas caemArthur: que? - estou confuso - impossível
Carla: ele tem entre 4 e 5 meses, eu o vi - ela continua falando e eu me afasto tentando absorver o que ela diz - segundo ela aconteceu em uma festa, provavelmente essa que você falou que a viu. Foi a festa do Gabigol né? - eu assinto - então, aconteceu. Seu filho se chama Enrico. - ela passa por mim indo para o quarto.Arthur: Carla - tento a acompanhar e ao mesmo tempo entender, eu não transei com a Luana - amor, não faz sentido, eu não fiquei com ela - entro no quarto e ela esta sentada na cama tirando a sandália
Carla: sabe o que ta doendo? Você mentir pra mim. - ela fala sem me olhar - A gente tava separado então você não me deve satisfações desse período, apesar de que saber que você ficou com ela mesmo ela sendo o motivo do nosso término naquela época abre uma ferida enorme no meu coração, mas o que mais ta doendo agora é você mentir.