CARLA
Eu tinha acabado de chegar em casa depois de um dia daqueles, tava tão cansada que mal sabia meu nome. Mas tava bem feliz, desde que terminei meu último relacionamento, que estava me sugando muita energia, tenho me dedicado ao meu trabalho, coisa que sempre amei fazer e estou muito feliz com tudo que tenho recebido de volta.
Me joguei na minha cama depois de um banho relaxantes e peguei o celular pra olhar as notícias, a primeira coisa que vejo são os stories dele, do Arthur. Meu coração da um salto involuntário e custo a me concentrar no que ele fala, mas consigo.
A Thais teve nenem.
A nenem precisa de um transplante. Meu Deus!
Presto mais atenção e vejo que o Arthur está pedindo ajuda para as pessoas fazerem teste de compatibilidade, já que ninguém da família é compatível. Meu Deus!
Vejo as campanhas acontecendo, em seguida ele agradecendo. A galera ta ajudando, que bom. Vão encontrar um doador. Me deito novamente com o celular de lado, mas minha cabeça fica martelando, não posso ignorar isso, não consigo. Vou fazer o teste também. Se eu não for compatível vou mobilizar minha família e amigos. É um bebê, o bebê da Thais! Eu preciso ajudar.
Me arrumo e peço um uber para o hospital. Vou pensando durante todo o caminho. Tudo que aconteceu entre mim e o Arthur foi muito difícil, dolorido, mas eu não vou deixar isso atrapalhar o que quer que eu possa fazer pela bebê.
Eu e o Arthur não temos mais volta, sigo firme nisso. Depois que terminei meu ultimo namoro as pessoas especularam que eu voltaria com ele, mas eu não quero mais. Eu sofri muito, eu o fiz sofrer muito também. Não gosto de quem ele foi comigo e nem de quem eu fui com ele, por isso, não. Nossa história ja acabou, eu não vou me colocar naquela situação novamente. Não mesmo.
Mas, essa história não pode reger minhas ações, e é por isso que eu vou me ligar a essa família novamente, por outro motivo agora, a Manuela e a Thais, que sempre foi incrível comigo. Apesar do pouco tempo e do pouco contato, a Thais sempre foi um anjo, e eu não me perdoaria se ignorasse esse pedido de ajuda. Farei o que eu puder, por ela. Elas. Thais e Manu.
Chego ao hospital e informo que estou lá para fazer o teste de compatibilidade com a Manuela, dou todas as informações necessárias, as que o Arthur compartilhou nos stories. Sou encaminhada para o local adequado e o teste é feito. Espero o resultado. Já começando a pensar como vou mobilizar mais pessoas pra fazer esse teste, quando o médico chega até mim com um sorriso imenso.
Dr.: Srta Carla, você é compatível com a Manuela Picoli!
Carla: jura?! - estou feliz e apavorada ao mesmo tempo - o que eu faço agora?
Dr.: Bem, você pode fazer o transplante se desejar, eu avisarei a família da menina, e você precisaria se encaminhar para o hospital em que eles estão. Aqui faríamos mais alguns exames somente para confirmar sua saúde.
Carla: entendi, pode avisar, eu vou fazer.É óbvio que eu vou fazer, o destino é um sacana mesmo. Dentre tantas pessoas no mundo, eu sou compatível com a sobrinha do Arthur.
Ligo pra minha mãe e explico a situação. Iremos ao encontro deles ao amanhecer. Faço os exames necessários e vou pra casa arrumar mala.
No dia seguinte, cedo, eu e minha mãe partimos. Ela pergunta como me sinto em relação a tudo isso, e eu ou firme na resposta, estou fazendo isso pela Thais e Manu, eu e o Arthur não temos mais nada a ver. E estou com isso muito claro no meu coração e mente.
Quando chego no hospital, minha internação é feita e meu coração bate tão forte que me assusto. O médico vem ate meu quarto informar que alguém da família quer me ver, mas tenho a opção de recusar. Posso fazer o transplante sem ter qualquer contato com eles. Mas não recuso. Autorizo a entrada.
ARTHUR
Quando soubemos que a Manu tinha um doador ficamos eufóricos, mas nada poderia ter me preparado pra quem seria o doador. O universo só pode ta brincando com a minha cara, não é possível! Tanta gente no mundo, e a pessoa compatível com a Manuela é a Carla!
Por um segundo pensei que minha família tinha esquecido tudo que aconteceu, mas vi no olhar que todos me lançaram quando a ficha começou a cair. Tratei logo de me sair da situação, tratando com a maior naturalidade possível, em seguida sai do quarto e me fechei nos meus pensamentos.
Porque ela vai fazer isso? Eu sou muito grato, obvio, mas to confuso. Porque se envolver com minha família de novo? Depois de tudo. Meu coração bate feito louco, essa mulher ainda tem um efeito gigante sobre mim.
Vou em casa com a cabeça explodindo. No dia seguinte volto ao hospital e fico sabendo que ela já está la, internada. Eu não sei o que fazer ou o que pensar, droga! Eu não quero voltar com ela, não quero aquele caos na minha vida de novo. Mas e se ela quiser? Teríamos chance? Que odio! Porque essa mulher tem tanta força sobre mim?
Minha mãe avisa que está indo vê-la, me chama pra ir junto, diz que entende se eu não quiser ir, mas que seria bom, deixar as magoas do passado pra trás e focar no que de bom vai acontecer agora. Eu não queria ir, mas acabo aceitando, eu to louco pra ver ela, falar com ela. Que droga!
Quando entramos no quarto, ela está la com a mãe, nos cumprimentamos, na maior parte do tempo nossas mães que falam, nós mal nos olhamos, quando nossos olhares cruzam uma vez, ambos desviamos. Minha mãe agradece a ela mais uma vez e as duas choram pelo momento, eu me emociono também, independente de tudo, ela vai salvar a nossa Manu, ela é uma pessoa incrível.
Minha mãe avisa que a Thais vai vê-la depois, pois não quer sair de perto da Manu, e a Carla entende perfeitamente. A mãe dela sai pra atender uma ligação e minha mãe sai em seguida, antes de passar pela porta, volto meu olhar pra ela.
Arthur: porque?
Carla: pela Thais e a Manu, somente.
Arthur: obrigado. - consigo dizer e me retiro.Percebo que ja havia criado expectativa demais quando sinto meu peito rasgar pela dor que essas palavras me causaram. O que eu esperava? Que fosse por qualquer coisa que ela ainda sentisse por mim? Que idiota, Arthur.
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Iiiih parece que não deu muito bom não é mesmo? E agora?