ARTHUR
Procuro de onde vem o perfume. Eu sei que é ela, só pode ser. Quando a encontro, ela estava encostada em um carro, de olhos fechados e nem percebe quando me aproximo. Quando chego mais perto vejo que ela estava chorando, apesar de toda mágoa e raiva que estou sentindo meu coração se aperta. Eu amo ela, independente de pra onde a vida nos levou, o sentimento sempre foi muito forte e verdadeiro.
Quando percebo ja estou secando as lágrimas que escorrem pelo rosto dela em uma carícia suave, ela se assusta e abre os olhos. Quando isso acontece é como se o mundo parasse, o olhar dela sempre disse tudo, e nesse momento arrisco dizer que é um reflexo do meu: magoa, raiva, saudade e amor. Uma confusão de sentimentos.
Nos encaramos por uns bons minutos, ela continua parada enquanto eu continuo a deslizar o polegar por seu rosto. O barulho da festa fica longe e a sensação é que estamos envolvidos por uma bolha, no nosso mundo, com as respirações aceleradas e em sintonia. Ela estava tão nervosa quanto eu, e eu não sei se isso é bom ou ruim.
CARLA
É ele, eu não percebi a aproximação, mas logo que senti o toque eu ja sabia de quem se tratava antes mesmo de abrir os olhos. Estamos a uns bons minutos nos encarando e eu não sei como quebrar o silêncio, nem sei se quero. Parece que enquanto estivermos assim, não poderemos nos machucar, e ja nos machucamos tanto...
Os olhos do Arthur sempre foram muito expressivos e sinceros, e eles transmitem tudo que eu também estou sentindo: dor e uma saudade absurda. Eu amo ele, amo muito, e acho que por isso dói tanto.
Duda: Carlaaa - somos interrompidos pelo grito da minha amiga a minha procura - Carl...desculpa - ela para quando nos encontra e o Arthur tira a mão do meu rosto - pensei que você tava sozinha, oi Arthur - ela sorri pra ele
Arthur: oi, duda, tudo bem? - ele retribuiDuda: sim sim e você? - eles sempre se deram bem
Arthur: indo - ele da um sorriso tristeA Duda retribui mais esse sorriso do Arthur e se vira pra mim
Duda: amiga, você vai voltar?
Carla: amiga, você vai me odiar se eu disser que vou embora? - sinto o Arthur se afastar e como em um reflexo seguro a mão deleDuda: tem certeza? Eu vou com você então.
Carla: não amiga, vai curtir, serio mesmo, eu vou ficar bem, só não tenho mais clima - o Arthur tenta soltar minha mão e eu aperto mais firmeDuda: tudo bem, qualquer coisa você me liga ta? Beijoo . Tchau Arthur, foi um prazer.
Arthur: igualmente, meu bem
Carla: tchau amiga. Beijoo!Quando a Duda se afasta eu olho pro Arthur e ele olha para além de mim
Arthur: me desculpe por ter estragado o seu clima de festa - ele fala com rigidez
Carla: vamos embora comigo? - não perguntem porque não faço ideia do que estou fazendoArthur: que? - ele me olha confuso - tem certeza?
Carla: tenho, vamos pra minha casa, acho que, sei lá, a gente tem que conversar? - sai mais como uma perguntaArthur: você ta me perguntando?
Carla: acho que estou. O que me responde?
Arthur: que acho que precisamos. Você ta de carro?
Carla: não, vim de uber. Você ta?
Arthur: não, uber tambem.Com isso, ele pega o celular e pede um carro pra gente, eu passo o endereço da minha casa e vamos o trajeto inteiro em silêncio. Quando chegamos estamos desconfortáveis um com o outro, isso nunca aconteceu, é ate estranho.
Arthur: sua casa é linda, parabéns.
Carla: obrigada - dou um sorriso fraco - olha minha cozinha, enormeArthur: do jeito que você sempre quis né
Carla: sim haha quer beber alguma coisa?Arthur: quero água
Carla: quantos copos? - não resisto a piada
Arthur: engraçadinha da estrela - ele rir e o clima alivia um poucoEu sirvo a água dele e quando ele bebe me encara o que faz minhas pernas vacilarem.
Arthur: porque você me chamou pra vim com você?
Carla: não sei - respiro fundoArthur: como não sabe?
Carla: na verdade, eu to perdida - me aproximo dele e o levo pela mão ate o sofáArthur: Carla, eu to confuso - ele fala enquanto senta
Carla: eu não sei porque te chamei, porque eu não sei o que espero desse encontro - sento ao lado dele - Eu só sei o que eu to sentindo desde que tudo isso começou. E eu to louca de saudade de você - seguro a mão dele e ele entrelaça nossos dedos - eu sinto saudade do seu cheiro, do seu beijo, do seu abraço, de tudo. De você me chamando de vida, de linda, de poder te chamar de lindo - minha voz embarga - De dormir e acordar com você, de ficar conversando e vendo filme. Arthú, eu sinto falta da gente. E eu sei que a gente se perdeu de uma maneira que fez com que os dois saíssem muito machucados - meus olhos ficam marejados e as lágrimas ameaçam cair - mas eu não sei mais o que fazer, eu não tava aguentando mais viver como a gente tava vivendo - as lágrimas caem e ele as seca - mas eu também não to aguentando mais ficar longe de você - fecho os olhos e ele me puxa para o colo dele me abraçando forte.ARTHUR
Ouvir tudo isso que ela falou me desarmou inteiro, eu só queria ter ela nos meus braços e dizer que vamos ficar bem, mas antes eu preciso entender o que ta acontecendo.
Arthur: linda, eu sinto tanto sua falta também - beijo sua testa - você não imagina o quanto te ter longe de mim me fez mal. Mas, antes de qualquer coisa a gente precisa esclarecer as coisas - ela balança a cabeça em concordância. - você ta com aquele cara?
Carla: eu fiquei com ele, umas vezes, mas não foi nada pra levar adiante - ela se afasta do meu abraço pra me olhar nos olhos - não tem sentimento e nem intenção de ter, eu só tava tentando me convencer de que qualquer um poderia me fazer te esquecer. Ledo engano - ela acaricia minha barba - Acredita em mim, eu não tenho nada com ele.Arthur: eu acredito em você, mas a dor que eu senti de te ver com outro, Carla - olho pra baixo e quebro nosso contato visual - ta muito forte, você não tem noção... - minha voz sai num sussurro e ja sinto as primeiras lágrimas caírem
Carla: eu tenho noção - ela suspira e levanta meu queixo para que eu a olhe - eu senti como se meu coração fosse arrancado do peito quando te vi beijando outra. - vejo as lágrimas se formarem em seus olhosArthur: eu tava com raiva, e magoado com você...Eu acho que ainda to, mas - faço uma pausa - eu não sei Cá, eu não to aguentando mais também.
Ela coloca os braços envolta do meu pescoço e eu envolvo a cintura dela a encaixando no meu abraço. Ambos estamos com o rosto banhado de lágrimas.
Carla: nós dois erramos muito, nos magoamos e deixamos a bola de neve crescer, até que não conseguimos mais resolver nada... eu não te quero longe de mim - ela me aperta com os braços delicados, porém firmes.
Arthur: eu não suporto de ter longe de mim - beijo o rosto dela e intensifico o abraço.Passamos alguns minutos em silêncio, fazendo carinho um no outro e presos num abraço do qual nenhum dos dois quer sair. Até que ela corta o silêncio
Carla: Arthú?
Arthur: oi, linda
Carla: o que a gente vai fazer? - ela se afasta do meu corpo para me olhar e cola nossas testasArthur: você acha que ainda temos direito a mais uma chance? - encaixo minha mão na sua nuca e deslizo o polegar na sua bochecha
Carla: eu acho que pro nosso amor sempre terá chance. Precisa ter. - ela desliza o nariz pelo meu.Eu não perco tempo e colo nossas bocas. É um beijo intenso que chega a machucar, mas nenhum dos dois reclama, tem muita saudade aqui. Quando o ar nos falta, interrompemos o beijo mas não nos desgrudamos.
Carla: eu amo você - ela sussura
Arthur: eu amo você - respondo
Carla: a gente consegue - ela beija a ponta do meu nariz
Arthur: ficaremos bem - a envolvo novamente em meus braços e ambos suspiramos aliviados por finalmente nos termos de volta.—————————————————————-
Vamos ficar bem, família. Independente de qualquer coisa. 🤍Vocês gostaram? Me deixem saber
Val 🦋🥁