#2 - Reencontros

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CARLA

Cheguei no Rio e fomos direto até o hospital onde ele estava, não sei como minha mãe descobriu qual era, e nem me interessa. Nesse momento, minha única preocupação é o estado do Arthur.

Adentrei com minha mãe sem me preocupar com a quantidade de jornalismo presentes. Afinal, é o Arthur Picoli. O local estava repleto de pessoas buscando informações para noticiar. Passei direto, nem sei se me reconheceram. Cheguei a recepção e dei o nome dele. A recepcionista ficou perplexa, ela me reconheceu, mas foi profissional e informou que não poderia repassar informações de um paciente se não fosse para a família. Meus olhos encheram de lágrimas, eu estava cada vez mais desesperada.

Ela então me chamou para mais perto e disse que quebraria as regras, ela me conhece, ela conhece ele, ela disse que não conseguiria dormir a noite se não fizesse algo por nós nesse momento, mas me implorou que não deixasse ninguém saber, eu garanti o sigilo. E ela me disse tudo.

Ele estava em cirurgia. Ficou preso no veículo e chegou aqui com uma lesão na coluna e um corte grande na cabeça. Os médicos estão trabalhando, o caso é todo delicado. A família dele estava na sala de espera. Ela não poderia me deixar ir até lá, mas poderia pedir que um familiar viesse até aqui e autorizasse minha entrada. Hesitei por um instante e minha mãe se adiantou pedindo que ela o fizesse.

Olhei para ela um pouco confusa, mas essa tem sido minha mãe ultimamente, ela só quer que eu siga meu coração, depois de algumas experiências negativas, ela não me deixa mais ir por outro caminho que não o que me leve ao amor, ao amor romântico, o mais intenso e verdadeiro que ja passou pela minha vida. Ela ja afirmou isso, nessas palavras, quando me pediu desculpas por ter agido diferente em outra época.

Desperto dos meus pensamentos quando as vejo. Beatriz e Thais Picoli. Aquelas que ja fora minha sogra e minha cunhada, elas tem os olhos vermelhos e inchados acusando o choro. Eu fico parada sem saber como reagir, e é então que Dona Bia chora ainda mais quando se adianta até mim com os braços abertos e me envolve em um abraço acolhedor. Eu me desmancho em lágrimas abraçada a ela.

Percebo que minha mãe abraçou a Thais. E em dado momento fazemos a troca, eu envolvo minha amiga, que um dia chamei de cunhada, e nossos soluços se misturam. Ao nosso lado, minha mãe e dona Bia também choram abraçadas. Seria um momento lindo, de reencontro se o nosso contexto não fosse tão trágico. Me desvencilho do abraço e crio coragem pra perguntar.

Carla: cadê ele? - eu ja sabia da resposta, mas eu precisava ouvir delas
Bia: em cirurgia - ela soluça - ele não esta nada bem - minha mãe a abraça
Thais: a cirurgia é delicada - ela me explica o que a moça que me atendeu antes ja explicou - vocês vão esperar a cirurgia acabar?
Carla: se tiver tudo bem pra vocês, eu não quero ir embora - minha fala foi carregada de significado, eu não queria ir embora nunca mais, poderia ter completado a frase
Thais: é bom ter você de volta - ela fala me abraçando e eu sei que ela entendeu exatamente o que eu quis dizer.

Caminhamos as quatro rumo a sala onde o resto da família estava. Seu José, Dani e Erivelton, que me olharam surpresos, mas eu pude ver todo o carinho nos olhos deles,?refletindo o que eu também sentia por eles. No outro canto da sala estavam a Abby, que eu ja conhecia pessoalmente e o Dan, que eu sabia da existência mas nunca tinha encontrado, visto que ele se fez mais presente na vida do Arthur quando nós ja estávamos separados. Desses últimos, eu pude senti a frieza do olhar.

Depois de longas horas de espera, e depois de me esclarecerem que foi puramente um acidente e que ele não estava sendo ameaçado novamente, o médico veio nos avisar do fim da cirurgia, que foi bem sucedida, mas precisaríamos esperar ele acordar para saber das sequelas, se havia ficado alguma.

A quantidade de pessoas por vez no quarto era limitada, dona Bia queria que eu fosse uma das primeiras, mas me retraí por completo com o olhar pesado da Abby sobre mim. Além de que eu não estava pronta para vê-lo em uma cama de hospital. Então, disse a dona Bia que seria a última, precisava me preparar. A Thais perguntou se eu tinha certeza, eu disse que sim. E eu sabia que a Thais percebeu a hostilidade dos amigos dele comigo. Mas, aquela não era a hora pra se ater a detalhes tão banais.

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Eieieieie que tão achando??

E esses amigos ai? Quem eles pensam que são? 🙄

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Val 🦋🥁

Vou Revelar (One Shots)Onde histórias criam vida. Descubra agora