CARLA
Quando todos o viram, a Thais veio chamar a mim e a minha mãe. Quando entrei no quarto minhas pernas tremeram e eu tive que me segurar na minha mãe. Ele estava com a cabeça enfaixada, cheio de fios e curativos. Meus olhos arderam com as lágrimas e eu me aproximei dele, depositei um beijo em sua testa e nem percebi quando todos saíram e nos deixaram sozinhos.
Passei um bom tempo acariciando seu rosto e me perguntando porque nos perdemos, como deixamos chegar a tanto e porque perdemos tanto tempo.
Carla: você é o grande amor da minha vida, por favor volta pra mim. - sussurrei em seu ouvido.
Pouco tempo depois dona Bia voltou ao quarto e disse que Dani e Eri queriam se despedir, eles iriam voltar pra Conduru, Eri precisava cuidar do Pedrinho e da Manu que estavam com as babás e a Dani tinha suas encomendas. A Thais iria ficar com os pais, cuidando do Arthur e de toda burocracia profissional que esse acidente implicou.
Abby e o Dan foram embora com a promessa de voltar no dia seguinte. Dona Bia disse que eu ficasse a vontade para ficar se quisesse, e eu fiquei, eu não conseguiria ir.
Minha mãe ofereceu a casa, mesmo sabendo que tinha o apartamento do Arthur, ela disse que estaria a disposição se eles quisessem ir descansar. E ela poderia ajudar a Thais com a mídia e o que quer que precisasse ser resolvido.
Como só havia espaço para mais duas pessoas no quarto eu disse que ficaria na sala de espera, mas não iria pra casa. Seu José se adiantou e me mandou ficar no quarto, com Dona Bia. Que ele e Thais iriam pra casa com minha mãe. Ele disse que sabia o quão isso estava sendo difícil pra mim também e jamais iria permitir que eu passasse a noite em uma sala de espera quando sabia que o filho também gostaria da minha presença perto dele. Eu agradeci, e eles se foram.
O Arthur não acordou até o fim daquele dia. Eu passei a noite tirando breves cochilos, mas nunca conseguindo pegar no sono. Quando os raios de sol invadiram o quarto, saí em busca de café para me dar forças, estava exausta, mas não conseguiria relaxar até vê-lo acordado.
Quando voltei ao quarto, com meu café e um pra dona Bia, vi a movimentação de médicos e enfermeiros, senti meu coração acelerar com medo do que pudesse estar acontecendo.
Bia: Carla! - me virei a vendo levantar de uma cadeira ali perto
Carla: o que aconteceu?
Bia: ele acordou! - ela me abraçou
Carla: ele esta bem?
Bia: não sei aindaFicamos um tempo ali aguardando, descartando totalmente o café, nenhuma das duas conseguiria beber nada naquele momento. Até que o médico saiu do quarto e nos chamou.
Nos informou que o Arthur estava um pouco confuso, mas quê poderíamos falar com ele, contudo teríamos que ser breves. O Arthur não estava falando e não conseguia mover as pernas. O médico estava indo pedir novos exames, isso poderia ser definitivo ou apenas uma complicação da cirurgia. Saberíamos mais após os exames.
Nós duas ficamos sem fala por um tempo, sem saber o que dizer, pensar ou sentir. Mas, logo noa adiantamos para aproveitar o tempo que teríamos. Antes de entrar no quarto eu travei.
Bia: o que aconteceu, querida?
Carla: e se ele não gostar de eu estar aqui?
Bia: claro que ele vai gostar, venha - me puxou
Carla: não, dona Bia. Eu não quero que ele se aborreça. Por favor, vá sozinha, e diga a ele que estou aqui, se ele concordar, eu entro.Ela fez que sim com a cabeça e entrou no quarto. Alguns minutos depois abriu a porta me chamando, dizendo que ele me esperava. Eu sorri por isso, e ela disse que nos deixaria um pouco a sós.
Entrei cautelosa e me aproximei. Quando cheguei ao lado de sua cama ele virou a cabeça e me olhou. Eu vi confusão em seus olhos, mas tinha algo mais, seria alívio? A minha própria emoção não me permitia ter clareza.
Carla: oie - acariciei seu rosto e ele fechou os olhos - sua mãe te contou o que aconteceu? - ele fez que sim com a cabeça - você ta sentindo dor? - ele acenou que não
Percebi ele movimentando as mãos em busca da minha, apertei a mão dele com força e vi quando as lágrimas escorreram por seu rosto. Não me contive e as sequei, beijando seus olhos em seguida.
Carla: vai ficar tudo bem - falei com a testa colada a sua - você vai ficar bem, ta ouvindo? - ele acenou com a cabeça - você é forte, olha esses 43 de braço - falei rindo e ele riu também.
Nesse momento ouvi batidas na porta, me ergui e vi o médico chegando, avisando que levaria o Arthur para novos exames. Concordei, e antes de me afastar abaixei novamente para falar no ouvido do Arthur.
Carla: estarei aqui quando você voltar, tudo bem? - ele fez que sim e apertou a minha mão - eu não vou a lugar nenhum mais - finalizei deixando um selinho demorado em seus lábios.
Me afastei a tempo de ver o sorriso que despontou em sua face, o que me fez sorrir também.
Eu não iria a nenhum lugar que não fosse com ele. Eu não conseguiria mais, nem queria. O passado ja está tão distante e eu não quero mais viver guiada por ele. Ja lutei por muito tempo e foi só vê-lo sorrindo pra mim pra constatar que eu não posso mais, não aguento mais viver longe do meu amor. É hora de nos dar uma nova chance e eu vou lutar por fazer essa chance dar certo.
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Val 🦋🥁