CARLA
Que que eu to fazendo aqui? É o pensamento que martela na minha cabeça enquanto vejo as pessoas se alongando pra participar da meia maratona no Uruguay. Eu não corro nem no Brasil, pra que inventei isso no Uruguay?
Vim pra cá a passeio, vim rever a família do meu pai, de início era uma viagem só com a minha mãe, mas meu namorado, Bruno, insistiu em vir também. Não estamos muito bem a um tempo, eu to repensando muito as minhas escolhas e obviamente esse relacionamento é uma dessas escolhas. Pra não gerar mais confusão eu aceitei que ele nos acompanhasse. A ideia dessa maratona foi dele, e depois de muito eu negar, ele insinuou que se fosse meu ex convidando eu não pensaria duas vezes em ir, pra provar que ele estava errado, vim.
Se arrependimento matasse eu já estaria dura no chão, não só por ter cedido a chantagem, mas por ter entrado nesse relacionamento. Respiro fundo, decidida a completar essa corrida e chegando no Brasil vou dar um rumo pra minha vida, sem o Bruno.
A gente não combina mais, na verdade nunca combinou, eu que insisti na tentativa de superar mais rápido meu último namoro. O que não funcionou, claro. O Bruno é um cara legal, mas não é pra mim, não tem o sentimento que deveria ter e a insegurança dele em relação ao meu ex me sufoca, principalmente porque tem motivo pra ele se sentir inseguro. Essa situação ja ta insustentável.
Penso tudo isso enquanto espero a maratona iniciar. Sou desperta dos meus pensamentos quando vejo o Bruno se aproximar com uma garrafa de água pra mim, conversamos um pouco coisas aleatórias até que ouvimos um locutor mandar todos os participantes se posicionarem.
Minha mãe, meu pai, minha madrasta e o reato da família estão nas arquibancadas, próximos a linha de chegada nos esperando e eu só quero que tudo isso termine logo. A corrida inicia e logo eu fico exausta, o Bruno tenta brincar, mas eu ja estou muito irritada.
Bruno: vamos amor! Que moleza!
Carla: to indo - falo séria
Bruno: você ta brava?
Carla: não.
Bruno: Carla?
Carla: eu preciso de fôlego pra correr, não posso desperdiçar conversando.
Bruno: você ta muito estranha
Carla: jura? - paro de correr e o encaro - você quer discutir aqui? - coloco as mãos na cintura tentando recuperar o fôlego
Bruno: duvido que você tenha sido chata assim nos exercícios que fazia com o...
Carla: com quem? - o interrompo - com o Arthur? Era dele que você ia falar? Eu não era mesmo, com o Arthur tudo era diferente! - vejo a expressão assustada dele quando falo tudo isso
Ele não responde e eu não digo mais nada, só me afasto pra terminar a maratona. Acelero o passo com a intenção de me afastar dele, mas ja estou muito cansada e acabo perdendo o ar e tropeçando nos meus próprios pés. Sinto o chão ao mesmo tempo que uma pressão enorme na minha cabeça me faz cair em completa escuridão.
ARTHUR
O Revoada vai conseguir tirar o pouco de paciência que eu ainda tenho! Ele não para de apertar o rinoceronte que eu comprei, que arrependimento!
Pra tentar me distrair desse barulho vou dar uma olhada no twitter. A galera ta comentando sobre o sumiço da Carla, aparentemente tem quase dois dias que ela não postou mais nada, a última coisa foi que ia participar de uma maratona no Uruguay, depois disso sumiu.
Eu queria não me preocupar e não me desestabilizar tanto por causa dela. Já tentei de todas as formas, e aceitei que superar não é uma tarefa fácil. Ela me magoou demais, como nunca ninguém fez, e eu sei que eu também a machuquei. No fim, nós fomos péssimos um pro outro e eu queria que só isso bastasse pra me fazer deixar de amar e querer tanto ela, queria que bastasse pra mim ser indiferente a tudo que diz respeito a ela ou que bastasse pra não me fazer sofrer ao ver ela com o atual namorado.
Antes que eu caia novamente em um poço que é muito difícil sair, e no qual eu caio frequentemente, afasto esses pensamentos e volto ao drama do rinoceronte do revoada.
Estou brincando com meu cachorro quando meu celular toca, me assusto quando vejo que é a Pocah, ela nunca me liga. Atendo ja preocupado.
~ Ligação on ~
Arthur: fala tóxica, ta tudo bem?
Pocah: onde você ta? - ela está aflita
Arthur: em casa, o que aconteceu?
Pocah: desmarca os compromissos dos próximos dias, arruma suas malas, to passando pra te buscar, vamos pro Uruguay!
————————————————————
Volteeeeeei! 😝
O que será que aconteceu minha gente?! Eu to nervosa!
Essa história foi uma ideia que a CarThur_Memories me deu, então se preparem que vem coisa boa!
Val 🦋
