ARTHUR
Abri os olhos sem entender nada, não sabia onde estava, ou o que havia acontecido. Até que vi os médicos, lembrei do acidente, os flashes encheram minha cabeça.
Percebi que os médicos me examinavam e pareciam preocupados. Me fizeram perguntas e eu não consegui responder, eu tentei, mas não ouvi minha voz.
Ouvi quando eles disseram que além da dificuldade na fala, eu também não reagia aos estímulos feitos nas minhas pernas. O que tudo isso significava?
Enquanto eu pensava a respeito, vi minha mãe se aproximar. Ela tinha os olhos vermelhos o que fez as lágrimas se formarem nos meus. Ela me encheu de beijos e me explicou o que estava acontecendo, eu tentava assimilar tudo e ela me pedia somente para respirar pois os médicos iriam descobrir o que fazer.
Eu pensava que nada poderia me tirar do eixo como a notícia de não estar conseguindo falar ou mover as pernas. Mas, então minha mãe me informou quem passou a noite no hospital e estava la fora esperando pra me ver. Eu quase acreditei que se tratava de uma pegadinha. Mas, era sério. Ela estava la, a Carla, a minha Carla.
Minha mãe perguntou se eu queria vê-la, e eu confirmei. Eu fiquei nervoso, não sabia qual seria minha reação ao vê-la depois de tanto tempo, e depois de tanta mágoa.
Quando ela chegou perto de mim, eu senti como se pudesse respirar novamente, estava aliviado por tê-la ali, ao mesmo tempo que não fazia ideia do motivo que a levou até lá.
Conversamos brevemente, da maneira que conseguimos considerando minha incapacidade de emitir palavras, e foi quando ela me disse que não iria a lugar nenhum e me deu um selinho que eu tive certeza que passasse o tempo que fosse, eu seria sempre dela.
Eu ainda a amava com todo meu ser, e o passado não me importava mais. Fazia tanto tempo que não nos víamos, aconteceu tanta coisa depois, não valia a pena resgatar o que deu errado. O que valia a pena era isso aqui, ela comigo, os lábios dela nos meus e a promessa de que ela não iria partir.
Os médicos me levaram novamente, fiz novos exames e tive que fazer uma nova cirurgia. A minha falta de sensibilidade nas pernas e a dificuldade na fala foram por conta de um problema na primeira cirurgia, coisa que eles poderiam corrigir na segunda.
E assim o fizeram. Quando abri os olhos novamente a primeira coisa que fiz foi tentar falar. E consegui!
Carla: lindo? - ela estava mesmo aqui
Arthur: Cá? - falei com a voz rouca
Carla: você ta falando - ela chegou perto de mim e colou o rosto no meu - eu vou chamar o médicoEla foi e logo os médicos vieram, me examinaram e estavam mais satisfeitos. Logo minha mãe também estava no quarto, os médicos informaram que eu precisaria ficar cerca de 15 dias no hospital, para realizar algumas sessões de fisioterapia. Eu consigo mover as pernas, mas sem muita firmeza, os médicos disseram que as sessões de fisioterapia deveriam trazer meus movimentos todos de volta ao normal, e eu deveria ficar no hospital para que eles monitorem tudo de perto.
Isso foi um pouco chocante pra mim, de repente me vejo precisando de reabilitação para um movimento tão simples como andar. Só percebo que as lágrimas banham o meu rosto quando sinto as mãos da Carla as secando. Olho pra ela e ela beija minha testa antes de falar.
Carla: vai da certo, não desiste ta? - ela faz carinho no meu cabelo
Arthur: não vou desistir.
Carla: eu vou ficar aqui com você
Arthur: obrigado - puxei o braço dela no intuito de beija-la, e ela entendeu, deixando um selinho nos meus lábios.Nós ainda não conversamos, não tivemos tempo. Eu sei o que sinto e o que quero, mas não faço ideia de qual a intenção dela com tudo isso. Tento não pensar nisso, tenho tanto com o que me preocupar no momento...
Ao longo do dia recebo mais visitas, meu pai, minha irmã, meus amigos e quem mais me impressiona, a mãe da Carla. O foco de todos está voltado para minha recuperação, depois de constatarem que estou bem, meu pai vai voltar para Conduru junto com minha irmã. Meus amigos vão embora, mas farão visitas. Minha mãe vai ficar. Carla não disse nada.
Todos que tinham de ir, foram. Estão no quarto minha mãe e Carla, as escuto conversando ao longe pois estou caindo no sono. Fecho os olhos e parece que os abri imediatamente, porém quem estava no quarto agora são a Carla e a mãe dela.
Escuto quando Carla fala
Carla: eu não consigo ir embora, e eu não quero ir, mãe.
Mara: eu posso da um jeito na sua agenda. Fique tranquila.
Carla: obrigada, mãe.
Mara: mas, você sabe que não são férias, se tiver algum trabalho que eu não consiga mudar você vai ter que fazer, certo?
Carla: certo, eu só não posso ficar naquela correria, eu quero tempo pra ficar com o Arthur.
Mara: eu sei, amor. Vou voltar pra SP e cuidar de tudo, vai me atualizando sobre ele.
Carla: pode deixar. Como esta a mídia com tudo isso?
Mara: noticiado em todo canto que você ta aqui ne, te viram chegar e você sabe que eles vem aqui diariamente pra ter mais informações, sabem que você ta aqui.
Carla: entendi.
Mara: isso te preocupa?
Carla: nenhum pouco. Pelo contrário, cansei de fazer as coisas em off, quero mais é que saibam mesmo. Se precisar confirmar algo pela acessoria, tem minha autorização. Estou aqui e vou ficar.
Mara: Amo você, filha.
Carla: te amo, mãe. Boa viagem.Escuto a porta abrindo e fecho os olhos novamente, estou feliz que ela vai ficar, mesmo confuso com a situação, o que importa é que ela vai ficar. Durmo mais uma vez.
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Ela vai ficaaaar e foda-se a midia! EU NAO TO BEM! 🤧
Comentem muito que eu ainda volto hoje!
Val 🦋🥁