Capítulo 121

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|Narração Ana Beatriz|

— Ana Beatriz, senta... Precisamos conversar sobre algo que eu venho adiando por anos. — suspirou apontando para o sofá.

— Sobre o que? — indaguei permanecendo imóvel.

— É melhor você sentar, o assunto é longo e sério. — insistiu para que eu sentasse.

Assim fiz, me sentei no sofá e logo direcionei o meu olhar em sua direção, confesso que eu estava curiosa e com medo do motivo dessa conversa tão séria, ela já tinha me expulsado de casa, não sei mais o que ela quer dizer.

— Você lembra da sua tia Akira que eu já comentei com você algumas vezes? — suspirou me olhando.

— Lembro sim, vocês eram irmãs gêmeas não eram? — franzi a testa.

— Exato! Quando eu ainda era casada com o seu pai, ela passou alguns meses morando com a gente, e durante esse tempo ela teve um caso com ele. Éramos novos, estávamos descobrindo a vida, mas saber disso foi o meu fim. — cafungou passando a mão sobre o seu nariz.

— O que... Mas a senhora nunca disse isso antes para mim. — engoli em seco.

— Eu não gosto de lembrar disso... Eu respeito a memória da sua tia. — suspirou me olhando nos olhos dessa vez. — Mas não é só isso, ela engravidou do seu pai... — fez uma pausa me olhando.

— E cadê o filho deles? — perguntei sem entender e ela começou a chorar.

Eu estava confusa, estava se passando um filme na minha cabeça, e uma possibilidade quase impossível se passou na minha mente, mas pela sua reação e o seu olhar eu tinha quase certeza de que não era apenas uma paranóia minha.

— Mãe!!! O que aconteceu com o filho deles? — perguntei impaciente.

— Você é a filha deles Ana Beatriz. — cobriu seu rosto com as mãos e começou a chorar.

Minha boca entreabriu e meus olhos marejaram, quando dei por mim lágrimas grossas desciam pelo meu rosto e eu suspirava sem acreditar nisso.

— Você está mentindo... Não. — neguei no mesmo instante sem entender.

— Não Ana Beatriz... Ela não resistiu ao parto e veio a falecer, no leito da sua morte eu e seu pai prometemos te criar e te contar isso anos depois, ou nem contar. — limpou as lágrimas mas elas voltaram a molhar o seu rosto.

— Por isso você me odeia não é? Você me culpa pela traição, afinal eu sou a culpada mesmo, eu sou o fruto da traição do seu marido com sua própria irmã... Agora tudo faz sentido! — comecei a rir nervosa.

— Não, não pense assim minha filha. — suspirou.

— Eu não sou sua filha... Você não é a minha mãe, você é a minha tia que me odeia! — joguei as palavras na sua cara e me levantei.

— Espera Ana Beatriz, eu não quero que pense que eu te odeio por causa disso, porque não é verdade... Mas quando eu te olhava era como se tudo viesse à tona, você me faz lembrar ela, você é muito parecida com ela. — segurou meu braço me impedindo de dar um passo a mais.

— Eu não pedi para nascer, eu não pedi que você ficasse comigo, e eu não pedi que me amasse... Poderia ter me entregado para a doação, seria tudo mais fácil, eu não iria precisar passar por tudo isso e descobrir que a mulher que eu chamei de mãe na verdade me odeia por algo que eu nem tive culpa... A vida é engraçada mesmo não é? — comecei a rir enquanto as lágrimas desciam sobre o meu rosto, eu não conseguia controlá-las.

— Para! Eu jamais deixaria você ir para a doação, você é a minha filha sim, eu te criei Ana Beatriz, eu te cuidei, e te dei muito amor! — afirmou.

— Até a sua filha de verdade nascer, porque depois você esqueceu de mim, você começou a me ver como apenas uma criança que você pegou pra cuidar e não te interessava mais a não ser o dinheiro que ela te dava todo mês. — cafunguei passando o dorso da mão sobre a ponta do meu nariz.

— Você está tirando conclusões precipitadas, eu pensei que contando agora você fosse entender melhor por ser mais velha... Mas você está agindo como uma criança mimada! — disse alterada.

— Eu preferia que tivesse me contado bem antes, aí eu iria entender o motivo de você não gostar de mim. — lhe dei as costas por fim e fui até o meu quarto.

Agora sim eu estava disposta a sair dessa casa, eu não quero ficar mais nenhum segundo sobre o mesmo teto que essa mulher, ela me odeia, ela sempre me odiou, e ainda diz que me criou com muito amor, isso só pode ser piada.

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