Sugar Baby

Capítulo 160

|Narração Ana Beatriz|
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O caminho até a casa da praia foi um silêncio por completo, eu e Barcelos não tínhamos assunto, na minha cabeça eu estava matutando como contaria pra ele sobre o bebê, imagina como isso está sendo difícil pra mim.

— Chegamos! — falou empolgado.

Reparei que haviam mais alguns carros ali, fiquei curiosa, quem mais ele tinha convidado para passar o final de semana com a gente?

— Quem mais vai ficar aqui? — perguntei.

— É surpresa baby. — sorriu.

Descemos do carro, e então eu vi que a Fernanda estava parada na porta com o Smith ao lado, seu sorriso era contingente.

Quando me aproximei dela, a mesma abriu os braços e veio em minha direção me dando um abraço apertado, como eu precisava disso.

— Bia, que saudades de você... — afogou os meus cabelos e eu comecei a chorar em meio ao nosso abraço.

— O que... Você está fazendo aqui? — perguntei sem entender nada.

— Luan me chamou, eu e ele conversamos nesses últimos dias e ele me contou a verdade sobre aquela viagem para Gramado, eu estava cega de amor pelo Raul que não conseguia ver o idiota que ele era, ainda bem que acordei a tempo. Agradeça ao seu marido que foi atrás de mim, porque eu ainda achava que você tinha me traído viu? — eu estava feliz em saber que o Luan tinha feito isso por mim, mas uma coisa me deixa triste, saber que ela confiou nele e não na minha palavra.

— Só sinto muito por você não ter acreditado em mim... — abaixei o olhar.

— Ei... Eu tentei te procurar, mas seu número não existia mais, vocês se mudaram, e sua mãe... Bom, eu soube do que aconteceu. — torceu os lábios.

— Acho que vocês duas tem muito o que conversar, eu e o Smith vamos no mercado e vocês ficam com a casa pra vocês, pode ser? — Barcelos propôs.

Confesso que fiquei admirado, seria a primeira vez depois de um bom tempo que ele me deixaria livre assim, eu não estava entendendo o que aconteceu com ele.

— Claro... Vai ser bom, precisamos muito conversar. — Fernanda disse empolgada e eu assenti.

Luan me encarou como se dissesse: se comporte. Eu conhecia esse olhar dele, com certeza ele queria me dizer que estava me deixando sozinha mas que não era para decepcioná-lo.

Fernanda e eu nos sentamos para conversar, ela pegou duas cervejas me entregando uma delas, peguei a mesma em mãos e hesitei em beber, eu tinha uma vida dentro de mim agora.

— Não vai beber? — perguntou me olhando.

— Eu não posso... — torci os lábios largando a cerveja na mesa de centro.

— Porquê? — me olhava sem entender.

— Eu estou... Grávida. — abaixei o meu olhar.

— Grávida? Meu deus... Eu perdi muitas coisas mesmo. — se recompôs me olhando.

Suspirei e comecei a contar tudo o que aconteceu para ela, como era bom ter com quem conversar, eu me sentia tão sozinha, ter sua melhor amiga de volta com certeza era a melhor coisa.

Ela me pediu desculpas inúmeras vezes, e eu aceitei, afinal, perdoar as pessoas faz parte da vida, não devermos guardar rancor, isso faz mal para nós mesmo.

Quando eu digo que contei tudo, foi tudo mesmo, até sobre as agressões do Luan, eu sei que em Fernanda eu poderia confiar, somos melhores amigas há anos, não existe uma amiga que me entenda mais que ela.

— Amiga... Eu estou sem palavras, você tem que fazer alguma coisa, denunciar... Algo assim. Não dá para você ficar sofrendo para sempre. — pegou em minhas mãos.

— Eu não sei o que fazer, eu estou presa a esse amor, eu estou presa a ele, e agora tem mais um bebê na história, eu tenho que pensar nele também. — torci os lábios com a voz embargada, eu estava quase chorando.

— Eu entendo, mas pega os presentes caros dele e vende tudo... Pega o dinheiro e foge para bem longe, não custa nada arriscar. — deu de ombros.

— É tão bom te ter por perto de novo, mas por favor disfarça, não deixa ele saber que eu te contei isso. — implorei.

— Pode deixar, mas você vai me prometer que se ele fizer algo de novo, você vai me contar e vamos juntas denunciar esse babaca, está me ouvindo? — me advertiu e eu assenti sorrindo.

Nós abraçamos apertado novamente, eu me sentia leve e segura agora, eu tinha alguém por mim, alguém além do Caio, que nem se quer me respondeu mais.

Sei que fui um pouco grossa aquele dia, mas eu estava nervosa e acabei descontando nele, se ao menos ele me respondesse e para que eu pudesse pedir desculpas.