Capítulo 162

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|Narração Ana Beatriz|
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A cada minuto que passava eu tinha mais certeza ainda de que o Smith me odiava, e o motivo? Nunca saberei. Eu sempre o tratei bem, nunca dei motivos para que ele me odiasse, havia algo por trás desse ódio que eu não estava entendendo, mas que sabe um dia eu entenderia.

O dia todo ele fingiu que eu não estava ali, e quando eu resolvia ter algum tipo de contato verbalmente ele era grosso e estupido comigo, eu realmente estava farta disso.

Pela noite foi à vez do Barcelos preparar o jantar, diferente do Smith, ele estava mais solto e leve, me tratou super bem o dia todo, eu acho que os papeis se inverteram, agora é a vez do Smith ser um rude e grosso.

— Nanda, chama o Smith para o jantar? Faz um tempão que ele foi para o quarto e não voltou mais. — Barcelos pediu gentilmente.

— Eu chamo, já estava indo para lá mesmo. — murmurei no mesmo instante e Barcelos me olhou.

— Tá bem. — assentiu desconfiado.

Na realidade eu queria conversar com o Smith, tentar entender o motivo dele me odiar tanto, nunca paramos para conversar sobre isso e não seria uma má ideia.

Entrei no seu quarto e estava tocando uma música lenta e baixinha pelo quarto.

Sua mala estava em cima da cama aberta com algumas roupas bagunçadas, no seu quarto havia um banheiro, pude ouvir o barulho do chuveiro, então suspeito que ele estivesse no banho.

Comecei a bisbilhotar as suas coisas, até que o seu notebook meu chamou atenção, havia uma conversa na tela, era em um chat do Facebook, ele conversava com um homem, a conversa parecia bem amorosamente o que me deixou mais confusa ainda.

Rolei a tela até que cheguei a uma parte da conversa onde ele disse que iria para a praia, a pessoa do outro lado da tela logo perguntou se era com o cara por quem ele foi apaixonado, ele respondeu que sim. Minha garganta secou no instante que eu li isso, agora tudo fazia sentido.

— O que você está fazendo aqui Ana Beatriz? — uma voz furiosa atrás de mim indagou.

Dei um pulo acompanhando de um grito com o susto que eu havia tomado, olhei de imediato para o Smith e ele tinha apenas uma toalha na cintura, os cabelos úmidos e os olhos cravados em mim.

— Agora tudo faz sentido Smith! — me levantei indo em sua direção.

— O que? Do que você está falando garota? — perguntou confuso.

— Eu li a sua conversa... Você é apaixonado pelo Barcelos, por isso você me odeia! —falei alto e em bom som, ele por sua vez arregalou os olhos e foi em direção à porta fechando ela rapidamente.

— Dá para você calar boca? — murmurou impaciente.

— Ele sabe disso? — cruzei os braços.

— Você acha que se ele soubesse eu estaria pedindo para você calar a boca? — retrucou se sentando na cama e eu fiquei de pé o encarando.

— Porque nunca contou? — perguntei receosa.

— Barcelos é machista, ele iria me espancar se eu chegasse nele e falasse que estou apaixonado por ele.

— Eu estou desacreditada. — ri sem jeito.

— O que você estava fazendo fuçando as minhas coisas porra? — praguejou passando as mãos na barba freneticamente.

— Vim te chamar pra jantar, acabei me distraindo e li a conversa... Eu não queria invadir a tua privacidade, longe disso. — torci os lábios me sentindo mal com isso.

— Já invadiu né? — revirou os olhos se levantando.

— Desculpa... Por isso você me odeia? — perguntei sem jeito.

— Eu não te odeio Ana Beatriz. — negou no mesmo instante.

— Odeia sim Smith, eu estou com o homem que você ama. — suspirei.

— Amava. — me corrigiu.

Ouvimos leves batidas na porta, e a voz do Barcelos soou atrás da mesma, nos olhamos assustados um para o outro, agora tínhamos um segredo em comum, eu sabia o real motivo dele nunca ter gostado de mim.

— Porque vocês estão trancados aí? — ouvimos do outro lado e nos entreolhamos sem saber o que fazer.

Smith respirou fundo e foi em direção à porta, eu sabia que não era a melhor opção nesse instante, o Barcelos iria interpretar de forma errada tudo isso. Quando ele abriu a porta, Barcelos entrou eufórico nos encarando.

— Alguém vai me explicar porque vocês estavam trancados aqui? — olhou para nós dois alternadamente.

— Estávamos conversando apenas. — respondi de imediato e ele começou a rir como se eu tivesse contado uma piada.

— E para isso vocês tinham que se trancar aqui? — arqueou uma sobrancelha me encarando. 

— Quando eu saí do banho ela já estava aqui cara, e a porta já estava trancada... Eu não sei qual era o plano dela. — Smith disse na maior cara de pau.

Entreabri a boca sem acreditar que ele havia dito aquilo, ele estava piorando as coisas.

Mas claro, a corda sempre arrebenta para o lado mais fraco, ele jamais iria querer que o Luan desconfiasse de algum possível sentimento seu por ele.

— Vamos Ana Beatriz. — Barcelos pegou em minha mão e saiu me arrastando a força do quarto, eu nem se quer pude me defender.

Entramos no nosso quarto rapidamente e ele bateu a porta trancando a mesma. Se ele tentasse me bater eu gritaria bem alto, não posso o deixar machucar o meu bebê, por mais que ele ainda não saiba da sua existência.

— Você vai mesmo acreditar nele e nem se quer me deixar explicar o que de fato aconteceu? — indaguei.

— Depois do jantar conversaremos sobre isso, só peço que se comporte, sua amiga também está aqui, não se esqueça disso... — me advertiu saindo do quarto.

Me sentei na cama respirando fundo, já que o Smith armou para mim, eu não hesitaria em contar toda a verdade para o Barcelos, chega se ser boazinha, de tanto tentar ser assim eu só me ferrei nessa vida, dessa vez eu vou me defender custe o que custar.

Passei as mãos na barriga sentindo que ela estava um pouco endurecida, como não pude perceber antes que havia uma vida dentro de mim? Meus olhos marejaram só de imaginar um bebê em meus braços, fui despertada dos meus pensamentos pelo Smith entrando no quarto.

— Espero que você mantenha a boca fechada Ana Beatriz. — disse simplesmente e logo em segui saiu do quarto.

O acompanhei indo até a cozinha, o jantar já estava servido e pelo que parece só faltava nós dois para jantarmos. Me sentei ao lado do Barcelos e começamos a nos servir, o silêncio predominava no ambiente diga-se de passagem, estava um clima tenso entre nós três.

— Eu perdi alguma coisa ou esse jantar parece um velório? — Fernanda indagou divertida.

Nos entreolhamos e eu soltei um riso frouxo para amenizar o clima tenso que estava, por fim embalamos em um assunto descontraído deixando de lado o que havia acontecido há alguns minutos atrás.

Sugar BabyOnde histórias criam vida. Descubra agora