Capítulo 193

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|Narração Luan|

Meu coração parecia que iria sair pela boca, eu estava eufórico com a ideia de conhecer a Cecilia, minha filha. Depois de tudo que eu passei, a minha maior felicidade é poder olhar para o fruto que o meu amor e da Bia, por mais que ele só exista da minha parte.

Eu a amo, e muito. Mas sei que ela esta feliz com o Caio, não quero destruir sua felicidade, por isso prefiro manter esse amor guardado comigo, eu vou morrer mesmo, não quero deixar algo pela metade e muito menos vê-la sofrer novamente.

— Luan, é melhor você não abusar muito e voltar para a cadeira de rodas. — Valeria me advertiu e eu neguei.

— Não quero assustar a minha filha, quero poder abraçar ela sem estar naquela coisa ali. — murmurei me sentando no sofá.

Eu não perdi os movimentos totais do meu corpo, eles só estão mais sensíveis, o que faz com que eu não tenha o controle sobre eles, por isso o médico me ordenou a usar cadeira de rodas, e eu o obedeci, mas não por hoje.

— Depois que estiver com dores, não diga que eu não avisei. — cerrou os olhos em minha direção.

— Val, você sempre cuida muito bem de mim, mas hoje eu estou nervoso... Vou conhecer a minha filha, consegue imaginar o tamanho da minha felicidade? — murmurei empolgado.

— Consigo sim meu querido, estou muito feliz por vocês. — sorriu de canto, e logo em seguida olhou para a janela. — Elas chegaram! — disse e eu não pensei que o meu nervosismo pudesse aumentar.

— Meu Deus... Minhas mãos estão soando, parece que meu coração vai sair pela boca. — murmurei passando um lenço na testa, e estava soando frio.

— Vou preparar o lanche pra vocês, já pegou o presente dela? — indagou e eu assenti.

Eu havia comprado a casa da Barbie para ela, segundo a Bia, a pequena gosta muito de brincar de Barbie, então quando eu vi não pensei duas vezes e comprei.

Olhei pela janela e a vi descendo do carro com a mãe, ela era a cara da Ana Beatriz, uma mini cópia dela. Meus olhos marejaram no mesmo instante, como pode ela ser tão linda assim? Eu estava admirado com o tanto que ela parecia com a Bia.

Jamais pensei sentir uma felicidade desse tamanho como senti quando a pequena Cecilia me abraçou, foi o melhor abraço que eu poderia sentir antes de partir. Entreguei o seu presente, e Bia foi até a cozinha com Valeria, nos deixando sozinhos para que pudéssemos conversa.

— Cecilia, o que você gosta de fazer? Me fala de você. — pedi me sentando no sofá.

— Eu gosto de brincar de boneca, e de noite eu gosto quando a mamãe me conta historias para dormir. — disse ela me olhando, eu achava tão meiga e doce à forma como ela se dirigia a mim.

— Que interessante... E qual historia você mais gosta de ouvir antes de dormir? — perguntei empolgado em sabe mais sobre ela.

— De princesas, eu quero ser uma quando eu crescer. — riu tapando a boca com as mãos.

— Mas você já é uma princesa sabia? — sorri e ela se levantou do tapete vindo em minha direção.

— Porque você está doente papai? — perguntou na maior inocência, mas não foi sua pergunta que me chamou atenção, e sim a forma como ela se dirigiu a mim, ela me chamou de 'papai', isso aqueceu o meu coração ainda mais.

— Bom... — limpei minha garganta. — É uma doença que afetou o meu cérebro, e o papai não consegue melhorar. — expliquei da forma mais fácil que eu imaginei em minha cabeça, mas acho que pela sua cara ela ainda ficou ainda mais confusa.

— Mas porque você não toma um remédio para curar? Quando eu tenho tosse, a mamãe sempre me dá um remédio... Vou pedir pra ela dar para você também. — disse acariciando meu rosto com suas pequenas mãozinhas.

— Ah minha linda... Como eu queria que esse remédio da sua mamãe me ajudasse, mas o papai já tomou muitos remédios e não adiantou. — beijei suas mãos.

— E porque eu não te conheci antes? Você é tão legal... — franziu o nariz me olhando com os seus pequenos olhos herdados da mãe.

— Porque você morava bem longe com sua mamãe e seu outro papai... — falei com cautela. — Mas vamos aproveitar muito esses dias juntos, pode ser? Podemos brincar do que você quiser. — propus empolgado e ela sorriu. Minha maior alegria a partir de agora era a Cecilia, quero passar os últimos dias de vida ao seu lado.

Deixei Cecília brincando e fui até a cozinha pegar algo para comermos, quando eu estava na porta não pude deixar de ouvir a conversa da Ana Beatriz com a Valéria.

— "E você já sabe o sexo?" — Val perguntou empolgada enquanto acariciava a barriga de Bia.

— "Ainda não..." — sorriu olhando para a Val.

Ela está grávida?

De certa forma isso me deixou abatido, é complicado ver a mulher que você ama com outro, construindo uma família e sendo feliz.

Claro que eu quero vê-la feliz, acho justo ela recomeçar uma vida sem mim depois de tudo que eu a fiz, mesmo assim eu não consigo deixar de amá-la, Ana Beatriz viverá pra sempre em meu coração, disso eu tenho dúvidas.

Me desculpa Ana Beatriz, eu fui um monstro com você, eu não soube dar valor para a mulher que eu tinha, eu estava cego pelo ciúme é pelo transtorno que me pertencia.

Queria poder dizer que eu sofro ao vê-la com o Caio, queria poder dizer que eu gostaria de estar no lugar dele nesse momento, recebendo a notícia de um bebê a bordo... Mas não posso.

Ela merece ser feliz, e um cara que vai morrer não deve bagunçar a sua vida dizendo essas coisas.

Queria poder dizer tudo o que eu sinto, mas meu coração me impede, ele quer que eu a deixe ser feliz, já fiz muito mal a ela, Ana Beatriz merece uma vida sossegada e feliz ao lado do Caio.

Só amar não vai fazê-la feliz, vai mais além disso... O nosso amor veio para nos mostrar o quão forte ele pode ser, mas não fomos feitos para ficarmos juntos, a vida tem dessas.

Engoli em seco.

Me virei saindo da porta antes que elas me vissem, eu não queria que ela soubesse que eu tinha ouvido tudo.

Voltei para a sala com a minha pequena Cecília e ficamos o resto da tarde ali brincando, mesmo que a minha vontade fosse me trancar no quarto e chorar até soluçar, parece drama, mas não é.

— Você está bem papai? — Cecília perguntou me olhando, e mais uma vez eu engoli o choro e sorri.

— Sim princesa, estou bem. — me sentei no tapete com um pouco de dificuldade, as dores no meu corpo já estavam dizendo "olá", essas eram as consequências do meu esforço.

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