Capítulo 165

148 6 0
                                    

|Narração Ana Beatriz|

Pude ver que o Barcelos e Smith conversavam do lado de fora da casa, soltei um longo suspiro ao ver a forma como o Barcelos olhava para o seu amigo, era como se o Lucas fosse uma aberração, mas essa não era a minha intenção.

Quando eu contei não era para que o Luan o odiasse, eu só queria que ele sentisse uma vez na vida como é ruim você se sentir imersa a alguém, foi assim que eu me senti todos os dias durante esse um ano.

Smith entrou na casa e passou por mim pisando fundo, não deu muito tempo e ele voltou para a sala com sua mala em mãos, fiquei ainda mais confusa.

— Está feliz agora Ana Beatriz? — indagou me olhando.

— O que aconteceu? — perguntei sem entender nada.

— Seu marido tem nojo e repudia de mim, ele simplesmente me mandou ir embora, e quer saber? Eu vou... Já aguentei muita coisa do Barcelos, mas a forma que ele me olhou quando eu falei que era gay eu jamais vou esquecer, me sinto um lixo de pessoa por saber que um dia amei esse homem. — cuspiu as palavras na minha cara e eu agora estava me sentindo péssima, boa parte disso era minha culpa.

— Mas gente, que bagunça é essa aqui? — Fernanda perguntou surgindo na sala somente de pijama.

— Até mais... — Smith disse saindo.

Olhei para fora e o Barcelos já não estava mais lá, sabe-se lá Deus onde ele se enfiou. Olhei para a minha amiga e ela tinha uma sobrancelha arqueada, completamente confusa e eu não a julgo.

— Será que você pode me explicar o que aconteceu? — pediu com cautela.

— Posso, mas é melhor você sentar, pois a história é longa. — suspirei.

Nos sentamos no sofá e eu contei sobre o segredo do Smith que nesse instante não era mais segredo para ninguém nessa casa, eu sei que com isso não se brinca, afinal é coisa séria, mas pela primeira vez na vida eu me senti por cima em relação a ele, desde que eu entrei na vida do Barcelos ele me trata mal.

Nanda me olhava boquiaberta, como se não acreditasse que aquilo fosse verdade, mas bom, era sim, nem eu conseguia acreditar também, se não fosse eu ler a conversa, acho que jamais acreditaria, é aquela velha história: só acredito vendo. 

— Eu sempre o percebi meio estranho mesmo em relação às mulheres, você não? — torceu os lábios.

Quando entreabri a boca para dizer algo, Barcelos entrou na casa de cara fechada, ele me encarou por alguns segundos e foi em direção ao quarto, até a minha amiga percebeu que o clima estava pesado ali.

— Eu acho que o final de semana na praia acabou de vez. — disse ela e eu assenti.

— Eu também acho amiga. — suspirei cabisbaixa. — Eu contei sobre o bebê para ele.

— E ele??? — perguntou eufórica.

— Me mandou abortar. — a minha voz ficou falha ao dizer isso.

— Que homem é esse Ana Beatriz? — perguntou boquiaberta.

— Mas eu não vou... Ele pode fazer o que quiser, mas eu não vou tirar esse bebê. — falei firme.

— Você está certa, esse bebê não tem culpa de ter um pai como o Luan... E sinceramente? Vocês merecem bem mais que isso. — sorriu de canto me dando um abraço apertado.

— Vou deitar... — suspirei criando coragem para me levantar.

— Qualquer coisa me chama, grita, sei lá... Faz qualquer coisa, mas não o deixa fazer nada com você ouviu? — se levantou também e eu assenti.

Nos despedimos e cada uma foi para os seus respectivos quartos, assim que entrei no meu encontrei um homem deitado na cama dormindo. Não esperava o encontrar assim, eu realmente achei que ele iria querer voltar naquele assunto, mas acho que o nosso quase final de semana acabou por aqui.

(...)

Acordei no dia seguinte e o meu lado na cama estava vazio, espremi os olhos sentindo uma leve dor de cabeça. Fiz minhas higienes matinais, quando cheguei à cozinha apenas a Fernanda estava ali, a mesa de café estava posta, e muito farta, com certeza não foi ela que fez isso.

— Bom dia. — murmurei e ela me olhou sorrindo.

— Bom dia amiga você acordou tão bonita... A gravidez está te fazendo muito bem viu? — sorriu animada.

— Nossa, eu acho que alguém está feliz aqui. — me sentei de frente pra ela.

— Conheci um homem maravilhoso, ficamos até tarde conversando... Ele é muito perfeito sabe? — sorriu boba e eu chacoalhei a cabeça rindo.

— Fico feliz por você amiga. — suspirei.

— O café quem fez foi o seu marido, e ele está na praia desde que tomou café... Ele está bem estranho. — fez uma careta.

— Ele sempre foi estranho, não é de hoje. — brinquei e ela me advertiu com o olhar.

Tomamos o belo café da manhã, Nanda disse que iria dar um mergulho, então coloquei um biquíni e fui até a praia também. Me aproximei do Barcelos que estava sentado na areia enquanto a brisa do vento batia em seu rosto.

— Bom dia. — sentei do seu lado e ele nem se quer me olhou.

— Bom dia. — respondeu de forma rude.

— Está tudo bem? — indaguei me virando para ele, Barcelos estava com o semblante carregado, suspeito que ele nem tenha dormido direto à noite.

— Não, não está nada bem.

— Barcelos, se você vai ficar assim o final de semana inteiro, é melhor irmos embora. — respirei fundo me levantando.

— Ana Beatriz, eu realmente não estou bem, não quero discutir, só quero ficar tranquilo e em paz, será que você consegue fazer isso? — retrucou erguendo o seu olhar para mim, pelo menos dessa vez ele olhou em meu olho ao dizer isso, eu odiava quando ele falava as coisas sem me olhar.

— Eu vou sair com a Fernanda então, ir ao shopping, ou algo assim. — dei de ombros, eu queria testá-lo, o Barcelos de verdade jamais permitiria isso.

— Tá bom. — disse simplesmente e eu soltei um longo suspiro, ele não estava bem de verdade.

Estávamos no Rio de Janeiro, o que mais tem aqui são lugares para visitar, então eu iria aproveitar essa brecha para espairecer, sem contar que não é todo dia que eu tenho toda essa liberdade, não é?

Fui até a beira do mar, molhei os meus pés e convidei a minha amiga para sairmos passear pelas ruas de Copacabana, ela aceitou no mesmo instante, já que o clima estava bem pesado ali na casa.

Barcelos não tocou mais no assunto da gravidez, eu não sei como falar disso sem que ele fique furioso e diga para eu abortar, tudo que eu queria era que ele mudasse e fosse um pouco mais compreensivo em relação a tudo.

É um bebezinho, que mesmo que não tenha sido planejado eu amo mais que tudo, ele faz parte de mim, e ele foi a melhor coisa que me aconteceu nos últimos meses.

Sugar BabyOnde histórias criam vida. Descubra agora