Capítulo 133

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|Narração Ana Beatriz|

Não vou mentir, eu sinto falta da minha família, me arrependo por não ter ido atrás da minha mãe quando pude, mas o orgulho falou mais alto e eu acabei aceitando ficar com o Barcelos.

Depois que assinei o contrato as coisas mudaram radicalmente, ele não é mais aquele homem gentil que me escutava e me tratava tão bem, ele mudou para pior, e eu não sei mais o que fazer.

Eu amo esse homem com todas as minhas forças, mas ele nem imagina, eu não posso nem pensar na possibilidade de contar sobre os meus sentimentos para ele, Luan acha isso fútil demais.

— Vou tomar um banho para jantarmos, me espera na sala de jantar. — ordenou e eu assenti.

Minha rotina era essa, acordar, ficar sem fazer nada a manhã toda, e esperar o Luan pelo almoço. Depois disso, eu passava a tarde toda sem fazer nada também, as vezes eu dava um pulo na piscina quando resolvia esquentar, mas não passava disso, eu não podia sair de casa.

E eu nem tinha com quem sair, minha melhor amiga Fernanda simplesmente deixou de falar comigo depois daquela viagem para Gramado, eu até passei por cima do meu orgulho e mandei mensagem, mas ela simplesmente ignorou.

— O Barcelos já vai descer, acho melhor colocar um sorriso nesse rosto! — Valeria disse terminando de servir o jantar.

— Dá para você me deixar em paz pelo menos no jantar? — revirei os olhos.

Ela negou com a cabeça soltando um longo suspiro e por fim saiu da sala de jantar, não demorou muito para que o Luan aparecesse.

Nosso jantar era resumido em silêncio, só se ouvia os talheres batendo nos pratos, nada além disso, era torturante demais.

Não tínhamos assunto, não tínhamos intimidade, era como se fôssemos dois estranhos, Barcelos odiava conversar, a vida dele era ficar na sua empresa, chegar em casa, transar comigo e ir para o seu quarto, simplesmente isso.

— Você está tão quieta hoje... Como foi seu dia? — perguntou me olhando, fui surpreendida com essa pergunta, eu realmente não esperava.

— Foi bom... Mas eu poderia sair um pouco dessa casa, já estou cansada de ficar aqui. — suspirei, eu estava arriscando a dizer isso, mas eu não aguentava mais mesmo.

— E o que você gostaria de fazer Ana Beatriz? — indagou firme, e eu não sabia responder a sua pergunta.

— Eu quero fazer alguma coisa... Estudar por exemplo! — falei óbvia e ele começou a rir.

— Eu não vou te deixar voltar para a faculdade depois daquele acontecimento. — disse firme e eu suspirei.

— Eu já falei que você surtou sem motivos ... Ele era só meu amigo! — levei o garfo com comida até a boca.

— Amigos se abraçam daquela forma? Porque eu nunca vi isso. — debochou.

Vocês devem estar confusos, então vou explicar o que aconteceu de fato, é uma história longa, mas vocês irão me entender no final.

Tudo estava indo bem, eu consegui convencer o Luan de que a faculdade era o melhor remédio para mim e ele aceitou numa boa, mas teve uma noite que ele foi me buscar e me viu dando um abraço em um amigo.

Otávio era realmente só um amigo, ele sempre foi bem carinhoso comigo e nos conhecemos desde o começo da faculdade, eu estava em um dia ruim e acabei desabafando com ele, no fim da aula ele me deu um abraço apertado.

Luan viu tudo, e nem preciso dizer que ele interpretou da pior forma não é? Pois bem, brigamos, e ele disse que eu não voltaria mais para a faculdade.

A princípio eu achei que era besteira, bati o pé, mas no fim não adiantou, ele foi relutante e realmente não me deixou voltar, fiquei dias sem ir para aula, acabei perdendo minha vaga.

Nesse dia eu conheci um Luan que eu jamais havia visto na vida, ele estava com muita fúria no olhar, ele me fitava com raiva, parecia que havia outra pessoa dentro dele.

Fiquei assustada, resolvi não enfrentá-lo mais para evitar algo pior, portanto agora eu só fico em casa o dia todo sem fazer absolutamente nada, e isso tem me deixado muito mal.

— Eu posso estudar em outra faculdade, o que acha? — propus.

— Não, sem chances. — negou no mesmo instante.

— Você nunca vai confiar em mim de novo? — minha voz embargou.

— Não sei... — fez uma pausa. — Amanhã teremos uma festa para ir, você vai ter com o que se distrair, relaxa.

— Essas festas sempre são chatas, eu não gosto. — soltei os talheres na mesa suspirando.

— Não me lembro de ter te perguntado alguma coisa, não mesmo. — me encarou com muita fúria no olhar.

Abaixei o meu olhar e fiquei em silêncio.

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