Capítulo 187

130 5 0
                                    


|Narração Luan|

Nunca me senti tão leve por me abrir assim com alguém, há anos que estou com esse sentimento engasgado, eu estava me sentindo esgotado e sufocado por não poder falar disso com alguém, mas agora estar aqui na frente da Bia podendo falar isso, é a melhor sensação do mundo pra mim.

Há quem diga que as pessoas aprendem com o seus erros da pior maneira, e eu sou a prova disso, quando eu descobri do meu câncer, minha vida mudou completamente. Foi como se eu tivesse levado um choque de realidade, eu comecei a perceber que eu estava morrendo de verdade há pouco tempo, porque antes eu estava em estado de choque.

Depois que a Ana Beatriz se foi, se formou um vazio enorme em meu coração, eu comecei a me martirizar e percebi o quão horrível eu fui com ela. Procurei-a de todas as formas, eu necessitava ter ela de volta pra mim, e de novo cai em mim. Ela nunca foi minha 'propriedade' pra eu tratar ela dessa forma, ela merecia ser feliz e livre, e não presa a mim.

Comecei a perceber muitas coisas depois que eu soube que iria morrer me arrependi por tantas coisas e o que eu mais queria era pedir perdão para a Ana Beatriz. Teve vezes que eu sonhei muitas noites em seguida com ela, a mesma andava em minha direção e eu me ajoelhava em sua frente chorando e pedindo perdão, era tudo o que mais queria.

Tem dias que eu acordo desejando morrer logo, não tenho sensibilidade, não consigo se quer levantar da cadeira de rodas, sinto muitos enjoos e mal consigo soltar um sorriso que seja. Minha vida se tornou decadente, eu não tenho mais esperanças de ser feliz antes de partir, por mim se eu fosse agora eu iria agradecer, porque eu não aguento mais sofrer, eu nunca sei quando vou acordar ou não.

— Luan... — Bia cafungou limpando suas lágrimas. — É claro que eu te perdoo, e não é porque você esta doente ou algo assim é porque eu sinto que você está sendo sincero. Consigo perceber que você se arrependeu e aprendeu com os seus erros, e pedir perdão não é para qualquer um não, você tem que ser muito corajoso pra isso.

— Eu me sinto tão mal por lembrar de tudo, e pensar que eu queria que você tirasse a Cecilia me corrói por dentro ainda mais... Eu mereço todo esse sofrimento, e agora eu percebo. — murmurei cabisbaixo.

— Não... Uma pessoa que percebe os seus erros, pede perdão e se arrepende não merecia passar por tudo isso que você está passando. O câncer é a pior coisa que alguém pode ter na vida, e me dói te ver assim, se eu pudesse fazer algo para tirar isso de você eu faria.

— Só de ter você aqui comigo já é como um remédio pra mim, uma pena que eu não tenho mais cura, o câncer já tomou conta de mim Bia... Tem dias que eu acordo e nem consigo lembrar o meu nome direito, é como se tivessem passado uma borracha nas minhas memórias. — suspirei.

— Deve ser horrível... — torceu os lábios.

— Olha, horrível passa bem longe. — soltei um riso frouxo.

— Eu vou estar aqui com você, como uma amiga... Acho que você precisa muito de apoio nesse momento, e se meu marido aceitar eu quero deixar teus dias mais felizes. — sorriu decidida

— Não Bia, eu não posso permitir que você abandone a sua vida no Japão pra ficar do meu lado, eu já estou em paz por ter conseguido conversar com você... — grunhi fazendo uma careta.

— Está tudo bem? — perguntou preocupada.

— Só as minhas dores de cabeça. — espremi os olhos.

Chamei Valeria e ela me deu um remédio, e logo em seguida me levou para o quarto descansar,  foram muitas emoções hoje, por isso eu fiquei assim.

Sugar BabyOnde histórias criam vida. Descubra agora