Capítulo 152

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|Narração Ana Beatriz|
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Um ano depois...

Ouvi vozes vindo do andar de baixo, espremi os olhos largando o meu livro na cama.

Olhei as horas no relógio que ficava em cima do criado mudo ao lado da cama, e já se passavam da meia noite, devia ser o Barcelos. Levantei da cama e quando fui abrir a porta pude perceber que as vozes estavam mais próximas.

Olhei pela fresta da porta e Barcelos caminhava abraçado com a mulher em sua frente, ele beijava o seu pescoço e murmurava sacanagem enquanto ela ria sem parar.

As lágrimas escorreram pelo meu rosto e meu peito apertou, era como se estivessem arrancado um pedaço de mim toda vez que ele fazia isso, estava insuportável viver assim.

Esperei alguns minutos e desci até a cozinha a procura de um calmante, o que eu tinha no meu quarto eu havia acabado e tudo o que eu não queria era passar a noite acordada depois do que eu presenciei.

— Ana Beatriz, ainda acordada? — Valeria me olhou assustada.

— Você sabe que não consigo dormir enquanto o Luan não chega, só não pensei que ele fosse chegar acompanhado. — torci os lábios abrindo os armários à procura de um calmante.

— Você viu? — suspirou pesadamente.

— Sim, sabe quem é? — indaguei olhando para a mesma.

— Vanessa, ela já veio outras vezes. — disse ela receosa.

— Tem calmantes ainda? — pergunte mudando de assunto.

— Bia, é melhor você parar com esses remédios, irão te fazer mal, você esta tomando todos os dias! — me advertiu.

— Eu preciso Valeria, não vou conseguir dormir sabendo que o Barcelos está no quarto ao lado com outra mulher. — engoli em seco ao dizer isso, doía muito ter que admitir que eu estava sendo traída.

— Você escolheu assim, ainda dá tempo de mudar! — suspirou abrindo uma das gavetas e de lá ela tirou algumas cartelas de calmantes, era tudo o que eu mais precisava nesse instante.

— Valeu... — peguei as cartelas em mãos e sai da cozinha cabisbaixa.

No corredor pude ouvir os gemidos da mulher, aquilo embrulhou o meu estômago de tal forma que me fez sair correndo em direção ao banheiro, vomitei o pouco jantar que eu comi, ando sentindo enjoos nos últimos dias, quem sabe seja o estresse que o Barcelos tem me causado, minha vida literalmente está um inferno.

Acordei no dia seguinte bem cedo, os calmantes fizeram efeito, eu dormi como uma pedra e nem se quer ouvi algo vindo do quarto onde o Barcelos estava com a sua secretária.

Eu a vi poucas vezes na empresa, então não consegui reconhecê-la ontem quando ela chegou com ele, sem contar que eu estava escondida de olhos neles, isso já um grande motivo para o Barcelos me matar.

Bom, para ser sincera, nas condições que eu estou, seria uma benção se ele fizesse isso, assim eu acabaria com esse sofrimento no qual estou vivendo. Já nem se trata mais do amor, o motivo pelo qual eu estou aqui é que ele não me deixa ir, eu estou presa a ele pelo resto da minha vida.

Já tentei de todas as formas fugir, mas ele encheu a casa de segurança e eles estão autorizados a usar a agressão física para me impedir de fugir, caso necessário. Eu simplesmente vivo trancada nessa casa o dia todo, às vezes vou até o jardim tomar um pouco de sol, mas não passa disso.

— Bom dia Val... — falei desanimada surgindo na cozinha.

— Bom dia Bia, como você está? Acordou cedo. — me olhou surpresa.

— Estou, acordei cedo e não consegui dormir mais. — sentei em volta da mesa redonda.

— Entendo... O Barcelos já está tomando café, não vai tomar com ele? — indagou e eu assenti contra a minha vontade.

Eu tinha nojo de olhar para ele, eu me sinto como uma prisioneira dele, e isso está me deixando cada dia mais mal, eu não aguento mais viver nessa casa, ver suas traições e não conseguir me livrar dele.

Caminhei até a mesa do café, e ele tinha um sorriso radiante nos lábios, com certeza foi pela noite maravilhosa que teve com a sua secretária, só de imaginar meu estômago embrulhou.

— Bom dia baby, que bom que acordou cedo para tomar café comigo. — sorriu empolgado.

Tentei esboçar um sorriso verdadeiro, mas não consegui.

— Bom dia. — falei simplesmente me sentando de frente para ele.

— O que aconteceu? — perguntou sem entender.

— Como se você não soubesse , não é? — revirei os olhos cortando um pedaço de bolo para mim.

— Não sei mesmo... Quer fazer o favor de me dizer? — arqueou uma sobrancelha.

— Você trouxe mulher para a nossa casa de novo Barcelos. — praguejei soltando o talher com força no prato, isso gerou um barulho estrondoso.

— Antes de tudo não tem essa de nossa casa, a casa é minha porra, se eu quiser eu trago uma mulher por dia aqui. — falou com desdém.

— E eu, onde fico nessa historia? — minha voz embargou. — Se você quer outras mulheres, me deixa ir embora, eu não quero mais viver presa a esse amor que só me machuca.

— Drama logo cedo não da Ana Beatriz, pega e sobe para o seu quarto, me deixa tomar café em paz pelo menos. — respirou fundo.

Engoli o choro levando um pedaço de bolo até a minha boca.

— QUE PORRA, VOCÊ ESTÁ SURDA CARALHO? — gritou impaciente e eu olhei para ele assustada.

Larguei o talher na mesa e sai dali indo para o meu quarto, eu não queria irritá-lo logo cedo, se não pela noite vem a tempestade e nunca é bom para mim.

Entrei no quarto me jogando na cama, as lágrimas desciam descontroladamente, já era rotina chorar todos os dias e desejar não estar nesse mundo mais.

Minutos depois ouvi batidas na porta e Valeria logo entrou com um buquê de flores em mãos, limpei as lágrimas me recompondo, ela sabia da minha situação, mesmo não concordando.

— Adivinha de quem são? — sorriu largando o mesmo em cima da minha cama.

— Caio? — perguntei com a voz embargada por causa do choro.

— Sim, ele não desiste mesmo hein? Um ano mandando flores todas as semanas, e sempre com um cartão diferente. — sorriu sentando na cama.

— Eu não sei o que ele quer provar com isso. — cafunguei pegando o cartão.

— Só não deixa o Barcelos ver... Por favor! — implorou espremendo os olhos.

A última vez que ele viu um buquê de flores do Caio e leu o cartão, eu fiquei quase um mês sem conseguir dormir de tanta dor, ele me agrediu até eu não aguentar mais, como se a culpa fosse minha.

Para ele a culpa era minha, para ele eu trepava com o Caio e o traia sempre que podia, ele só esquece que me deixa aprisionada nessa casa.

— "Só para você lembrar que não está sozinha... Amo você minha Japinha." — li o cartão soltando um longo suspiro, Valeria tinha um sorriso bobo nos lábios.

Sugar BabyOnde histórias criam vida. Descubra agora