Capítulo 123

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|Narração Ana Beatriz|

Sem vontade alguma, Valeria me levou até o quarto de hóspedes, eu pensei que ficaria com o Luan no seu quarto, mas fui surpreendida com essa escolha dele, confesso não ter entendido nada, afinal já tínhamos dormindo juntos muitas outras vezes.

— Uma mala desse tamanho pra ficar apenas um dia? — Valeria perguntou sendo irônica e eu suspirei me sentando na beirada da cama.

— Eu saí de casa, por isso estou com essa mala... — torci os lábios cabisbaixa.

— Hum... E vai morar aqui? — cruzou os braços me encarando.

— Não... — respondi de imediato fazendo uma pausa. — Na verdade eu ainda não sei onde eu vou ficar.

— Entendi... Você foi esperta de pedir um lugar para ficar ao Barcelos, ele com certeza não vai te deixar morar na rua, ainda mais depois do contrato. — deu de ombros se virando pra sair.

— Que contrato? — perguntei sem entender.

— Val... Ela ainda não sabe. — ouvi um voz masculina vindo da porta do quarto, me surpreendi ao ver o Smith ali.

— Ah... Eu não sabia. — ela disse sem jeito.

— É... Parece que o Barcelos está querendo fazer as coisas diferentes com ela. — murmurou me encarando.

— Entendo. — Valeria disse antes de sair do quarto.

Lucas ficou parado na porta me encarando, eu estava desconfortável com esse assunto, sem entender bulhufas.

— O que você está fazendo aqui? Vai se mudar? — perguntou firme.

— Não... Sei! — falei pausadamente para que ele entendesse, eu não estava afim de conversar.

— E essa cara inchada de tanto chorar? — perguntou com sarcasmo.

— Não diz respeito a você. — retruquei me levantando da cama, andei até a minha mala para tirar minhas roupas da mesma,

— Ta bom Bia, não precisa responder dessa forma. — ergueu as mãos como redenção.

Desviei o meu olhar do seu e fingi estar procurando algo na minha mala, quando na verdade eu só queria que ele me deixasse em paz.

Eu estava sentida, magoada e triste, eu queria ficar sozinha e chorar até cansar, eu não tinha estrutura pra ficar me perguntando o motivo da Valeria e do Lucas não gostarem de mim.

Jantamos em um completo silêncio, Barcelos, eu e seu amigo Lucas, só se ouvia o barulho nos talheres no prato.

Mal toquei na comida, eu estava sem fome, queria apenas ficar sozinha para raciocinar sobre tudo.

— Parece que você não gostou da comida da Val... — Smith afirmou me olhando.

— Eu gostei sim, só estou sem fome. — torci os lábios levando o garfo com comida até a boca.

— Se quiser ir para o seu quarto sem problemas. — Barcelos disse me olhando com cautela.

— Acho que vou tomar um banho. — me levantei.

— Ta bom... — disse ele sem ao menos me olhar.

Achei que vindo até a sua casa essa dor fosse amenizar, mas ele nem estava ligando para isso, ele nem se quer tocou nesse assunto desde que chegamos, e o pior de tudo é não ter sua melhor amiga por perto para desabafar.

Assim que entrei no quarto deixei o meu orgulho de lado e disquei o número da Fernanda torcendo para que ela me atendesse, talvez se conversássemos com calma as coisas se ajeitariam e voltaríamos a ser melhores amigas.

A ligação foi para a caixa de mensagem, liguei mais uma vez e fui completamente ignorada, eu estava sem chão querendo apenas arrancar essa dor de dentro de mim, estava insuportável viver.

Deitei na cama, fitei o teto de gesso e as lágrimas desciam sobre o meu rosto sem esforço algum, estava doendo tanto saber que minha mãe de verdade estava morta, que meu pai nem ligava para mim, e nunca ligou.

Depois que ele e Meiling se divorciaram, ele voltou para o Japão e ligava raramente em datas comemorativas, ele praticamente nos abandonou e isso dói tanto, se ao menos ele se importasse comigo, eu poderia me mudar para o Japão.

Tomei um banho e resolvi descer para beber um copo de água e tentar conversar com o Luan, quando cheguei na sala presenciei uma mulher muito bonita conversando com o Smith.

— Pode subir, ele está te esperando no lugar de sempre. — Smith sorriu apontando para a escada.

— Ta bem... — a mulher sorriu simpática e andou passando por mim. — Oi! — me cumprimentou super educada e eu esbocei um sorriso de canto.

— Olá... — murmurei andando até a cozinha logo em seguida.

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