|Narração Ana Beatriz|
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Pela forma como eles se tratavam eu tinha quase certeza que eles já eram bem mais que namorados, digamos que noivos, casados ou algo assim. Beberiquei o meu café o sentindo descer rasgando pela minha garganta, eu estava com as mesma seca que nem a saliva passava por ali.
— Eu quero vê-lo, ele está na sua casa não é? — falei firme e ele assentiu surpreso.
— Claro... Eu o deixei com a Valeria, ele nem imagina que você está aqui. — disse animado olhando para o seu companheiro, seus olhos brilharam de felicidade.
— Então vamos, antes que eu mude de ideia. — soltei um longo suspiro me levantando.
Todos nos levantamos indo em direção ao carro do Smith, no caminho até a sua casa meu coração parecia que iria sair pela boca, minhas mãos soavam frio e eu respirava fundo muitas vezes, segurei a mão do Caio com força e sorri sem jeito, se não fosse por ele eu nem estaria aqui hoje.
— Vai dar tudo certo amor, eu estou aqui. — sussurrou beijando meu rosto com carinho e eu apoiei meu rosto em seu peitoral inalando o seu cheiro, como era bom estar com ele.
Quanto mais os minutos se passavam, mais nervosa eu ficava, quando Smith estacionou o carro em frente a sua casa, eu engoli em seco sentindo o nervosismo percorrer por cada parte do meu corpo.
Descemos do carro, segurei a mão de Caio e andamos em direção a porta da casa, assim que entramos pude ouvir a risada dele vindo de dentro da mesma, logo em seguida ouvi a voz da Valeria, eles dois pareciam conversar animadamente.
Nos aproximamos mais ainda, pude perceber que eles estavam jogando um jogo, para ser mais especifica era o Banco Imobiliário, quando Valeria me viu ali seu olhar parou, fiz um gesto de silencio com o dedo para ela e a mesma sorriu de canto.
— Lucas, que demora... Onde você foi? — Luan perguntou se virando com a cadeira de rodas.
Quando o seu olhar encontrou com o meu, minha única reação foi chorar, vê-lo naquele estado deplorável foi o suficiente para que eu chorasse, eu estava tão mal em ver o Barcelos assim.
— Val, será que você pode me beliscar? Acho que estou vendo coisa. — pediu com o olhar firme no meu.
— Não querido, é a Bia... Eu também estou vendo. — sorriu cautelosa acariciando os ombros dele.
— Bia??? É você mesmo? Meu Deus... — assenti e ele começou a rir. — É a Bia, Val. A Bia está aqui, eu não estou acreditando. — disse agitado e Val tentava acalmá-lo.
— Calma meu querido, quer ir até lá? — perguntou e ele confirmou sorrindo.
Me sentei no sofá e esperei que ele se aproximasse de mim lentamente, Caio sentou do meu lado e apenas observava a cena em silêncio, eu o admirava muito, não é qualquer marido que aceita ver a sua mulher visitando um ex, ainda mais depois dele ter a machucado, tanto fisicamente como sentimentalmente.
— Meu Deus... É você mesmo. — pegou em minhas mãos, sua língua estava meio enrolada, ele falava com um pouco de dificuldade.
— Sim, sou eu... Como você está? — perguntei e ele soltou um longo suspiro.
— Desse jeito aqui, preso em uma cadeira de rodas e na beira da morte... — abaixou o olhar.
— O que acha de deixarmos eles sozinhos? — Smith propôs e eu olhei para Caio, como se eu pedisse sua permissão para isso, eu não queria que ele ficasse chateado com nada, ele já está sendo tão compreensivo e companheiro comigo, não quero abusar da sua boa vontade.
— Acho uma ótima ideia. — Caio se levantou e antes de sair me deu um beijo.
Sobrou apenas Barcelos e eu, sorri de canto e ele ficou me olhando por incontáveis minutos, era como se ele não acreditasse que eu estava ali, e confesso, nem eu acreditava que tive essa coragem, era estranho estar ali depois de jurar que eu nunca mais queria vê-lo em minha frente.
— Você e ele são fofos juntos. — sorriu cauteloso. Aquele Barcelos que eu conheci jamais diria isso.
— Obrigada... — abaixei o meu olhar.
— Tenho tanta coisa para te perguntar, mas o que está rondando a minha cabeça nesses anos é... Você teve o nosso... — fez uma pausa. — O seu filho? — corrigiu se recompondo.
— Sim, é uma menina linda. — peguei meu celular para mostrar uma foto para ele.
— Nossa... — cafungou pegando o celular em mãos, seus olhos brilharam ao ver a minha pequena, ele olhava tão sereno para a foto que nem parecia aquele Barcelos que pediu para que eu abortasse.
— Linda não é? Ela se chama Cecilia e nem parece que tem seis anos, ela está cada dia mais esperta, você nem imagina. — falei empolgada e ele sorriu me olhando.
— Eu sei que fui um monstro com vocês, sei que pai é quem cria... Mas eu adoraria conhecer ela, não precisa dizer que eu sou o pai, só me deixa vê-la antes de ir... Por favor? — sua voz estava embargada, queria que vocês pudessem ver a forma como ele me olhou, eu senti tanta pena do homem que estava ali na minha frente, não era o mesmo Barcelos, e não precisava de muito para perceber que ele só deu valor a vida depois de saber que estava morrendo.
— Claro que você pode conhecê-la, e eu vou contar sim que você é o pai dela... Cecilia vai amar saber que tem dois pais. — murmurei e ele me entregou o celular em mãos.
— Bia... Eu nem sei por onde começar, eu tenho tanta coisa para te dizer. — suspirou me olhando. — Hoje eu percebo como te fiz mal, como viver comigo era horrível. Eu estava cego de amor, eu não soube lidar com o que eu estava sentindo, mas eu te amava... E ainda amo! — pegou em minhas mãos e eu fiquei imóvel ouvindo tudo. — Me perdoa por tudo, só me dei conta de que precisava de você quando te perdi, se eu pudesse voltar atrás faria tudo diferente. Eu teria cuidado de você, teria te amado e te feito a mulher mais feliz desse mundo, mas eu não posso, infelizmente... — soltou um riso frouxo. — Não estou falando isso para estragar a sua vida, ou o seu casamento, estou falando isso porque eu preciso do teu perdão para ir em paz, eu não iria conseguir morrer sem antes dizer que eu te amei muito Bia. Eu estou tão feliz por saber que você construiu uma vida e que está bem. Estou mais feliz ainda em saber que o Caio cuidou de vocês também, sendo que eu causei tanto sofrimento em sua vida. Me considero um monstro porque hoje eu vejo como muito horrível... Me arrependo tanto! Eu nunca soube lidar com o que eu sentia por você, o amor me tornou uma pessoa doente e possessiva.
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Sugar Baby
FanfictionTinha praticamente tudo para essa ser uma linda história de amor, com um FELIZES PARA SEMPRE, mas como isso não é um conto de fadas, não será bem assim que banda vai tocar. ⠀ Sugar Baby é uma expressai usada para denominar mulheres jovens que envolv...