Capítulo 195

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|Narração Ana Beatriz|

Meses depois...

Caio acariciava a minha barriga enquanto assistíamos um filminho em um sábado chuvoso, finalmente estávamos tranquilos em nosso novo lar, com a nossa família, eu estava muito feliz.

Meu celular começou a tocar, e Caio me alcançou, estranhei ao ver que era a Valéria, ela só me ligava assim quando algo acontecia com o Barcelos, meu coração apertou.

— Atende vida, pode ser importante! — Caio disse acariciando meus cabelos.
Assenti soltando um longo suspiro.

— Oi Val! — murmurei atendendo a ligação.

— Bia... Por favor, onde você está? — sua voz estava embargada, ela parecia estar chorando.

— Estou em casa, o que aconteceu? — me recompus olhando para o Caio, ele sussurrou um breve "O que aconteceu?"

— Você consegue vim aqui urgente, o Luan não está bem... Eu não sei mais o que fazer. — começou a chorar no telefone.

— Mas e o Smith? Ele não está aí? — perguntei.

— Não, ele foi viajar com o noivo... O Luan está quebrando tudo Bia, tudo. Ele está tendo aquelas crises que ele tem, se eu não ficar por perto ele vai tentar se matar de novo. Eu não sei mais o que fazer, talvez se você vier consiga acalmá-lo. — suspirou ao terminar de falar, espremi os olhos preocupada, meu coração apertou ao imaginar na possibilidade dele tentar se matar de novo.

— Eu vou me arrumar e já chego aí Val, se acalma... — murmurei.

Finalizei a ligação e Caio me olhava sem entender nada, eu teria que ir até lá e tentar conversar com o Luan, quando ele ter essas crises é bem complicado para a Val cuidar de tudo sozinha.

— Eu vou tem que ir na casa do Barcelos. — levantei da cama e ele respirou fundo.

— Porque? O que aconteceu? — arqueou uma sobrancelha.

— Luan está tendo uma crise e a Val não está dando conta dele sozinho... — andei até o meu guarda-roupa para trocar de roupa.

— Mas o que você pode fazer para ajudar Bia? — indagou levantando da cama também.

— Conversar... O Smith está viajando com o noivo, e ele está eufórico... Você pode ficar com a Ceci? — olhei para a minha pequena que estava deitada na cama dormindo, ela estava tão fofa que eu não tinha coragem de abordá-la.

— Fico sim... Não quer que eu vá junto? — perguntou colocando meus cabelos atrás do meu ombro enquanto eu procurava algo para vestir.

— Não precisa amor. — sorri de canto lhe dando um beijo rápido.

Peguei as chaves do carro e segui rumo até a casa do Smith, quando cheguei Valéria me agradeceu tanto, ela estava desnorteada.

Dava pra ouvir da porta os gritos dele batendo e jogando as coisas, era arriscado entrar lá com ele dessa forma, ainda mais por conta da minha gravidez, mas segundo a Valéria ele só ouviria eu, de certa forma eu o acalmava.

Bati na porta antes de entrar, logo em seguida os barulhos pararam e ficou um grande silêncio no quarto.

— Quem é? — ele perguntou com a voz rouca.

— Sou eu... A Bia. — murmurei torcendo para que ele abrisse a porta.

— O que você quer? — perguntou.

— Conversar... Pode abrir a porta para mim? — pedi com cautela, não adianta usar mais agressividade com ele nesse instante.

— É melhor você não me ver nesse estado... Eu não estou bem. — disse com a voz embargada.

— Eu sei... Mas conversar pode te ajudar. — apoiei minha cabeça na porta soltando um longo suspiro.

Alguns segundos se passaram para que eu pudesse ouvir a chave sendo girada, ele abriu uma fresta da porta e eu entrei.

Logo de cara tive a visão de um quarto todo bagunçado, cama revirada, vasos quebrados, roupas jogadas pelo chão e o espelho do guarda-roupa trincado.

Engoli em seco ao olhar para o Luan no canto do quarto em sua cadeira de rodas, ele estava com o rosto vermelho, os cabelos desgrenhados e doados, dava pra ver claramente que ele estava eufórico e com falta de ar.

— O que aconteceu? — perguntei soltando minha bolsa na cama.

— Eu não aguenta mais... Eu quero morrer logo! — disse firme, e e neguei com a cabeça.

Soube de muitos relatos pela Valéria que ele já havia tentado se matar inúmeras vezes, ele estava farto e eu não o julgo, deve ser horrível viver dessa forma, sem saber quando você vai acordar vivo ou não.

— Não diga isso... — me aproximei dele, peguei em suas mãos e acariciei as mesmas, elas estavam ásperas e vermelhas, as veias dos seus braços estavam saltadas, sinal que ele ha

— Está cada vez mais insuportável viver assim, eu não aguento mais... — abaixou a cabeça e começou a chorar.

Eu não tive outra reação a não ser abraçá-lo, eu não sabia mais o que fazer para deixá-lo bem, estava doendo em mim ver ele nesse estado.

— Bia.... — grunhiu e começou a gemer de dor.

— O que foi? — murmurei me afastando e ele começou a espremer os olhos enquanto segurava a cabeça com força.

— Está doendo... É uma dor insuportável, eu não aguento. — tombou a cabeça para trás e começou a gritar.

— Vou te levar para o hospital! — afirmei me levantando.

Chamei Valéria e ela me ajudou a levá-lo até o carro, ele gritava de tanta dor que estava sentindo. Eu dirigiria com lágrimas no olhar, a cada instante olhava pelo retrovisor e eles estava gemendo, com a cabeça apoiada no ombro de Valéria, ela estava cuidando dele como um filho.

Por fim chegamos no hospital, demos entrada e o médico dele logo apareceu, pelo seu olhar não era uma coisa boa, a forma como ele olhou para a Valéria dava a entender que era o fim.

Meus olhos marejaram e eu cafunguei imóvel enquanto o levavam para internar, eu não pensei que esse dia chegaria, acreditei que por um milagre de Deus ele pudesse melhorar, mas não.

— Val... — murmurei a abraçando e comecei a chorar, eu não sabia o que dizer, eu sentia que essa seria a última vez que ele estaria no hospital.

— Já sabíamos que isso iria acontecer, temos que nos acostumar mesmo que seja doloroso... Ele está sofrendo demais. — suspirou acariciando meu rosto enquanto eu me derramava em lágrimas.

— Não é justo Valéria... Ele mudou, ele é outra pessoa. — fiz uma pausa me recompondo. — Ele até aceitou Cecília... Ele não pode morrer. — neguei freneticamente com a cabeça, me sentei em uma das cadeira da recepção ficando ali pro longos segundos de cabeça baixa.

— Eu vou ligar para o Smith, ou tentar... — disse se afastando.

Peguei meu celular e liguei para o Caio contando o que havia acontecido, ele disse que chegaria no hospital em poucos minutos com a Cecília.

Eu não queria que ela presenciasse isso, mas não tinha outra forma, não tinha com deixar ela, e eu não sairia do hospital até ter notícias dele.

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