Capítulo 196

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|Narração Luan|

Eu sabia que havia chegado a minha hora, as dores estavam mais intensas, eu não resistiria mais, eu estava no meu limite. Estavam me sedando quando eu segurei os braços do médico e ele parou o que estava fazendo me olhando firme.

— O que foi Luan? — perguntou.

— Por favor... Chama a Bia, eu quero me despedir dela pelo menos. — pedi com cautela.

— Não temos tempo.... — me advertiu.

— Não quero morrer sem antes dizer tudo o que eu sinto... CHAMA ELA!!! — implorei chorando, eu precisava vê-la, eu não iria aguentar, e eu não queria ir embora sem antes me despedir da melhor forma.

— Tá bom... — olhou para a enfermeira e sussurrou para que ela chamasse a Bia.

Os minutos se passavam e eu estava quase adormecendo por conta do tanto de remédio que eles haviam colocado em minhas veias, o médico ainda tinha esperanças de me manter vivo mais algum tempo, mas não tinha jeito.

A porta se abriu e por ela passou um anjo, era a minha Ana Beatriz, ela estava tão linda como sempre, quero lembrar dela com aquele sorriso no rosto e não essas lágrimas que ela derrama nesse instante, não quero deixar ela triste mais.

Bia se sentou do meu lado pegando em minhas mãos, olhei de canto meio fraco, eu só queria que ela soubesse que eu a amo, e que sempre vou amar, independente de onde eu esteja.

— Luan... — cafungou beijando as minhas mãos.

— Eu estou indo minha linda. — sorri fraco.

— Seja forte por favor... Isso não é justo! — fechou os olhos e as lágrimas escorriam pelo seu rosto.

Levei uma das mãos com delicadeza e limpei seu rosto que estava completamente molhado pelas lágrimas, essa não era a imagem que eu queria levar da mulher que eu amo.

— Não chora, eu não quero que você fique assim, eu quero te ver feliz. — murmurei, minha boca estava seca.

— Eu não quero que você vá... Fica comigo. — se debruçou sobre o meu corpo e eu suspirei acariciando seus cabelos.

— Eu estarei em um lugar melhor sem todo esse sofrimento... Estarei cuidando de você e da pequena Cecília de longe, mas estarei... — suspirei fechando os olhos. — Além do mais, sei que o Caio irá cuidar de vocês também.

— Mas você não pode partir agora que tudo estava dando certo, que você conheceu a Cecília, e que nos tornamos amigos. — acariciou meu rosto com suas pequenas mãos, como era bom sentir o seu toque.

— Nunca entenderemos algumas coisas da vida, elas são injustas sim... Mas esse é o meu destino Bia, eu já não faço mais parte desse mundo, eu sinto que estou cansado de lutar contra o câncer, eu só quero descansar... Eu mereci todo esse sofrimento, eu estou pagando pelos meus pecados, entenda. — umedeci os lábios encarando os seus olhos.

— Você errou... Mas a vida não deveria ter se cobrado dessa forma. Você já aprendeu com os teus erros, você não poderia não deixar agora, — deitou sua cabeça em meu peitoral.

Levei minhas mãos até os seus cabelos e acariciei os mesmos como eu fazia há alguns anos. De repente se passou um filme na minha cabeça sobre todos os nossos momentos juntos, a forma como nos conhecemos, e os sorrisos sinceros que eu dei do seu lado.

Foi bom amar a Ana Beatriz, isso eu não posso negar, uma pena que eu percebi isso tarde demais, uma pena ter dado valor apenas depois de perdê-la, uma pena.

Ficamos por longos minutos em silêncio, mas eu podia ouvir o seu choro baixinho e ela sussurrando para que eu não partisse. Se isso dependesse de mim eu jamais iria logo agora que tenho ela e a Cecília do meu lado.

Por mais que eu não tenha ela da forma como eu queria, foi bom passar os últimos meses da minha vida com ela do meu lado, eu tive a certeza que vou amá-la até o meu último suspiro.

— Eu te amo, e pra sempre vou te amar... Jamais se esqueça disso!!! — murmurei e ela ergueu seu olhar pra mim. — Sei que fui um monstro com você, mas eu sempre te amei, e não posso ir sem antes dizer que o meu maior sonho era poder ficar aqui e construí uma família do teu lado. Eu não soube lidar com esse amor, por isso te machuquei, e por isso te perdi. — fechei os olhos. — Amo voc...— suspirei sem conseguir terminar a frase, meus dedos deslizaram pelo seu cabelo caindo ao lado do meu corpo, minha boca se fechou e eu não senti mais nada, foi o meu último suspiro, e minhas últimas palavras.

Sugar BabyOnde histórias criam vida. Descubra agora