Capítulo 153

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|Narração Ana Beatriz|
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— Não me olha assim, eu já sei o que você pensa. — a adverti.

— Se você já sabe, porque não segue meus conselhos pelo menos uma vez na vida? — murmurou.

— Se o Luan ouve isso, você é uma mulher morta! — falei simplesmente levantando com o cartão em mãos.

Escondi o mesmo em uma caixinha no fundo do meu guarda-roupa, lá estavam todos os outros que ele havia me dado, Luan não pode sonhar que o Caio ainda me trás flores.

Minutos depois a porta se abriu e por ela passou o Barcelos com uma expressão séria, seu olhar imediatamente se direcionou para as flores em cima da cama, engoli em seco pensando em uma boa desculpa.

— Saí Valeria, eu quero conversar com ela. — disse firme e Valeria me olhou assustada se levantando.

— Não faz nada com ela Luan, por favor... — implorou com cautela e ele assentiu me olhando firme.

Eu estava imóvel, minha garganta estava seca e eu sabia que estava muito ferrada.

— Nem adianta mentir, eu vi as flores chegando... De quem são? — indagou.

Hesitei um pouco para responder, talvez se eu ficasse em silencio as coisas não ficassem ruins, então assim fiz. Abaixei a cabeça soltando um longo suspiro.

Barcelos se aproximou de mim em passos lentos e curtos, ele me deu uma bofetada forte e eu apenas espremi os olhos sentindo o gosto de sangue na boca.

— Não vai falar? — sorriu com sarcasmo e me deu outra bofetada, mais forte ainda, dessa vez eu acabei caindo com a pressão da sua mão, e o sangue escorreu pela minha boca.

— Foi o Caio. — falei de imediato antes que ele me batesse como da última vez.

— Ele ainda insiste em te dar flores, e você ainda insiste em receber? — gargalhou se afastando de mim.

— Eu nem falo com ele, não sei por que ele ainda insiste. — murmurei.

— Sabe sim, você resolveu transar com ele aquela vez, e isso trouxe a sua ruína. — apontou o dedo indicador em minha direção.

— Por favor, não me bate mais... — implorei ainda no chão.

— Podemos entrar em um consenso para que isso não aconteça... — fez uma pausa se agachando em minha frente. — Você me mostra o cartão que veio junto com as flores, e eu não te bato mais. — suspirou cauteloso.

— Está bem. — torci os lábios me levantando.

Eu fazia de tudo para não apanhar mais dele, Barcelos não economizava quando resolvia me agredir, e isso sim era um dos motivos para eu querer a minha morte de vez.

Assenti me levantando e caminhei em direção ao meu guarda-roupa, peguei a caixa com todos os cartões e entreguei em suas mãos, ele sentou na cama sem pressa alguma para olhá-los, pelo horário ele já deveria estar na empresa há muito tempo, mas parece que ele não está nem um pouco preocupado com isso.

Aproximei-me da porta e ele impediu que eu saísse, segundo ele eu deveria ficar ali presenciando a cena.

— Pelo jeito ele gastou muito com flores e cartões, me admira muito você ter escondido de mim todo esse tempo, até que você não é tão burra assim. — disse admirado.

Fiquei de pé com o corpo apoiado na parede enquanto o aguardava ler todos os cartões, tinha alguns que ele até soltava fortes gargalhadas, como se fosse à coisa mais engraçada do mundo.

— Tem que ser muito corajoso pra fazer isso, de verdade... Eu tenho vontade de acabar com ele e ao mesmo tempo com você. — começou a rasgar cartão por cartão.

— A culpa realmente não é minha, eu apenas recebia as flores. — cafunguei sentindo uma leve ardência na minha boca.

— É sua sim... — levantou se aproximando de mim. — Se você fosse inteligente o suficiente você teria queimado esses cartões juntamente com as flores, e nem se quer os guardaria... Se guardou é porque tem algum significado para você, não é? — segurou meu queixo com força.

Sem pensar duas vezes ele me empurrou contra a parede fazendo com que eu batesse com tudo sobre ela, cai sentada no chão e ele se agachou na minha frente sorrindo.

— O que eu faço com você hein? — levou sua mão até a minha nuca.

Eu não tinha forças, meu corpo todo estava doendo com a pancada que eu levei na parede, era com se isso tivesse me amortecido por completo, eu não aguentava mais viver assim.

— Me mata, por favor... Acaba com o meu sofrimento e me mata, é tudo o que eu mais quero agora. — implorei sentindo as lágrimas escorrerem pelo meu rosto.

— Te matar? Não... Eu quero que você sofra Ana Beatriz! — deu um chute contra o meu corpo.

 Ele andava de um lado para outro e parecia pensar, provavelmente pensava em como me fazer sofrer ainda mais.

— Porque você faz isso comigo? Me deixe ir embora, me deixe viver em paz, o que mais você quer de mim? — indaguei com a voz embargada.

— Não, você é minha! Eu jamais vou te deixar ser livre pra viver com outro, fique ciente disso, eu só vou te perder o dia que você morrer. — disse firme.

Luan se tornou um psicopata possessivo, ele era bipolar, nunca vou saber dizer o tipo de pessoa que ele é, mas isso não é normal.

Quando eu o conheci ele era uma pessoa gentil, doce e divertido, eu idealizei um Luan que jamais existiu, ou então eu posso dizer que essa é uma das suas personalidades. A outra é o Barcelos, possessivo, frio e calculista, que não sente pena de ninguém, ele quer ver as pessoas aos seus pés.

— Eu prefiro morrer a continuar vivendo como uma prisioneira.

— Prisioneira? Desde quando uma prisioneira vive nesse luxo todo? Você ganha roupas e coisas de caras, você come do bom e do melhor. Não está bom para você? — disse impaciente.

— Isso não é felicidade Barcelos, eu quero sair, quero ter uma vida, quero trabalhar, conviver com pessoas que não sejam seus empregados e você. — falei quase numa suplica, eu estava farta de falar, falar e o mesmo me ignorar.

— Aquele dia que casamos na igreja prometemos estar um com o outro na alegria e na tristeza, lembra? — fez bico, seu tom era de deboche, ele estava levando na maior brincadeira o que eu estava dizendo.

— Porque você nunca me leva a sério? Também prometemos fidelidade um com o outro, e olha só... Você me traí todas as noites, no mesmo teto em que moramos.

— Como você é dramática porra! — apertou as minhas bochechas com força e chutou a minha barriga fazendo com que eu deitasse no chão dessa vez.

Não, ele não economizava nos chutes, e não era apenas isso, ele começou a distribuir alguns socos também, era como se outra pessoa estivesse tomado conta do seu corpo, ele se transformava literalmente.

Cobri meu rosto com as mãos, mas ele as segurou deixando meu rosto amostra, eu apenas pedia a Deus que essa dor logo passasse, queria que ele me batesse tanto a ponto de eu morrer.

Sugar BabyOnde histórias criam vida. Descubra agora