Capítulo 134

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|Narração Ana Beatriz|

Deitada de bruços naquela cama, com o corpo suado e completamente desamparada, eu chorei de soluçar desejando não estar viva. Era uma dor que eu não queria que ninguém sentisse.

Jamais pensei que me sentiria assim um dia, pensei que minha vida seria perfeita ao lado do Luan, mal sabia eu que seria a minha ruína.

Eu tentava pensar que as coisas melhorariam, mas meus pensamentos positivos já estavam escassos, eu não sei qual seria a minha salvação, talvez fosse depois de três meses, quando finalmente o contrato completasse seu tempo determinado.

Limpei as lágrimas sentindo a ardência sobre as minhas nádegas, o sexo já não era mais prazeroso, não para mim, eu me sentia um lixo de pessoa toda vez que transávamos.

Mas o que eu poderia fazer? Eu estava presa a esse homem, eu o amava e acreditava que ele pudesse mudar, eu tinha esperanças.

No fundo eu sei que ele também me ama, eu sinto que ele tem medo de demonstrar, que sua postura de homem sério e frio não o deixa se entregar ao amor, mas vou mostrar que esse sentimento pode ser vivido comigo.

Por mais que o Barcelos me faça sofrer, eu não o desejo mal, eu quero ver ele bem, quero ver ele mudar, quero ver ele sendo um ser humano bom, e que não trata as pessoas mal como ele tem feito nos últimos meses.

Ouvi leves batidas na porta, fiquei surpresa e ao mesmo tempo confusa, quem estaria batendo na minha porta essas horas da madrugada?

Levantei com cautela e a pessoa insistia em bater, vesti o meu hobby e por fim abri a porta sendo surpreendida por Valeria ali.

— Boa noite, está tudo bem com você? — perguntou completamente sem jeito e eu arqueei uma sobrancelha sem entender.

— Porque está me perguntando isso? — cruzei os braços me apoiando na porta.

— Eu ouvi seu choro... Eu estava passando pelo seu quarto e ouvi. — deu de ombros.

— Impossível ouvir com a porta fechada. — suspirei desviando o meu olhar do seu.

— Barcelos pediu que eu viesse ver como você estava, ele disse que foi um pouco agressivo com você hoje. — passou por mim entrando no quarto.

— Como se ele se importasse comigo. — revirei os olhos fechando a porta.

— Olha... Eu não concordo com algumas atitudes dele, e nem a forma como ele trata essas garotas que ele trás aqui, mas vocês se submetem a isso por dinheiro, esse é o preço que pagam. — ela foi sincera.

Eu concordava com ela, de certa forma isso era um castigo por eu ser gananciosa demais, haviam outras formas de ganhar dinheiro, mas eu optei pela forma mais fácil e prática, esse foi o meu maior erro.

— Eu precisava de dinheiro, não pensei que eu fosse viver um pesadelo. — suspirei passando a mão pelos meus cabelos.

— Ainda precisa? Porque para aceitar tudo isso você tem que estar muito necessitada de dinheiro. — disse ela, indignada.

— Eu não tenho mais ninguém... — sentei na poltrona abaixando o meu olhar. — Minha mãe me odeia porque eu fui fruto de uma traição, nós brigamos por causa disso e agora ela não quer mais me ver na frente. Minha melhor amiga acha que eu estava dando em cima do namorado dela, e meu pai mora no Japão e nem liga pra mim. — cafunguei sentindo que as lágrimas tomariam conta de mim.

— O Barcelos é a única pessoa na sua vida no momento? — perguntou pausadamente.

— Sim... Ele me acolheu quando eu não tinha para onde ir, ele era gentil e amável comigo. Esse Barcelos de agora não é o mesmo que eu conheci, não mesmo. — nesse instante as lágrimas já tomavam conta de mim.

— Esse é o Barcelos de verdade Ana Beatriz, o Barcelos que você conheceu nunca existiu, foi tudo uma farsa para que você cedesse aos encantos dele, acredite, eu o conheço há anos, e ele nunca foi gentil e amável com ninguém. — ergui o meu olhar fitando aquela mulher em minha frente, ela não mentiria para mim essas coisas, por mais que ela não gostasse de mim.

— Eu não entendo... Eu sempre tratei ele bem, eu sempre fiz tudo o que ele quis, e nunca dei motivos pra ele me tratar dessa forma. — suspirei erguendo o meu olhar, eu não aguentava mais guardar isso para mim, estava doendo tanto.

— Você o ama... Agora eu entendo porque você ainda não foi embora. — torceu os lábios me encarando.

— Ir embora? Eu não posso... Não antes do contrato acabar. 

— Pode... Claro que pode. Você acha mesmo que as outras garotas aguentaram o Barcelos por seis meses? Elas sempre iam embora no primeiro mês, me admira muito você ainda estar aqui, mas agora eu entendi o motivo. — levantou da cama de aproximando de mim.

— Ele nunca me disse isso, ele até disse que haviam garotas que queriam repetir mais os seis meses. — olhei pra ela desacreditada daquilo.

— É mentira, ele não iria querer te assustar com essas coisas não é? Barcelos não é nem um pouco burro. — disse ela óbvia e eu assenti entendendo tudo.

— E porque você está me dizendo tudo isso? — franzi o nariz e ela se agachou em minha frente, pegando em minhas mãos.

— Você foi a única garota que eu vi que o amava, você foi a única que não me esnobou e não se achou a dona disso tudo, você realmente estava aqui por causa dele, e nem era mais a questão do dinheiro, eu sei. — suspirou acariciando as minhas mãos, e ela tinha razão.

Se fosse por causa do dinheiro eu já tinha ido embora a muito tempo, mas não era, o fato é que eu amo aquele homem, mesmo ele sendo esse monstro comigo.

— O dinheiro passou a ser o menos importante depois que eu me apaixonei... Eu fantasiei uma vida perfeita ao lado dele, eu me apaixonei por um Barcelos que eu inventei, e ele não existe. — cafunguei e as lágrimas grossas rolavam pelo meu rosto, eu nem tinha o controle sobre elas mais.

— Eu sei que você não confia em mim, que pode achar que estou sendo falsa, mas não estou... Vai embora depois dos seis meses, fica longe desse homem Ana Beatriz, ele não é para você! — disse ela sincera e eu assenti, ela tinha toda a razão.

— Eu vou... Claro que vou! — falei firme erguendo o meu olhar e limpando as lágrimas que eu meu rosto se derramavam.

Até que Valeria não era tão ruim assim, ela era uma pessoa boa, só tinha uma imagem errada de mim. Para ela eu era uma garota de programa que só queria o dinheiro do Barcelos, e realmente era isso de começo, eu só queria o seu dinheiro.

Quando me dei conta de que eu estava apaixonada, era tarde demais, eu tinha esperanças que esse sentimento pudesse ser recíproco, na realidade eu ainda tenho.

— Toma um banho e descansa, amanhã é um novo dia. — se levantou da cama sorrindo com cautela.

— Obrigada pela conversa Val, foi muito bom. — suspirei me levantando também.

A acompanhei até a porta e fiz o que ela aconselhou, tomei um banho e me deitei na cama para descansar. Ali naquele quarto sozinha, pedi baixinho para Deus tirar esse sofrimento de mim, eu só queria ser feliz uma vez na vida, só uma.

Sugar BabyOnde histórias criam vida. Descubra agora