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Meu corpo quase desmontou nos segundos seguintes, minha mente derreteu que nem um sorvete e meus pensamentos cessaram. Agora, que lentamente a loucura cessava em mim, eu ouvia o William se entregando ao prazer dele em seus últimos momentos e aquilo era totalmente incrível. Não quis provocar ele naquele momento, não por aquele motivo... não que eu tivesse condições pra tal, eu tava simplesmente apática. Ele me manteve no lugar, me segurando com os seus braços, até o momento que ele próprio perdeu as forças, depois de gozar.

Barbás saiu de mim e caiu na cama do meu lado. Levantei a cabeça, tentando forçar meus pulsos de novo. Caralho que porra?! Agora sim, eu me sentia muito, muito vulnerável naquela posição, totalmente ridícula com os braços amarrados nas costas... Arg. Levantei a cabeça uns segundos depois, soprando pra tirar os cabelos do meu rosto. Senti minhas bochechas ficarem vermelhas e quente... É, eu tava com vergonha agora. Puta que pariu, eu pensava pouco antes de fazer umas merdas assim, agora era sustentar. Nós dois, né?! Cacete, eu tava sem coragem até pra olhar pra ele.

Engoli em seco, tomando coragem pra virar meu rosto pro lado. Notei Barbás deitado de barriga pra cima, com um braço sobre o rosto. Pisquei, me sentindo meio melancólica... Deitei a cabeça no colchão, me lembrando de como nós éramos quando mais novos. Suspirei, lembrando das muitas noites que passamos juntos, muitas delas em situações horríveis. A gente foi caçado, machucado, agredido, traído, costumávamos nos preocupar até por onde nossa sombra passava, mas ainda sim encontrávamos felicidade um no outro. Como a gente tinha se perdido no caminho... Senti vontade de chorar. Agora que o frenesi do tesão tinha passado, uma realidade muito dura me esperava. Ele não se mexeu, eu muito menos. Fiquei olhando pra ele com olhos de nostalgia, olhando seu corpo, suas tatuagens, o seu rosto coberto pelo braço, lembrando quando ele costumava ser o meu Will.

Não sei quanto tempo se passou, mas eu fiquei quieta até ele tomar a iniciativa de se levantar e sentar na cama.

— Ei, me solta aqui. — Sussurrei pra ele, num fiapo de voz. Caralho, que clima péssimo... É, aquilo não devia ter acontecido. Onde eu tava com a cabeça quando achei que era uma boa ideia? Porra, eu tinha pensado com a xota mesmo.

Ele se levantou e começou a se vestir. Rolei na cama pra conseguir me levantar mesmo com os braços presos pra trás.

— William! Me solta aqui, cara. — Falei, mais incisiva dessa vez. Ele me olhou pelo canto dos olhos, enquanto abotoava a braguilha da sua bermuda. Barbás parou, me olhando de cima abaixo. Ele engoliu em seco e suspirou, se demorando na mancha roxa que começava a despontar do meio da minha coxa direita. Bom, eu marcava fácil, isso era por causa das plaquetas lá. William parecia cansado e inquieto, mas até então, eu não tinha ouvido sua voz.

— Vira. — Pediu num tom que, surpreendentemente, não era agressivo. Levantei e me virei de costas pra ele. Notei ele me analisando de novo, antes de mexer na amarra do meu pulso e soltar ela. Quando a pressão cessou, eu juntei meus braços na frente, massageando o lugar onde tinha ficado a cordinha antes. Notei, pela estampa, que era da bermuda dele. Que doidera...

Sentei na cama de novo e puxei o lençol da cama, me enrolando com eles. Me sentia meio desconfortável agora. Ele se foi sem dizer uma palavra e eu escorreguei pro colchão, me virando pro outro lado e me afundando no travesseiro. Eu ainda tava entorpecida pelo que tinha acontecido, meu corpo tava moído e com sono. Não queria pensar em nada daquilo agora...

[...]


Acordei no dia seguinte dolorida e me arrependi de ter ido dormir sem ter insistido pra tomar um banho. Fui até a porta tentar chamar a atenção da Madalena, quando notei que a porta estava aberta... O Barbás devia ter esquecido de trancar ontem quando saiu. É, ele devia estar fora da caixinha também. Que confusão do caralho.

Bom, as oportunidades que a vida dá, a gente não pode desperdiçar, né?! Coloquei minhas roupas de ontem no corpo, peguei uma muda nova e uma toalha, correndo pro banheiro como se minha vida dependesse disso. Entrei direto pro chuveiro, desesperada pra que a água levasse aquele cheiro de suor da minha pele... misturado ao cheiro dele. E cheiro de sexo. Caralho, que doideira. Eu tava sem reação, tipo... mesmo. Eu nem esperava que algo assim acontecesse, nem nos meus sonhos mais loucos eu podia imaginar. Enquanto a água morna aliviava os desconfortos que eu sentia, fui fazendo uma soma dos estragos que tinham acontecido por ali. Minha coxa tava marcada, minha bunda dolorida, eu tinha uns arranhões suspeitos no pulso, o espelho me ajudou a notar um chupão no pescoço... Isso só o que eu conseguia ver.

Quando eu parava pra me lembrar, nossa... Algo dentro de mim se contorcia. Tinha sido muito gostoso, que a verdade seja dita. Tantos anos depois e o nosso corpo ainda encaixava perfeitinho. Era incrível a sintonia, a ligação... O sexo com ele era diferente, tinha uma coisa sobre ele que me deixava doida e eu sabia que isso era bilateral entre nós dois.. Sempre tinha sido assim, desde o início, e, bom, isso o tempo não foi capaz de transformar, o que era o fato mais assustador sobre a noite de ontem. Nós tínhamos mudado. Eu e ele não éramos mais a mesma Nina e o mesmo William de anos atrás, que lutaram contra o mundo e terminaram casando na calada da noite. Mesmo assim, o sexo ainda era, talvez, a coisa com mais química e conexão que eu já tinha experimentado na vida.

Eu tava bem no caminho pra aceitação, até o momento em que eu coloquei a mão entre as minhas pernas pra me limpar e um acontecimento muito importante ficou muito claro pra mim. Pelas minhas pernas, escorria um líquido esbranquiçado... UM. LÍQUIDO. ESBRANQUIÇADO.

Ali... ah, ali o surto começou. Puta que pariu, ele tinha gozado dentro e, porra, sem camisinha. Sem nada! Pele na pele, no seco. Ah, mano. AH! Eu literalmente dei um grito quando me dei conta e tentei me lavar o mais rápido possível. Dentro do meu canal ainda tinha algum resquício de esperma, então, não adiantava. Eu literalmente fiquei meia hora me lavando ali pra me livrar daquilo, o resto do banho foi a jato, porque agora eu tinha mais uma coisa na qual me preocupar. Eu não tava tomando remédio, tava no meio do meu ciclo, a merda tava feita.

Coração em GuerraOnde histórias criam vida. Descubra agora