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[BARBÁS]
Maria Ísis ficou olhando a mãe dela se afastar e depois me olhou, querendo saber o que a gente ia fazer em seguir. Porra, namoral, me dava um desespero olhar pra ela assim. Ela me dava medo, irmão... e olha que eu não sinto medo de quase nada nessa vida. Nada me assusta, nada me faz dar pra trás, a não ser a menina que devia medir menos que um metro que tava na minha frente. Ela me deixava emotivo, eu ficava todo idiota perto dela... Eu não consegui fazer nada além de ficar olhando ela por um tempo. Tão bonitinha, puta que pariu.
Cara, ela parecia muito a Marina. Tipo, era quase como se tivessem batido uma cópia dela e, sei lá, metido uns traços meus no meio. Era lindo de ficar olhando, eu não aguentava não... ela fazia meu coração doer, porra. Era igual quando tinha nascido o Pedro, há anos que não me sentia daquele jeito. É foda como as coisas são, né?! Quem diria... Logo eu, babando atrás de uma criança, sem saber como reagir perto dela. Eu tinha meus vários defeitos, nunca fui santo, mas pra mim ser pai era um bagulho sério. Desde que eu tinha entendido que ela realmente existia, eu já sabia que ia amar ela de qualquer jeito que fosse.
— Pai? — Ela me chamou e eu não aguentei, irmão. Fiz uma careta, sentindo algum bagulho se apertar dentro de mim. Não aguentava mesmo, tipo, mesmo.
— Oi, amor. — Respondi, me inclinando pra frente, com os cotovelos nos joelhos, olhando pra ela.
— Eu quero comer mais chocolate. — Falou com os olhos brilhando. Ah, mano... se ela tivesse me pedido um carro ali, eu dava. Se tivesse me pedido uma tatuagem, eu chamava alguém pra vim fazer. Puta que pariu... que fofinha, porra.
— Bora lá, então. A gente pega pra levar pro seu quarto. — Propus, levantando e chamando ela pela mão. Maria Ísis veio pro meu lado e pegou na minha mão, puxando duas vezes pra baixo. Eu implorei pra todos os meus santos que ela não me pedisse um bagulho que fosse dar trabalho de conseguir. Ela levantou os braços pra mim.
— Minha mãe falou que eu tô pesada e ela não quer mais me levar no colo. — Falou emburrada. — Você é forte, pai, deixa eu subir nas suas costas que nem no filme da princesa?Eu ri da cara de puta que ela fez, quando falou da Nina e eu imaginei ela se recusando a levar ela nas costas por aí. Nem pensei em falar que não, só abaixei e chamei ela, que deu um pulinho animado e veio pular no meu pescoço por trás. Eu segurei as pernas dela perto da minha cintura e fui com ela assim pra cozinha, pegar os trecos que a Nina tinha derretido mais cedo.
Ela tava animada comigo e eu me senti bem com aquilo. Porra, mais que bem, eu me senti feliz. Maria foi rindo no meu ouvido e apertando as mãos no meu pescoço. Subi com ela pro quarto do 2° andar e coloquei ela na cama, junto com o pote de chocolate, que ela comeu com a colher até cansar. Irmão, puta que pariu, ela era tão linda... Porra.
— Pai, cadê minha mãe? — Eu ia morrer um pouco por dentro toda vez que ela me chamasse de pai, cara. Foda.
— Não sei não, deve estar tomando banho, Ísis. — Falei, sentado na cama dela, que deitou e se enrolou numa bolinha com os lençóis em cima dela. Ela me olhou com sono e eu levantei pra ir desligar as luzes, deixando só abajur do lado da cama ligado. Ela ficou quietinha na dela, me olhando, enquanto eu andava pelo quarto, olhando tudo.
Depois de um tempinho, ela se remexeu de novo, bocejando e abraçando os panos do lençol. Fiquei num cantinho observando o sono ir apagando ela.
— Quero minha mãe... — Reclamou de olhos fechados. Eu me aproximei uns passos dela, parando bem do lado da cama.
— Vou ver onde ela tá pra você, fechou? — Sussurrei pra ela que deu um sorrisinho e concordou com a cabeça. Fiz um carinho na cabeça dela e fui trancar a porta da varanda antes de sair do quarto.
Dei uma geral na casa, passei no primeiro andar, do lado de fora, abrindo todas as portas pra ver cadê ela. No final do corredor do 2° andar mesmo, no que devia ser o banheiro mais escondido da casa, estava a demônia. Pelo tempo que tinha passado, eu realmente não tava esperando que ela ainda tivesse tomando banho, mas era exatamente isso o que tava rolando. Abri a porta branca e, na mesma hora, bati o olho no corpo bronzeado mergulhado na banheira, no rosto, uma expressão feliz e relaxada.
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Coração em Guerra
Romanceㅤㅤ"Sou a morte, o diabo, o capeta, a careta que te assombra quando fecha o olho. Sou seu colete à prova de balas, seu ouvido à prova de falas... Eu vou tomar nosso mundo de volta." Djonga ㅤㅤㅤHá 5 anos ela foi acusada de trair o homem a quem ela amav...