Saí do banheiro, deixando as coisas no meu quarto e pensando num jeito de conseguir uma pílula do dia seguinte. Dei uma volta ali pela parte de trás e a cozinha procurando a Madalena, que podia me ajudar, mas não achei em lugar nenhum. Até gritei ela da cozinha. Sabia que eu tinha que ser mais discreta, já que eu tava fora do quarto, mas dessa vez, a culpa era 100% do Barbás. A cada hora que passava, a possibilidade da merda dar mais merda ainda crescia mais e mais. Caralho, nada podia chegar nem perto dos meus óvulos, nada! Eu já tava muito bem com uma fecundação, mais uma e eu ia acabar surtando e me jogando da ponte Rio-Niterói.
— Ai, para de gritar. — A menina mais nova que trabalhava ali veio até a cozinha. — Ela não tá hoje.
— Show. — Respondi, me sentindo extremamente puta por saber aquilo. Meu tempo tava contando, tic toc. — Licença.
— Pera ai, ô. Tu não devia estar lá atrás não? Saiu como? — Me interrogou com aquela cara de cu dela.
— A porta tava aberta, meu amor. Com licença? — Tentei passar e ela se colocou no meu caminho. Tá, eu não ia ficar ali dando satisfação da minha vida pra uma mina aleatória enquanto corria o risco de engravidar de novo. Ainda mais do William. Nem morta!
— Tu não pode sair não, filha. Vou ligar pro...
— Ai, porra, liga pra quem tu quiser. Me dá licença, cacete! — Puta que pariu, que insuportável essazinha. Ela me segurou quando eu tentei forçar a passagem e minha reação mais imediata foi girar o braço com o qual ela tinha me segurado pra trás das suas costas, num golpe. Ela gritou e eu passei uma banda nas duas pernas, só pra derrubá-la no chão. Dei as costas e fui pra porta da frente, onde uma movimentação dos seguranças da parte de fora já tinha começado pelos barulhos de dentro da casa... isso era o que eu achava, né?!
— Que que isso aí? — Um deles me perguntou.
— Escuta, eu preciso ir numa farmácia.
— Ih, mina, ô... melhor tu voltar pro teu canto lá que tu vai arrumar problema pra tu, viu? — Respondeu, cruzando os braços, claramente desconfortável.
— Oh, oh, liga pro Barbás aí. É urgente, porra. — Gesticulei com a mão e eles se entreolharam. Provavelmente tavam decidindo entre si quem ficaria com a tarefa. No final, nenhum dos dois quis ligar e eu achei que ia matar alguém.— Ele tá ocupado, po, vou ligar não que depois quem escuta sou eu, tá ligada? Tu não devia nem estar aqui, mina, volta lá que ele chega a noite e tu...
— Caralho! — Gritei, passando a mão no rosto, já me visualizando buchuda e tudo. Pelo amor de Deus... a vida nunca era light. Quando a merda acontecia, ela era bem feita... meio termo não dá. Já que eu dei pra quem não devia, porque não me tocar de que ele tinha gozado dentro e agora, 12h depois, me tocar desse fato, né? Quanto mais tempo passava, menos eficaz a PDS era e isso era desesperador. — Caralho, que porra. Eu vou cometer um crime de ódio aqui, cacete.
Um deles riu de mim e o outro bateu no braço dele, mantendo a postura.
— Tu ri, né?! Espero que tu engravide tua amante, valeu? — Praguejei, o que só fez ele rir mais ainda.
— Tá amarrado. — Me respondeu fazendo o sinal da cruz. — A minha de fé me mata.
Eu ia responder, quando ouvi um barulho na porta e o que tava rindo alinhou a postura rapidamente, apertando a mão de alguém como se nunca tivesse saído do lugar pra rir da minha cara.
— Nina? Caralho, que tu tá fazendo aqui? — Vi a Larissa pela primeira vez em algumas semanas. — Tava tentando ligar pra tu e...
— Foda, história é longa, mas eu tô no meio do meu caminho aqui. — Contei.
— Tá aqui há quanto tempo? — Perguntou, me olhando meio em choque. Eu tinha uns roxos pelo corpo e tentava disfarçar eles como deu. — Que que...
— Se eu te contar, tu não acredita, mas olha, eu preciso de ajuda. De mulher pra mulher. Ainda bem que tu tá aqui, obrigada Deus. — Juntei as mãos num sinal de reza. Túlio veio logo atrás com alguns subordinados deles lá. Olhei pra eles meio contrangida. TK me olhou mais esquisito ainda quando entrou.
— Ô Nina, o que...?
— Me leva numa farmácia? — Pedi pra eles.
— Que? Não. O Barbás me mata, porra. — Respondeu e eu fiz um sinal de calma com a mão. — Chega ai.
Chamei os dois num canto mais afastado ali, enquanto uma leva grande de gente tava do lado de fora.
— Não faz pergunta, por favor, só me escuta. Eu preciso de uma pílula do dia seguinte pra ontem. — Minhas bochechas ficaram quentes.
— Pílula do dia seguinte...? — Larissa quem perguntou, achando pedido estranho. — Tu tá resolvendo as coisas rápido, hein?! Já deu o chá de buceta, minha filha? — Ela perguntou com uma nota de deboche nas palavras. Aí eu fiquei vermelha de vez... como era difícil confessar um crime daqueles na frente deles. Logo eu, que era uma mulher adulta e bem resolvida. — Tava preocupada contigo e com a tua bebê, mas olha...
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Coração em Guerra
Romansaㅤㅤ"Sou a morte, o diabo, o capeta, a careta que te assombra quando fecha o olho. Sou seu colete à prova de balas, seu ouvido à prova de falas... Eu vou tomar nosso mundo de volta." Djonga ㅤㅤㅤHá 5 anos ela foi acusada de trair o homem a quem ela amav...