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[WILLIAM] 


Eu tava fora de mim. A raiva tava subindo pra minha cabeça e eu queria socar a cara de algum fodido até minha mão ficar toda vermelha. Não tava bem não, eu tava fora de controle e isso que era o mais foda. Tava um pouco bêbado também e isso só contribuía pra eu não conseguir focar no caralho do meu autocontrole. 

— Achou? — Perguntei pro Túlio. Tinha chamado ele diretamente pra achar vagabunda da Marina. Não tinha ninguém que eu confiava mais que ele. 

— Não vi ela na concentração não. Deve ter vazado. 

— E o doutorzinho? — Perguntei, já agoniado querendo saber se ele tava com ela. 

— Não vi também. Fui lá onde ele tá hospedado e não tá lá não, quarto vazio. Deve estar com ela. — Túlio mandou na lata. Eu reagi dando um socão na mesa e derrubando metade das garrafas que tavam ali em cima. O pessoal olhou pra mim, assustados. 

Levantei da mesa e chamei a Larissa pra vir junto. Eu, ela, Túlio e todos os meus 8 seguranças vieram atrás. Desci possuído até a primeiro andar e eu saí pro concentração do baile soltando fumaça. Meus seguranças quiserem até ficar dos lados pra mandar abrirem espaço pra eu passar, mas nem precisou, só de ver a minha cara, o povo já se tocou que era pra vazar da frente. Eu ia atrás dela agora. Se ela achava que podia sumir ali dentro, ela tava enganada. Aquela era a porra da minha favela. Eu já tinha mandado um cado de homem ir espreitar pela Rocinha pra achar ela. Perguntar pra gente na encolha, ficar na patrulha, dar um jeito de ter alguma informação dela. Eu não ia aceitar perder ela ali. Não ia. 

Ainda mais com ela com aquele puto do doutorzinho. A hora que eu pegasse aquele escroto, não ia sobrar nada dele, eu tava muito puto. E ia sobrar muito menos da Nina. Ela tinha me tirado do sério de um jeito que ninguém tinha conseguido até hoje. Eu dava até os créditos pra ela, porque me deixar do jeito que eu tava... até hoje só ela. 

Fui pegar minha moto no galpão onde a gente deixava guardada, perto da concentração do baile, pra correr atrás daquela vagabunda. Eu sabia que ela tava fazendo isso pra se vingar de mim. Pra fazer eu pagar por ter a porra da vida que eu tinha, a Marina fazia eu passar ódio. A verdade é que eu e ela 'távamos brincando com fogo, eu dei a porra do mole de levar a Jéssica pra casa sem saber que ela tava lá e ela resolveu que queria jogar com a minha cara também. O pior é que eu tinha entrado na onda dela. Eu tinha resolvido jogar com ela e agora eu só faltava rasgar alguém de tanta raiva. 

Não passou pela minha cabeça que eu ia arregar bem mais cedo que ela. Caralho, eu não me liguei que eu ia odiar ver aquela puta com outro homem. O bagulho simplesmente não tinha descido pela minha garganta. Nem bebendo e fumando desceu. Sei lá, irmão, quando eu menos esperei o negócio subiu pela minha cabeça, eu simplesmente não aguentei ficar lá e ver ela jogando pra ele na minha frente. Podia ter 30 mulher do meu lado e não ia mudar nada, eu não conseguia tirar os olhos dela. Era um feitiço que ela tinha sobre mim, só podia ser. 

Só que ela também não aguentou. Marina veio arrumar treta com as minas que tavam comigo e fodeu o humor das duas, que já não tava dos melhores porque minha atenção pra elas tava 0 naquela noite. Depois de tudo isso, ela ainda me sumia com o doutorzinho quando ninguém tava olhando. Era ou não era pra me deixar possuído? 

— Barbás, ela parou pra beber lá na 2. — Falou o Túlio, recebendo mensagem no celular. — Mas já meteu o pé. 

Fui atrás dos bares onde ela tinha ido e tinham me confirmado que ela tava mesmo com um maluco loiro, a porra do Doutorzinho. 

— Mas sabe o que que é, seu Barbás? Eles ficaram aqui umas duas horas, ficaram dançando com a gente aqui, até que a menina começou a chorar muito aqui na rua aqui. — Começei a trocar uma ideia com o dono do Bar e a mulher dele. — Ai depois ele veio, pagou e eles saíram por aí cambaleando. Não tavam puro não, viu? 

— Mas ela tava com ele? De casal? — Perguntei, querendo saber que destino eu ia dar ao merda do doutorzinho. 

— Não vi beijando não, mas ele ficaram dançando aqui de casal, né não, Vanessa? — Ele cotovelou a mulher dele. 

Agradeci a ajuda e saí dali com mais cara de cu ainda. Já ia dar 5h da manhã e nada dela. O sol ia nascer e eu nessa peleja, enquanto devia estar descarregando o estresse da semana no baile. ...até que veio um maluco de moto falar com a gente, assim que viu a gente saindo do bar. 

— Bom dia aí, seu Barbás. Vocês tão procurando uma moreninha de vestido preto né? E um russinho de blusa branca? — Perguntou ele com muita cautela. 

— É isso aí. — Olhei pra ele, esperando que não fosse só vontade de fofoca, pelo bem dele mesmo. 

— Eu levei eles lá naquele campinho antigo de terra, lá na Laborieux. — Explicou e eu fiz um sinal com a mão pros parceiro esperarem, quando ele falou. 

— Tu que levou? 

— Eu que levei, sim senhor, mas eu não tenho nada a ver não, seu Barbás. Eles só me pagaram pra levar, e como eu tenho família eu aceitei. Tô falando pro senhor porque não quero problema pra mim. — Ele se adiantou em falar. Apertei o ombro dele e mandei um dos seguranças dar um agrado pro cara.

— Laborieux que tu falou, né? — Perguntei, já subindo na minha moto. 

— É lá mermo. — Confirmou. 

— Show. Bora. — Mandei pra tropa que tava comigo e eu já saí cantando pneu sabendo exatamente pra onde tava indo. 

Coração em GuerraOnde histórias criam vida. Descubra agora