Ser nova na cidade já é uma coisa extremamente difícil. Se mudar, deixar amigos e família, deixar sua história para trás é difícil. Entretando, não foi isso que aconteceu com Sn. Longe disso.
Ela nunca se importou em ser trocada de cidade, de missão, ou de país. Nunca se importou com o fato não ter uma raiz no chão, não ter uma herança, uma família ou sequer amigos. Ela nunca se importou em ser torturada, nunca se importou em puxar o gatilho, esfaquear, envenenar.
Sn sequer sabia que existia um sentimento que permitia se importar. Nunca pensou existir uma culpa, uma consciência em si.
Afinal, ser a querida de Dreykov não permitia isso.
Sn era a favorita dele, talvez por ela ter sido criada dentro da sala vermelha, desde sua fertilização, tendo seu DNA modificado para ser uma arma, ter habilidades que nenhuma outra viúva tinha, ser um gênio e ao mesmo tempo, poder ser manipulada tão facilmente com simples hormônios, ou coleiras de choque em seu pescoço.
Ser o braço direito de Dreykov tinha suas vantagens, ela tinha um quarto próprio, tinha a opção de escolher suas comidas (quando não estava de "castigo" óbvio), entretanto, as desvantagens eram muito maiores. Ser obrigada a fazer tudo o que seu mestre a mandava, ser feita de fantoche, ser usada para fazer coisas terríveis e não poder sequer ter seus sentimentos para sentir a culpa de seus atos. Ser torturada, ser quebrada e reconstruída de novo e de novo.
Sn não sabia o que era sentir culpa, até Yellena a forçar abrir seus olhos e ver a realidade que estava. Ver que tudo o que fazia era errado, ver o que faziam com ela era horrível. Ver que você na verdade é o monstro que as crianças sentem medo.
- что происходит? (O que está acontecendo?) - foi a primeira coisa que falou assim que a névoa vermelha se dissipou de seu rosto.
- eu te liberei... Precisamos sair daqui. Agora. - Yellena respondeu sem tempo para explicações.Entretanto, sua mente não era sua, afinal, nunca havia sido realmente um "eu" próprio. Nunca havia sido uma pessoa única. Ela sempre obedeceu ordens, e sempre que não fazia o que era mandado, ela aceitava seus castigos, sejam eles torturas físicas, como ficar sem comer dias, ser espancada por outras viúvas, ser usada por homens sádicos, ou torturas mentais, onde fritavam seu cérebro até que não pudesse pensar em nada, até que não tivesse mais o controle de nada que fazia, fosse apenas um robô.
Ela nunca soube o que era viver por si, nunca aprendeu o que era ser uma pessoa comum. Por isso, Yellena optou em deixar Sn sob os cuidados de Natasha, afinal, quem melhor saberia cuidar de uma pessoa que quebrada do que outra pessoa quebrada?
Assim ela ficou ali, no complexo, cheio de demais pessoas, todas com suas falhas, todas com suas pequenas rachaduras, todas querendo fazer o melhor para o mundo. Talvez Sn ficasse bem ali.
Porém, Sn se mostrava ser um caso mais complicado do que se pensavam.
A mulher não ousavam falar uma palavra, mesmo quando Natasha dirigia a palavra para ela. Sn não comia, não dormia ou sequer se movia. Todos no complexo se preocupavam com a situação da mulher, era como se ela estivesse se deixando morrer, numa terrível e horrível morte.
No entanto, um dos moradores ali, não iria deixar isso acontecer. Bucky sabia a história de Sn, sabia como era não fazer ideia do que fazer com sua vida depois de ser libertado. Ele sabia como era não saber quem si próprio é. E Bucky não podia deixar Sn se perder antes de descobrir quem ela era.
Era mais uma noite no complexo, hoje seria a terceira noite de Sn ali. O terceiro dia em que ela não havia comido, ou bebido algo, terceira noite onde ela não iria dormir. Terceira noite onde ela apenas sentava a mesa, olhava seu prato de comida e ficava de cabeça baixa, não mexendo um único músculo. Mas agora, Bucky tinha um plano.
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IMAGINES ALEATÓRIOS PARTE III
FanfictionContinuação do primeiro, segundo e terceiro livro! Esse livro se trata de fanfics escritas por mim sobre diversos personagens. Tais histórias podem conter conteúdos adultos. Histórias com gatilhos mais pesados serão advertidas no começo no capítulo...