Killian Jones 1.2

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Killian sentiu sua cabeça doer antes mesmo de abrir seus olhos. A princípio ele achou que tinha acordado apenas de ressaca, afinal, as noites de um pirata sempre se tornavam manhãs de ressaca. Mas não podia ser aquilo, já que seu colchão não era tão duro como onde estava, era como se ele tivesse deitado sobre pedras.

E então, ele se lembrou. Seu avistamento de uma sereia, sua tentativa tola de tentar alcançar a criatura, apesar de conhecer bem as lendas e o que aconteciam com aqueles que tinham o mesmo pensamento que ele. Centenas de milhares de corpos piratas repousavam nas areias no fundo do oceano, sempre contando a mesma história de como as sereias eram as culpadas. Mas como uma criatura mortal poderia ter lábios de gosto tão doce e delicioso como ela tinha? Seu toque tão carinhoso e quente como aquela criatura tinha? Se elas eram criaturas tão horrendas e cruéis, porque  lhe deu o beijo da vida? Por que lhe poupar de seu destino tolo de se deitar aos lados de centenas de homens que caíram nos braços das sereias no oceano?

Killian finalmente abriu seus olhos, tendo total certeza que não estava em seu navio. O teto de pedra só era iluminado pelas pequenas larvas comedoras de criaturas ainda menores, que lhe davam a magia de produzir a luz azulada e bela que iluminava seu ambiente. O barulho de gotas de água pingando no chão da caverna ecoava pelas paredes, dando a sensação de que o lugar não tinha fim. O som das águas fortes do mar podiam ser ouvidas, Killian tinha certeza que a tempestade ainda acontecia, que os mares ainda estavam turbulentos e tenebrosos demais para se arriscar.

Ele se virou para o lado, vendo aquele ser místico deitado no mesmo chão de pedra que ele estava. Seus lábios soltaram o ar que ele não percebeu que segurava, seus olhos hipnotizados na beleza dela, seu belo rosto repousando sobre seus próprios braços, seus cabelos quase totalmente secos não eram afetados pela água salgada do mar, dando um brilho e sedosidade que fazia Killian segurar sua própria mão para não toca-los. Suas sobrancelhas se juntando sutilmente em seu cenho, seus olhos se movendo sob sua pálpebra, seus cílios beijando suas bochechas, era quase como se estivesse sonhando. Seus doces lábios estavam entre abertos, respirando fundo, fazendo seus seios nus subir e descer lentamente. Killian se ajeitou melhor nas pedras, se sentando totalmente de frente para ela, seus pensamentos tentando entender por quê ela não tinha ido embora, e então, ele teve sua resposta. Onde deveria estar sua cauda, estavam duas bela pernas, e em uma delas, um corte, não muito profundo e também, não muito superficial. Nada que ele precisasse se preocupar naquele instante, talvez apenas desinfetar com algo e garantir que não sujasse. Entretanto, não foi somente o corte que chamou a atenção dele, e sim, o fato de sua cauda ter desaparecido de seu corpo, deixando para trás as escamas de cores holográficas no chão da caverna.

Ele não podia conter sua mão, tocando desde seu tornozelo, subindo seus dedos de pontas calosas pela pele macia e e quente dela. As escamas que ainda estavam sobre ela, caiam assim que Killian as tocava, não estando mais presas em seu próprio corpo. Seus dedos somente pararam quando se aproximaram do corte na lateral de sua perna, sentindo o sangue seco criar cascas grossas e vermelhas escuras em sua pele macia.

Os olhos da sereia imediatamente se abriram, seu corpo reagiu ao toque do homem, seu instinto fez com que ela pulasse sobre ele, prendendo ele contra o chão de pedra. Suas mãos não eram mais carinhosas, e sim, fortes o suficiente para que o pirata não conseguisse se mover. Sua boca se abriu soltando um chiado por entre suas presas afiadas, que, normalmente ficavam sob sua gengiva, mas quando era ameaçada, elas cumpriam o papel de deixar a doce e bela criatura, um verdadeiro monstro dos sete mares.

Killian, todavia, com certeza não via a mulher como um monstro. Por mais que estivesse totalmente a mercê dela, aquelas presas afiadas próximas de seu rosto, suas mãos delicadas prendendo ele imóvel do chão, deixando seu coração disparado, não por medo. Seus olhos ainda estavam hipnotizados na criatura, por mais que estivesse prestes a ataca-lo, Killian não conseguia deixar de sorrir para a criatura, sua beleza parecia afetar diretamente o coração dele, o deixando totalmente tolo.

IMAGINES ALEATÓRIOS PARTE IIIOnde histórias criam vida. Descubra agora