Loki Laufeyson 7

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Sn já não aguentava mais. Todos os dias, ela era passada por cima. Seja em sua própria casa, com sua vizinha de cima jogando o lixo pela janela, sujando seu precioso e pequeno jardim, ou fazendo barulhos até a madrugada todos os dias; em seu trabalho, quando não somente Bethany roubava sua vaga na garagem, vaga na qual tinha uma enorme placa com seu nome, ou quando ela tomava o crédito por suas ideias e sugestões, até mesmo comendo sua comida na geladeira; ou em sua família, que parecia não respeitar o mínimo de seus desejos ou limites.

Em todas as situações, Sn era passada por cima. Ignorada e feita de chacota. Não havia um momento sequer que algum deles a respeitavam, e ouviam suas reclamações.

E infelizmente, Sn era tímida e ansiosa demais para dizer algo. Sempre acabando por ouvir aquela vozinha em sua cabeça, que a mandava ficar quieta para não piorar as coisas. Sempre.

Mas tudo chega ao seu fim. E a paciência de Sn não era diferente.

Depois de uma semana exaustiva, com Bethany recebendo a promoção que foi prometida à ela há meses atrás, seu carro sendo vandalizado por estar fora do estacionamento protegido (graças ao carro de Bethany em sua vaga), tudo o que ela queria era chegar em casa fechar seus olhos e fingir que nada tinha acontecido. Mas assim que Sn se deitou na cama, sua vizinha ligou seu maldito som, alto o suficiente para os retratos na parede da mulher tremerem.

Aquilo foi o basta. Ela estava exausta e não conseguia mais aguentar o fato de ser passada por cima, ignorada e feita de boba todos os dias de sua vida. Ela precisava revidar, precisava conseguir sair de sua casca e ser um toque a mais de maldosa e travêssa.

Sn jogou suas cobertas para longe, andando pela casa escura, se ajoelhando em frente ao seu pequeno altar, reservado em um canto de seu apartamento, decorado com a perfeição para agradar aos deuses que cultuava, incensos dispostos para todas as ocasiões, velas prontas para se acender, ervas e cristais para limpar todas as más energias. Tudo o que ela precisava estava ali, e claro, em seu grimório também.

Ela sabia exatamente para quem deveria pedir ajuda, um Deus específico que, com o sacrifício certo, iria trazer a malícia que Sn buscava.

Folheando rápido seu precioso grimório, parando somente quando viu o nome do Deus em grandes letras pretas, toda a história dele estava ali, inclusive seus avisos para em nenhuma hipótese chamar por ele, muito menos, conjurar e implorar por sua ajuda.

Loki era um Deus poderoso, porém, cruel. Travesso, malicioso e brincalhão são adjetivos que sempre acompanhavam seu nome. Ela sabia que Loki era um Deus ambíguo, tanto ajudava quando atrapalhava aquele que lhe pediam ajuda, mas qual outra opção teria?

Sn sabia que tudo o que fizesse, voltaria a ela três vezes, a grande lei da magia, lei tríplice. Tudo o que vai, volta três vezes. Entretanto, parecia que essa lei não funcionava consigo mesma, apesar de sempre fazer o bem, nada de bom voltava pra si. Então, ela resolveu arriscar.

Sn começou a se preparar para invoca-lo, primeiro, e sempre importante, realizar o círculo sagrado, parece complicado, mas é apenas um círculo de sal feito no chão. Depois, ela queimou a ponta do incenso, o cheiro de sedução queimando no ar deixando a energia clara e forte, afinal, Loki também era bem conhecido por sua sedução, aquilo com certeza iria agrada-lo. Em seguida, ela pegou as velas com as cores características do Deus, verdes e pretas, acendo em torno do círculo de proteção, formando cinco chamas alaranjadas na escuridão do apartamento na noite. Sn foi para sua cozinha, pegando um pequeno copo e colocando o hidromel, a bebida favorita de Loki, assim como diversos outros deuses nórdicos, a colocando bem no centro do círculo. Com sua faca sagrada, Sn se ajoelhou em frente ao círculo, seu grimório ao seu lado, permitindo que ela lesse a invocação:

IMAGINES ALEATÓRIOS PARTE IIIOnde histórias criam vida. Descubra agora