IMAGINES ALEATÓRIOS PARTE III

Killian Jones 2.2

- se-senhorita? Está acordada? - a voz trêmula soou por trás da grande porta de madeira maciça, a mulher que estava encolhida sobre a cama do Capitão, ergueu sua cabeça em direção à porta, esperando que aquele homem continuasse a falar. - e-eu vou entrar... P-por favor não me bata... - ele falou com um óbvio medo e receio em sua voz. Sn se sentou na cama, pegando o candelabro ainda sujo com o sangue daquele outro homem, ficando pronta para se defender. Entretanto, ao invés de entrar um homem alto e forte, como o tal Killian, entrou um senhor de cabelos grisalhos, com uma touca vermelha tentando esconder eles. O senhor tinha as bochechas rosadas, e seus doces olhos tinham uma expressão de medo, ela podia ouvir o som da prata do talheres baterem contra a bandeja que carregava, já que suas mãos tremiam em pavor. Ela não entendia como ele estava com medo dela, afinal, Sn era quem havia sido raptada, ou era o que pensava. - o Capitão me mandou trazer sua comida... Ele... Ele mesmo quem fez... Pela primeira vez em muitos anos, não vemos o Capitão cozinhar... Você deve ser especial para ele. - o homem disse colocando a bandeja sobre a mesa ao lado da cama, Sn podia sentir o cheiro delicioso de uma boa comida preparada especialmente para ela.
- como posso ser especial para ele, se nem o conheço? - ela murmurou abaixando o candelabro de suas mãos, e olhando para o senhor em sua frente. Ele suspirou antes de tirar seu gorro vermelho de sua cabeça, torcendo ele em suas mãos, ele parecia que queria dizer algo, mas foi interrompido por um grito alto e grosso:
- SMEE! - a voz grossa e alta fez os dois pularem no lugar, o senhor derrubando seu gorro no chão, rapidamente o pegando antes de correr para fora dali, deixando Sn mais uma vez sozinha.
- e-estou indo Capitão! - foi a única coisa que Sn ouviu, antes do bater da porta, e claro, seu trinco sendo fechado.

Ela suspirou levando suas mãos para seus olhos cheios de lágrimas, seu rosto estava inchado de tanto que já havia chorado. Ela sentia o pavor de estar ali, presa num lugar desconhecido, ainda sem entender como tudo aquilo sequer estava acontecendo. Sn pensava em como havia chegado naquele lugar, eles poderiam ter sequestrado ela, mas por qual motivo? Ela sequer tinha algum dinheiro em seu banco, ou algo de valor... E se ela tivesse sido raptada, eles não deveriam ligar para alguém e pedir resgate? Não era assim que funcionava? Mas... Eles sequer tinham celular? Afinal, o lugar que estava não parecia ser seu mundo.

Talvez ela estivesse presa num pesadelo... Mas pesadelos têm sensações tão reais assim? O cheiro da madeira do navio, o salgado do mar nos ventos que vinham pela grande janela da cabine, os barulhos do navio quebrando as ondas com a força do vento, o cheiro agradável das roupas estranhas que vestia, a sensação de conforto do colchão onde estava... Se fosse um pesadelo, ela teria tais sensações? Ou até mesmo, ela estava sonâmbula e acabou no meio do mar...  Claro, isso não explicaria como o navio tinha um estilo totalmente vintage, nada ali parecia sequer ser desse século, ou como aquele homem sabia seu nome, ou até mesmo, como ela nadou tão longe assim sendo que nunca sequer aprendeu a nadar?!

Infelizmente, nada do que pensava fazia sentido o suficiente para estar ali. Tudo parecia ridículo, e nada real... Mas também, estar ali parecia nada real, algo completamente impossível.

Sn sentiu seu estômago roncar alto, claro, ela havia ido dormir sem comer e... Sabe-se lá quando tempo estava ali, já que ela se lembra bem de ir dormir com o céu escuro, e acordar com o sol refletindo na água salgada do oceano frio.

Ela suspirou antes de pegar a bandeja prateada e colocando em seu colo, tirando o cloche, também de prata, e sorrindo quando sentiu o cheiro da comida em seu nariz. Temperos de diversos tipos se complementavam na mais perfeita ordem, ingredientes frescos, como um delicioso peixe, feito na mais perfeita temperatura. Logo no primeiro bocado que ela deu, Sn já sentiu seus olhos revirarem com o mais perfeito sabor, continuando a devorar tudo, em questão de segundos, se podia ver o fundo do prato novamente.