Finnick Odair

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- mãe... Por favor não faça isso! Eu não quero! Mãe... Pai! Por favor não! Pai!Mãe! - Sn gritou incontrolavelmente enquanto seus pais a arrastavam pelo corredor daquele lugar extremamente conhecido por toda a Capital. Onde os Queridinhos da Capital faziam seu trabalho, em troca? Favores.
- minha filha já chega! - sua mãe falou prestes a entrar no quarto. - olha só como você se porta! Você vem de uma família poderosa, e acha que pode se comportar assim?! - ela falava num tom odioso e que doía profundamente no coração da jovem mulher.
- eu não fiz nada! - ela se defendeu.
- exatamente! Você não tem confiança alguma! Não atrai olhares! Olha suas roupas! Estamos fartos disso! Você precisa saber que temos uma reputação aqui, e precisamos manter ela... Nem que isso signifique que sue pai tenha que contar alguns segredos! - sua mãe falou de forma grossa e humilhante. - você vai entrar naquela porta, e o Ganhador vai estar esperando por você. Faça o que tem que fazer. - sua mãe ordenou, dando as costas e saindo dali, junto com seu pai, que estava calado a todo instante.

Odiava saber que dividia o mesmo sangue que aquelas pessoas, afinal, eles não podiam ser chamados de família. Tudo o que faziam, quem apoiavam, o pensavam sobre os outros, o forçavam a própria filha a fazer... Aquilo não podia ser uma família. Mas infelizmente, era tudo o que tinha.

Ela não viu outra opção, a não ser abrir a porta e entrar naquele enorme quarto. Era tudo extremamente belo, o ar tinha cheiro de rosas, com um tom salgado, como se estivesse cheirando um buquê em frente ao mar. As paredes ao redor eram as perfeitas imagens de uma praia, a mais bela que já havia visto, havia um grande sofá branco, com almofadas em tons de azul que constrastavam com o azul do mar. No centro do quarto, havia uma grande cama de casal, toda feita na intuição de parecer um bangalô no meio da areia da praia.

A mulher nunca se sentiu tão desconfortável quanto aquele momento, seu estômago parecia que ia sair para fora, suas mãos suavam e suas pernas tremiam em medo. Pela primeira vez na vida, desejou que estivesse entrando na arena, e não naquele quarto.

Seu pânico somente aumentou quando viu o Ganhador aparecer de uma porta, totalmente nú. Já havia visto o corpo dele em diversos programas da televisão, afinal, ele era um objeto para a Capital, todos comercializavam sobre ele, principalmente, o Presidente. Entretanto, agora podia vê-lo pessoalmente, era ainda mais assustador sabendo o que estava sendo obrigada a fazer.

- você está bem? - ele perguntou se aproximando, entretanto, seu corpo imediatamente paralisou quando te viu girar e começar a tentar abrir a porta desesperadamente. Finnick podia ouvir seu choro, ele via o pânico em seu corpo. - hey... Está tudo bem... - ele falou tentando se aproximar, mas só parecia piorar tudo.
- não! Não por favor! Eu não quero isso! Por favor! - Sn chorou enquanto batia contra a porta, implorando pra que alguém a abrisse do lado de fora. - por favor! - chorou mais uma vez, antes de suas pernas trêmulas cederem, te deixando cair no chão. Finnick imediatamente correu em sua direção, com um olhar preocupado em seus olhos, vendo sua "cliente" ter um pleno ataque de pânico bem em sua frente.

Finnick imediatamente pegou um dos cobertores da cama, cobrindo seu corpo antes de se aproximar da mulher que chorava escondida entre seus joelhos. Ele lentamente andou até ela, se ajoelhando em sua frente, com a maior calma possível, antes de dizer.

- me dê suas mãos. - seu tom era calmo, porém ao mesmo tempo, era uma demanda, na qual, a mulher não conseguiu não cumprir. - agora olhe pra mim. - ele continuou no mesmo tom, vendo ela erguer os olhos, mas nunca o olhando, ao invés, focando em qualquer ponto do quarto. - olha pra mim. - Finnick falou dando um pequeno aperto nas mãos da mulher, antes de seus polegares começarem a fazer um carinho cuidadoso. Dessa vez, ela virou seus olhos para ele, se focando não em seus cabelos ondulados e da cor dourados escurecidos, muito menos em seu colar de pedrarias escuras e azuladas, ou em seu grande e largo tronco musculoso ainda a mostras, já que a coberta só cobria de sua cintura para baixo. Mas sim, em seus magníficos olhos, que constrastavam perfeitamente com as imagens dos oceanos que pintavam as paredes. - ótimo... - Pela primeira vez, Finnick pode realmente olhar para ela, suas roupas não eram como todos os outros se vestiam ali, não haviam grandes chamativos, e a forma que ela se portava definitivamente não era como a de ninguém na Capital, não era esnobe ou convencida. Ele poderia dizer isso somente de olhar nos olhos daquela bela mulher, mesmo que estavam cobertos de lágrimas. - agora... Copie minha respiração... - ele continuou, puxando o ar fundo pelo seu nariz, e assoprando pela sua boca, vendo a mulher lutar contra seu próprio corpo para conseguir simplesmente respirar. Finnick viu como ela parecia se desesperar mais por não conseguir respirar, fazendo ele se sentar em sua frente, puxar suas pernas até que ela estivesse praticamente em seu colo. - está tudo bem... Vamos tentar de novo, puxa o ar pelo nariz, e assopra pela boca... Como... Como se estivesse cheirando uma flor e assoprando uma vela. - ele sugeriu, movendo suas mãos para o topo de suas coxas, num toque que não era para ser tão íntimo como ela sentiu. - muito bem... De novo. - ele pediu no mesmo tom, calmo porém, de demanda. - qual seu nome? - ele finalmente perguntou.

Finnick sabia que seus "clientes" não costumavam revelar seus nomes, ao menos, a maioria não. Entretanto, algo lhe dizia que ela não era como a maioria de seus clientes.

- S-Sn... - ela falou enquanto ainda fazia as respirações que ele mandou.
- eu diria que é um prazer lhe conhecer, mas algo me diz que você não pensa o mesmo... - Finnick falou com um pequeno sorriso no canto de sua boca, vendo a mulher abaixar sua cabeça como se tentasse fugir da conversa, mas ele não permitiu. Seus dedos foram para o queixo dela, erguendo sua cabeça forçando que ela o olhasse de novo. - você também não está aqui por que quer não é? - ele perguntou mesmo já sabendo a resposta. Sn o olhou surpresa pela sua fala, não esperando que ele simplesmente confessasse daquela forma. - por que está aqui? - ele perguntou agora querendo saber a resposta.
- meus pais... Eles... Eles querem que eu seja como eles... Como todos daqui. - Sn falou deixando mais algumas lágrimas caírem.
- acho que não somos os únicos prisioneiros da Capital... - Finnick murmurou falando sobre os ganhadores. - eles te obrigaram a entrar aqui? - ele perguntou vendo ela concordar com a cabeça.
- minha família é... Próxima do Presidente... E... Imagem é tudo não é? - ela falou com uma pequena risada dolorosa. Finnick claramente sabia disso.

Ali ele entendeu o quão seria era aquela situação. Sn não era como qualquer cliente. Não... Ela era próxima do Presidente, e por isso tudo mudava drasticamente.

Por isso que todos os clientes de Finnick sumiram, ele achou que talvez fosse um presente, talvez a Capital finalmente havia deixado de ver ele como um objeto de desejo, um prostituto renomado que não ganhava nada além de desgosto e segredos horrendos. Mas não... Nada de presentes, aquilo era mais um inferno na vida dele. Presidente Snow era quem comandava o inferno que vivia.

Entretanto, Finnick não conseguia sentir repulsa ao olhar pra Sn. Muito pelo contrário, ele sentia a empatia de ver alguém tão preso como ele. Claro, em infernos totalmente diferentes, mais ainda sim, com o mesmo presidente comandando tudo.

- do que gosta de comer? - ele mudou totalmente o assunto, vendo ela mudar completamente o olhar. - por que podemos pedir qualquer coisa que quiser... - ele falou se erguendo do chão, e estendendo a mão em direção a mulher, que o olhou confusa mais aceitou. Finnick andou com a mão da mulher sobre a sua até a cama, sentindo como só de estar perto do móvel já fazia o corpo dela tremer. - quer saber um segredo? - ele perguntou com um sorriso de canto de boca, enquanto se sentava no colchão macio, vendo ela fazer o mesmo, com claro desconforto no ato. - ninguém sabe o que acontece dentro dessas paredes... Nem mesmo, Presidente Snow. - Finnick piscou em direção a mulher que o olhou confusa sobre o que ele dizia.
- o que quer dizer? - ela perguntou então.
- quero dizer... Ninguém precisa saber o que acontece entre essas paredes. Não precisamos fazer absolutamente nada... Se você se sentir desconfortável, nunca faremos nada. - Finnick falou pegando a mão da mulher e levando para seus lábios, deixando um pequeno beijo em seu dorso. - se bem conheço Snow, eu somente verei você agora... Então, quero fazer com que isso seja o menos... Traumático para você possível. Quero que se sinta confortável ao meu lado... Então, saiba que eu não vou tocar em você, a não ser que você implore por... - ele falou sorrindo e piscando para a mulher, vendo o arrepio correr em sua pele.

E pela primeira vez em anos de prisioneiro na Capital, Finnick sentiu seu coração bater um pouco mais forte enquanto seus olhos estavam maravilhados pela doce mulher em sua frente.

- então... O que quer fazer? Temos tempo para matar... - ele falou num tom um pouco mais humorado, vendo Sn suspirar e olhar em volta, buscando um passatempo.
- podemos ver algo na televisão... - ela sugeriu se levantando e andando até o sofá, se sentando em uma das pontas, vendo Finnick se sentar na ponta oposta, respeitando o que havia dito antes.

Finnick nunca viu alguém dormir tão rápido quando a mulher, sequer haviam visto cinco minutos dos programas da Capital, quando ela já estava dormindo pesadamente. Ele se levantou do sofá, apagando as luzes e pegando o outro cobertor da cama, jogando sobre o corpo dela, enquanto se sentava ao seu lado, numa distância adequada, óbvio. O homem cruzou seus braços contra ele mesmo, fechando seus olhos e sentindo seu corpo relaxando numa sensação tão doméstica e calma, coisa que não tinha faziam anos.

Entretanto, aquele sono calmo e tranquilo foi interrompido quando sentiu o movimento no acochoado do sofá. Graças aos jogos, Finnick sempre estava alerta, até mesmo, quando ele só queria descansar. Entretanto, ele não se moveu, sentindo os movimentos no acolchoado se movimentar até que, Finnick sentisse a cabeça da mulher apoiar em seu ombro, voltando a dormir pesadamente, e trazendo a paz de volta para Finnick.

IMAGINES ALEATÓRIOS PARTE IIIOnde histórias criam vida. Descubra agora