Eddie Munson 21

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1982

Wayne já havia saído para o trabalho, quando um apagão tomou Hawkins.

Eddie odiava e amava apagões ao mesmo tempo. Ele amava conseguir ver as estrelas no céu, amava o quanto silencioso o parque dos trailers ficava... Ele odiava ficar sozinho nos apagões. Odiava como as sombras pareciam ficarem maiores a cada vez que ele olhava, odiava que seu cérebro sempre gritava que ele estava em perigo.

Então, ele foi para o único lugar não iria sentir medo, que não iria odiar ficar sozinho, o teto de sua casa.

Ele levou consigo um pacote de salgadinhos, sua lanterna, e somente isso.

O jovem ficou observando as estrelas por horas e horas. Ele amava ver os desenhos das constelações no céu. Amava ver as estrelas cintilando no vácuo profundo do universo. A forma que elas poderiam carregar bilhares de vidas ao céu redor, mas ninguém nunca poderia ter certeza disso.

Entretanto, a atenção das estrelas no céu foi totalmente tirada quando Eddie ouviu o som de cachorros raivosos correndo na mata ao lado de sua casa.

O jovem imediatamente apitou sua lanterna para a direção dos sons, mas não conseguia ver absolutamente nada.

Ele ouviu os cachorros rosnando sem parar, ouviu homens gritarem antes de simplesmente ficarem quietos.

Não faz isso... É burrice...
É exatamente assim que as pessoas morrem nos filmes de terror!

Ele falava pra si mesmo enquanto descia do teto de seu trailer, andando em direção a mata, agarrando com a lanterna e sua coragem.

Eddie a princípio não achou nada. Estava tudo escuro demais, ele não via muita coisa, mesmo com a lanterna em mãos.

Entretanto, uma coisa chamou a atenção dele, um rastro vermelho escuro que seguia até dois corpos sem vida. Eddie gritou aos plenos pulmões vendo aquilo, a forma que os ossos de seus pescoços estavam para fora, o jeito que os olhos sangravam, suas bocas pareciam estar quebradas, como se mesmo mortos, eles gritassem.

Eddie se virou para fugir dali, entretanto, ele trombou contra a árvore, ou ao mesmo é o que ele pensou que era. Sua lanterna caiu de suas mãos, iluminando somente a terra e as folhas secas sobre o solo.

Eddie se abaixou para pegar, mas antes que alcançasse, a lanterna começou a levantar no ar. O jovem assustados e em pânico gritou de novo, mas dessa vez, seu berro foi barrado por uma mão fria e trêmula.

O jovem viu a luz da lanterna virar no ar, mostrando o rosto de quem estava ali com ele.

Era uma adolescente. Ela parecia ter a mesma idade que ele, talvez um ou dois anos mais nova. Seus cabelos estavam raspados, ele podia ver o sangue escorrendo de seu nariz, de seus olhos, e de suas orelhas, pingando na camisola hospitalar que usava. A menina tinha seus olhos cheios de lágrimas, Eddie podia ver hematomas em toda sua pele, como se ela tivesse sido espancada.

A jovem ergueu um de seus dedos e colocou contra seus próprios lábios, implorando pra ele ficar quieto.

Eddie ouvia seu próprio coração batendo em sua orelha, quando viu a lanterna ser amassada  e quebrada por forças que ele não via. Ele quis gritar, mas assim que olhou para a jovem de novo, notou as luzes de mais lanternas mais ao fundo da floresta. Estavam procurando por ela.  

- vamos lá! Ela não pode ter ido longe! - um homem falou, e imediatamente aquela mulher na frente de Eddie se encolheu, tremendo apavorada em ser levada. - saia de onde estiver, 08! Vamos! Papa não vai ficar bravo com você... Eu prometo! - ele gritou entre as árvores.

IMAGINES ALEATÓRIOS PARTE IIIOnde histórias criam vida. Descubra agora