Eddie Munson 26.2

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- Eu não dou a mínima para que horas são! Deixa de ser bundao e vem pra cá! AGORA HENDERSON! - a voz dele parecia estar debaixo a água, mas, Sn ainda sim podia sentir o pavor e raiva em seu tom.
- Eddie...? - falou se erguendo em seus cotovelos, procurando o homem pelo trailer, mas estava difícil já que toda sua visão estava turva. Ela se lembra de ter desmaiado, mas não se lembra de estar com uma cadeira segurando suas pernas no ar.
- VEM PRA CÁ AGORA, BUNDÃO!- ele gritou uma última vez pelo walkie talkie, antes de deixar o aparelho no balcão, pegar um copo com água e jogar açúcar nele, andando para seu lado. - Aqui... Bebe, é água com açúcar. Vai te ajudar a se acalmar. - ele falou num tom mais calmo, se ajoelhando ao seu lado, dando um apoio em sua cabeça para que não esgasgasse.
- Não foi um pesadelo... - ela murmurou olhando ao redor, sentindo a água doce tocar sua língua. Ela queria tanto que fosse um simples pesadelo, que ela acordaria logo no conforto de sua casa, e tudo estaria perfeitamente bem.
- Infelizmente não. Mas eu vou te ajudar, ok? Por incrível que pareça, isso já aconteceu antes. - falou tirando a cadeira das pernas da mulher e deixando que ela se sentasse.
- Jura?! Alguém do futuro já atravessou pelo inferno e veio parar aqui? Isso já aconteceu antes?! - perguntou num tom surpresa e semi irritada, já que era óbvio que nunca tinha acontecido algo assim.
- Bom, não. Mas
- Então como você vai me ajudar?! Eu só quero voltar pra casa! Quero tomar banho e deitar na minha cama, e fingir que tudo isso foi um pesadelo! - resmungou a beira das lágrimas. Seus braços se passaram pelos seus joelhos, apoiando sua cabeça ali, tentando controlar seu desespero.

Como aquilo poderia estar acontecendo? Haviam histórias sobre sua cidade ser amaldiçoada, mas nunca achous era tão verdade assim. Desde criança ouvia os rumores daquele lugar, o grande terremoto, as crianças mortas por um psicopata, sobre monstros que se escondiam na floresta.

Sempre julgou que todos tinham uma explicação, terremotos podiam ser comuns em certos lugares, afinal, a crosta da terra se movia a todo momento, as placas tectônicas estavam sempre em contato uma a outra, terremotos não eram sobrenaturais. Toda cidade já teve histórias sobre algum louco que matou alguém, Hawkins tinha Jason, que assassinou três jovens e deixou uma, muito ferida, se não lhe falha a memória, a única sobrevivente se chamava Max. E sobre os monstros, poderia ser simplesmente um urso, ou quem sabe, lobos famintos. Nada de sobrenatural.

Entretanto, agora, Sn não sabe mais se essas explicações são reais. Ela tinha certeza que os monstros que viu eram de fato monstros. Tinha certeza que atravessou o inferno.

- Eu não sei. Mas não significa que não vamos te ajudar. Que eu não vou te ajudar. - Eddie respondeu.
- Por que? Eu pareço louca! Eu te falo que acabei de passar pelo inferno, literalmente. Falo que vi monstros e você sequer reage! Aí meu deus... Eu sou louca. - seu tom era rodeado de desespero. Seus olhos deixavam lágrimas gordas caírem, suas mãos tremiam e ela tinha certeza que poderia desmaiar de novo. Ela só queria voltar para casa, para os braços protetores e carinhosos de seus pais.
- Você não é louca... Só teve o azar de estar no lugar errado na hora errada.
- Lugar errado?! Eu estava em casa! No meu quarto!
- Eu sei, eu sei... Olha... Confia em mim quando digo que você não está louca. - Eddie falou tentando se manter calmo. Eles achavam que tudo tinha acabado, que o mundo invertido não existia mais, que aqueles monstros morreram junto com Vecna, mas talvez, eles estavam errados. - Quando eu disse que isso já aconteceu antes, eu digo que... Pessoas indo parar naquele lugar, no inferno como você diz, não é tão incomum assim. - falou se sentando ao lado dela no chão, limpando suas lágrimas e pegando suas mãos trêmulas contra as dele. - Hawkins é um lugar estranho pra caralho, essa cidade foi com certeza amaldiçoada. Existe um lugar, que é a cópia daqui, nos chamamos de Mundo Invertido, onde o céu é vermelho com raios fortes quebrando as nuvens pretas, tem raízes escuras para todos os lugares que você olha, as florestas são podres e mortas, o ar fede a podridão, com poeiras grandes e tóxicas voando por todo lado. As únicas coisas que sobrevivem lá, são esses monstros. Cães que abrem a cabeça, morcegos enormes com dentes afiados e demoníacos
- Como você sabe de tudo isso? - perguntou olhando os olhos dele, percebendo como mudou sua emoção. Não parecia que ele lhe contava uma história, e sim, uma lembrança.
- Eu já estive lá. - Eddie respondeu com um pequeno sorriso, ele queria continuar mantendo a calma, continuar parecendo que tudo estaria bem, que logo ela iria voltar para sua vida normal, mas a verdade era que nunca voltaria ao normal. O Mundo Invertido ainda assombra ele até hoje, ele ainda tem pesadelos com os morcegos rasgando sua pele, ainda tem medo de lugares escuros. Suas vidas jamais voltariam ao normal. - Essas cicatrizes... Eu fui atacado pelos morcegos demoníacos. Se não fosse pelos meus amigos, teria morrido lá. - falou mostrando seu pescoço cicatrizado, erguendo sua camiseta e mostrando a lateral de seu abdômen totalmente cicatrizada. Ela podia como a pele dele parecia ter sido dilacerada, como se realmente tivesse sido atacado por um animal selvagem, ou um monstro. Seus olhos podiam ver que haviam tatuagens com pedaços faltando, e até mesmo, um dos mamilos do homem já não exista mais. - Você não é louca, Sn. E a gente vai te ajudar. Ok? - as lágrimas dela não corriam mais, apesar dela ainda carregar um grande pânico em seu peito, ela confiou nas palavras dele. - Até que a cavalaria chegue, que tal você ir tomar um banho, tirar essas pijamas e colocar uma roupa limpa? Depois a gente vai cuidar do machucados no meu pé, ok? - a voz dele era num tom tão cuidadoso que Sn sentia como se estava num abraço.
- Ok. - respondeu aceitando a ajuda dele para se erguer, deixando que Eddie a guiasse mais afundo no trailer.
- O banheiro é aqui, pode usar qualquer produto que estiver dentro do box. Tem toalhas limpas no armário debaixo da pia. Pode colocar seus pijamas na cesta de roupas sujas atrás da porta, que depois a gente coloca na máquina. Eu vou separar alguma roupa para você usar usar depois que sair dai, ok? - explicou ainda num tom dócil, como se ela fosse um animal assustado que ele tentava se aproximar.

IMAGINES ALEATÓRIOS PARTE IIIOnde histórias criam vida. Descubra agora