Dean Winchester 43.2

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Dean havia mudado depois daquela noite. Estava mais irritado, não conseguia dormir direito, somente fechava os olhos quando já estava bêbado além da conta, pulava as refeições e passava quase todo o tempo "consertando" o precioso Impala, somente para ele desmontar seu motor e ter que remontá-lo tudo de novo. 

- Como ele está? - Sam perguntou assim que chegou na casa de Bobby, as compras do mercado ainda em mão. 

- Somente hoje, ele montou e desmontou aquele maldito motor mais vezes que podia contar. - Bobby respondeu suspirando e saindo da janela por onde olhava Dean. 

- Eu não sei o que aconteceu. Um dia estávamos dormindo e quando acordei... Ele estava assim. - Sam suspirou igual a figura paterna. Foi ele quem sugeriu uma pausa nas caçadas, somente por causa de sua preocupação com o mais velho, afinal, Dean nunca foi muito responsável com sua própria segurança, Bobby temia que Dean iria se ferir propositalmente, por isso, mandou Sam o trazer para casa. 

- Ao menos ele tomou banho hoje cedo. Já é alguma coisa. - Bobby murmurou. 

- Acha que eu deveria ir falar com ele? - Sam perguntou preocupado pelo seu irmão. Mas Bobby negou com a cabeça, dando o ultimo gole em sua cerveja antes de colocar a garrafa sobre a mesa, se virando para o mais novo. 

- Não, eu vou. - falou antes de abrir a porta da cozinha para ter acesso aos fundos da casa, onde Dean estava com a Baby. 

Ele estava apoiado sobre o capô aberto do Impala, o pano sujo de graxa estava em seu bolso, Bobby somente conseguia ver que ele segurava algo estre seu dedos, parecia ser um anel delicado, com certeza algo que Dean jamais usou ou comprou. Entretanto, a expressão que ele tinha era puramente melancólica. Era como se aquele misterioso anel pertencesse alguém que partiu, alguém que Dean amou. O que não fazia o mínimo do sentido. Mesmo assim, haviam lágrimas presas nos cílios do homem, seus olhos somente traziam a dor e agonia. O que somente preocupava ainda mais Bobby. 

- Sam acabou de chegar do mercado... Por que não entra um pouco? Come alguma coisa? - Bobby não deixou de notar que Dean praticamente pulou no mesmo lugar ao ouvir a voz dele, guardando o anel em seu bolso e ainda passando sua mão em seu rosto para limpar as lágrimas dali. - Tenho certeza que o motor pode esperar alguns minutos... 

- Não estou com fome. - Dean respondeu sem sequer olhar para o mais velho. 

- Qual é Dean!? Você está aqui há horas! Precisa comer algo. - Bobby falou com um tom levemente irritado, somente para esconder seu tom preocupado. 

- Eu não estou com fome, Bobby. - respondeu novamente, enviando a cabeça no capô do carro e se focando no motor. 

- Já chega, garoto! O que quer que tenha acontecido, você precisa lidar com isso! Você não come, não dorme, se entope de bebida até cair no meio do pátio! - Dean ignorou a fala do mais velho, continuando a trabalhar no motor. Entretanto, Bobby não deixou isso acontecer, pegando no ombro do jovem e o forçando a se virar para ele. - Nós só estamos tentando cuidar de você, mas se quer ficar aqui fora vinte e quatro horas seguidas? Ótimo! Quer morrer de fome? Ótimo! Mas o mínimo que eu te peço é uma explicação, Dean! Eu cuidei de você, o mínimo que mereço é uma merda de explicação! - Bobby gritou num misto de raiva e preocupação. 

- Eu não sei, Bobby!!! - Dean gritou numa agonia, dando as costas para Bobby enquanto ele jogava sua ferramenta no carrinho de metal, fazendo o maior barulho possível. 

- Como assim, não sabe? - questionou o mais velho, confuso com o que ele ouviu.

- Eu não sei, Bobby...- suspirou num pesar. Ele ainda não tinha se virado para o mais velho, mas mesmo assim, Bobby sabia que lágrimas caíram dos olhos de Dean.  - Eu... Eu não sei. - suspirou fungando o nariz e se virando para o mais velho, pegando o anel em suas mãos e o olhando a delicada joia em sua palma. - Eu sinto que eu perdi alguém... Eu sinto que perdi o amor da minha vida, Bobby... E eu nem a conheci. - soltou uma risada como se fosse uma piada cruel, rindo em meio a lágrimas. Era a primeira vez que Dean falou aquilo em voz alta, primeira vez que assumiu que sua perda era real. 

IMAGINES ALEATÓRIOS PARTE IIIOnde histórias criam vida. Descubra agora